Raimundo Lúlio (
Llull é uma das figuras mais
fascinantes e avançadas dos campos espiritual,
teológico e
literário
da Idade
Média.
Foi um leigo próximo aos franciscanos.
Talvez tenha pertencido à Ordem Terceira dos Frades Menores.
Foi discípulo do renomado médico, alquimista e astrólogo
Arnaldo de Vilanova. Era conhecido em seu tempo
pelos apelidos de Arabicus Christianus (árabe cristiano), Doctor
Inspiratus (Doutor Inspirado) ou Doctor Illuminatus (Doutor
Iluminado), embora não seja um dos 33 Doutores
da Igreja Católica.
Dedicou-se ao apostolado entre os muçulmanos.
Além de ser o primeiro autor a
utilizar uma língua neolatina para expressar conhecimentos
filosóficos, científicos e técnicos, destacou-se por uma aguda percepção que o
permitiu antecipar muitos conceitos e descobrimentos. Lúlio foi o criador do
catalão literário, possuindo um elevado domínio da língua
e tendo sido seu primeiro novelista.
Em alguns de seus trabalhos, propôs
métodos de escolha que foram redescobertos, séculos mais tarde, por Condorcet (séc.
XVIII).
Influiu em Nikolaus
von Kues, Giovanni Pico della Mirandola, Francisco Ximenes de Cisneros, Heinrich Kornelius Agrippa
von Nettesheim, Giordano Bruno, Gottfried Wilhelm Leibniz, John Dee e Jacques Lefèvre D'Etaples[1].
História
Obras
- Livro da Ordem de Cavalaria (c.1274-1276)[7]
- O Livro do Amigo e do Amado[10]
- Vida Cetânea (1311)[11]
- O Livro da Lamentação da Filosofia (1311)[12]
- Do Nascimento do Menino Jesus[13]
- O Livro do Gentio e dos Três Sábios (1274-1276)
- O Livro dos Mil Provérbios
- Félix, Ou o Livro das Maravilhas
- Escritos Antiaverroitas (1309-1311)
Citações
Adoro o Menino abençoado, Deus e homem, a sua divindade, a sua humanidade e todo o bem que há nele, já que a ele toda adoração objetiva e, finalmente, deve ser endereçada. Adoro nele a soberana bondade, a soberana grandeza e todas as demais qualidades incriadas; e, sendo ele homem, adoro também essas mesmas qualidades tal como foram criadas; e como todas as coisas foram feitas por ele, adoro o seu entendimento, e a sua boa vontade adoro, e qualquer outra ação sua; e a ele ofereço toda a minha inteligência, todo o meu poder e todo o meu agir, e, se mais pudesse, mais diria para a sua glória e a sua honra. Adoro o Menino que há de sofrer a paixão, há de ser sepultado e há de ressuscitar no terceiro dia, e com toda a glória dele adoro também a bem-aventurada Virgem sua sacratíssima Mãe.”
Referências
Ligações externas
Nasceu em Palma
de Maiorca, pouco tempo após a conquista de Maiorca pelo rei dom Jaime I de Aragão. Não se sabe a data exata do
seu nascimento, mas calcula-se que ocorreu entre fins de 1232 e começos de
1233. Ramon era filho de uma família de boa situação financeira: seus eram pais
Ramon Amat Llull e Isabel d'Erill.
Segundo Umberto
Eco, o lugar do nascimento foi determinante para Llull, pois Maiorca era
uma encruzilhada, na época, das três culturas: cristã, islâmica e judaica,
até o ponto de que a maior parte de suas 280 obras conhecidas terem sido
escritas inicialmente em árabe
e catalão[2].
Casou-se com 22 anos com Blanca
Picany, da qual teve dois filhos: Domingos e Madalena. Mais tarde, em 1262,
tornou-se terciário franciscano. Em 1275, depois de uma experiência mística, da
qual saiu com o duplo propósito de preparar-se para o magistério e para dedicar-se
à conversão dos infiéis e em vista das insistentes queixas de sua esposa,
abandonou definitivamente a família.[3]
De família cristã, Lúlio conviveu com muçulmanos
e judeus em Maiorca.
Converteu-se definitivamente ao cristianismo
em 1263 - ano da
famosa Disputa de Barcelona entre
o rabino Mosé ben Nahman de Girona, notável teólogo
judeu, e o dominicano Pau Cristià, um judeu
convertido. Nessa disputa, foi utilizado o procedimento de partir das
argumentações do livro revelado do opositor. A partir dessa época, os apologetas
cristãos passaram a estudar em profundidade os textos islâmicos e judeus.
Mas Lúlio seguiu uma outra vertente.
Em seu diálogo inter-religioso, motivado pela tentativa missionária
de conversão
do "infiel", preferia partir do que chamava de "razões
necessárias". É o que desenvolve, por exemplo,
Posteriormente, criaria uma forma de
argumentação baseada na automatização do pensamento. Por volta de 1275, ele concebeu um
método, publicado pela primeira vez, na sua totalidade, em Ars generalis
ultima ou Ars magna ("Grande Arte"), de 1305). Tal método
resultava da combinação de atributos religiosos e filosóficos selecionados de
várias listas. Acredita-se que, para escrever essa obra, Lúlio se tenha
inspirado em um dispositivo denominado zairja,
usado pelos astrólogos árabes.
Uma das suas preocupações foi a ética cristã e
o ideal cavaleiresco que o levou a escrever o Livro
da Ordem de Cavalaria[4].
Escreveu mais de duzentas e cinquenta
obras em catalão, árabe e latim[5][6].
“Natal
1.
Instituto
Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio, Studies
2.
ECO, U. La búsqueda de la
lengua perfecta. Barcelona: Editorial Crítica, 1994. p. 55
3.
ZILLES, U. Fé e Razão no Pensamento Medieval.
Porto Alegre: EdiPUCRS, 1993. p. 106ss
5.
Instituto
Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio, Studies
6.
Catálogo
cronológico das obras de Ramon Llull (Anthony Bonner)
7.
Tradução: Ricardo da
Costa, 1998-2017
9.
Tradução da
Sociedade das Ciências Antigas
11.
Tradução: Luísa
Costa Gomes
12.
Tradução: Brasília
Bernardete Rosson
14.
LLULL, R. Do nascimento do Menino Jesus, Escritos
antiaverroístas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. p. 64
·
Instituto
Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio
·
Textos traduzidos
de Ramon Llull. Coordenação: Prof. Dr. Ricardo da Costa
·
FERRATER MORA, J. Diccionario de Filosofía. "Llull,
Ramon"
(em castelhano)
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