quinta-feira, 20 de maio de 2021

RAIMUNDO LÚLIO (1235 - 1315)

Raimundo Lúlio (em catalão Ramon Llull; em espanhol, Raimundo Lulio; em latim, Raimundus ou Raymundus Lullus; em árabe, رامون لیول ) foi o mais importante escritor, filósofo, poeta, missionário e teólogo da língua catalã. Foi um prolífico autor também em árabe e latim, bem como em langue d'oc (occitano). É beato da Igreja Católica.

 

Llull é uma das figuras mais fascinantes e avançadas dos campos espiritual, teológico e literário da Idade Média.

 

Foi um leigo próximo aos franciscanos. Talvez tenha pertencido à Ordem Terceira dos Frades Menores. Foi discípulo do renomado médico, alquimista e astrólogo Arnaldo de Vilanova. Era conhecido em seu tempo pelos apelidos de Arabicus Christianus (árabe cristiano), Doctor Inspiratus (Doutor Inspirado) ou Doctor Illuminatus (Doutor Iluminado), embora não seja um dos 33 Doutores da Igreja Católica.

Dedicou-se ao apostolado entre os muçulmanos.

 

Além de ser o primeiro autor a utilizar uma língua neolatina para expressar conhecimentos filosóficos, científicos e técnicos, destacou-se por uma aguda percepção que o permitiu antecipar muitos conceitos e descobrimentos. Lúlio foi o criador do catalão literário, possuindo um elevado domínio da língua e tendo sido seu primeiro novelista.

 

Em alguns de seus trabalhos, propôs métodos de escolha que foram redescobertos, séculos mais tarde, por Condorcet (séc. XVIII).

Influiu em Nikolaus von Kues, Giovanni Pico della Mirandola, Francisco Ximenes de Cisneros, Heinrich Kornelius Agrippa von Nettesheim, Giordano Bruno, Gottfried Wilhelm Leibniz, John Dee e Jacques Lefèvre D'Etaples[1].

 

História
Obras

  • Livro da Ordem de Cavalaria (c.1274-1276)[7]
  • O Livro das Bestas (c. 1289-1294)[8][9]
  • O Livro do Amigo e do Amado[10]
  • Vida Cetânea (1311)[11]
  • O Livro da Lamentação da Filosofia (1311)[12]
  • Do Nascimento do Menino Jesus[13]
  • O Livro do Gentio e dos Três Sábios (1274-1276)
  • Félix, Ou o Livro das Maravilhas
 
Citações
Adoro o Menino abençoado, Deus e homem, a sua divindade, a sua humanidade e todo o bem que há nele, já que a ele toda adoração objetiva e, finalmente, deve ser endereçada. Adoro nele a soberana bondade, a soberana grandeza e todas as demais qualidades incriadas; e, sendo ele homem, adoro também essas mesmas qualidades tal como foram criadas; e como todas as coisas foram feitas por ele, adoro o seu entendimento, e a sua boa vontade adoro, e qualquer outra ação sua; e a ele ofereço toda a minha inteligência, todo o meu poder e todo o meu agir, e, se mais pudesse, mais diria para a sua glória e a sua honra. Adoro o Menino que há de sofrer a paixão, há de ser sepultado e há de ressuscitar no terceiro dia, e com toda a glória dele adoro também a bem-aventurada Virgem sua sacratíssima Mãe.”
Referências
 
Ligações externas

 

Nasceu em Palma de Maiorca, pouco tempo após a conquista de Maiorca pelo rei dom Jaime I de Aragão. Não se sabe a data exata do seu nascimento, mas calcula-se que ocorreu entre fins de 1232 e começos de 1233. Ramon era filho de uma família de boa situação financeira: seus eram pais Ramon Amat Llull e Isabel d'Erill.

Segundo Umberto Eco, o lugar do nascimento foi determinante para Llull, pois Maiorca era uma encruzilhada, na época, das três culturas: cristã, islâmica e judaica, até o ponto de que a maior parte de suas 280 obras conhecidas terem sido escritas inicialmente em árabe e catalão[2].

 

Casou-se com 22 anos com Blanca Picany, da qual teve dois filhos: Domingos e Madalena. Mais tarde, em 1262, tornou-se terciário franciscano. Em 1275, depois de uma experiência mística, da qual saiu com o duplo propósito de preparar-se para o magistério e para dedicar-se à conversão dos infiéis e em vista das insistentes queixas de sua esposa, abandonou definitivamente a família.[3]

 

De família cristã, Lúlio conviveu com muçulmanos e judeus em Maiorca. Converteu-se definitivamente ao cristianismo em 1263 - ano da famosa Disputa de Barcelona entre o rabino Mosé ben Nahman de Girona, notável teólogo judeu, e o dominicano Pau Cristià, um judeu convertido. Nessa disputa, foi utilizado o procedimento de partir das argumentações do livro revelado do opositor. A partir dessa época, os apologetas cristãos passaram a estudar em profundidade os textos islâmicos e judeus.

 

Mas Lúlio seguiu uma outra vertente. Em seu diálogo inter-religioso, motivado pela tentativa missionária de conversão do "infiel", preferia partir do que chamava de "razões necessárias". É o que desenvolve, por exemplo, em O Livro do Gentio e dos Três Sábios (1274-1276).

 

Posteriormente, criaria uma forma de argumentação baseada na automatização do pensamento. Por volta de 1275, ele concebeu um método, publicado pela primeira vez, na sua totalidade, em Ars generalis ultima ou Ars magna ("Grande Arte"), de 1305). Tal método resultava da combinação de atributos religiosos e filosóficos selecionados de várias listas. Acredita-se que, para escrever essa obra, Lúlio se tenha inspirado em um dispositivo denominado zairja, usado pelos astrólogos árabes.

 

Uma das suas preocupações foi a ética cristã e o ideal cavaleiresco que o levou a escrever o Livro da Ordem de Cavalaria[4].

 

 

Escreveu mais de duzentas e cinquenta obras em catalão, árabe e latim[5][6].

 

Natal

 

1.      Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio, Studies

2.      ECO, U. La búsqueda de la lengua perfecta. Barcelona: Editorial Crítica, 1994. p. 55

3.      ZILLES, U. Fé e Razão no Pensamento Medieval. Porto Alegre: EdiPUCRS, 1993. p. 106ss

4.      Ramon Llull e o Livro da Ordem de Cavalaria: retomada de conceitos, valores, ideais e virtudes da cavalaria cristã no séc. XIII, Paula Carolina Teixeira Marroni - GTSEAM - PPE/UEM - CAPES

5.      Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio, Studies

6.      Catálogo cronológico das obras de Ramon Llull (Anthony Bonner)

7.      Tradução: Ricardo da Costa, 1998-2017

8.      Traduzido do Catalão por Cláudio Giordano, revisão técnica de Esteve Jaulent; editado pela Editora Giordano em co-edição com a Loyola

9.      Tradução da Sociedade das Ciências Antigas

10.    Tradução: Esteve Jaulent

11.    Tradução: Luísa Costa Gomes

12.    Tradução: Brasília Bernardete Rosson

13.    Versão de Mossèn Llorenç Riber, Revisão e notas de Miquel Batllori, S. I., Tradução de Sérgio Alcides e Ronald Polito Mariana, 1997

14.    LLULL, R. Do nascimento do Menino Jesus, Escritos antiaverroístas. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2001. p. 64

·        Institut Ramon Llull

·        Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência Raimundo Lúlio

·        Textos traduzidos de Ramon Llull. Coordenação: Prof. Dr. Ricardo da Costa

·        A ética cristã e o ideal cavaleiresco no Livro da Ordem de Cavalaria de Raimundo Lúlio, por Bruno Pimenta Starling.

·        A cavalaria perfeita e as virtudes do bom cavaleiro no Livro da Ordem de Cavalaria (1275), de Ramon Llull, por Ricardo da Costa, (o texto foi traduzido para o espanhol in: FIDORA, A. e HIGUERA, J. G. (eds.) Ramon Llull caballero de la fe. Cuadernos de Anuário Filosófico - Série de Pensamiento Español. Pamplona: Universidad de Navarra, 2001, p. 13-40).

·        As funções sociais e políticas do bom cavaleiro no Livro da Ordem de Cavalaria (c. 1279-1283) de Ramon Llull (1232-1316), Danielle Werneck Nunes e Ricardo da Costa, Mirabilia 5, Jun-Dez 2005

·        O Ideal de Cavalaria Medieval d’O Livro da Ordem de Cavalaria, de Raimundo Lúlio, n’Os Lusíadas, de Luís de Camões, por Robson Rafael Nascimento, Teoliteraria, v. 6, n. 12 (2016)

·        O mundo da cavalaria do séc. XIII na concepção de Ramon Llull, por Adriana Zierer & Bianca Trindade Messias, Roda da Fortuna. Revista Eletrônica sobre Antiguidade e Medievo, Volume 2, Número 2, pp. 128-154, 2013

·        A Távola Redonda e a Nova Cavalaria de Raimundo Lúlio, por Ademir Luiz da Silva, Revista Mosaico, v. 6, n. 2, p. 213-220, jul./dez. 2013

·        Raimundo Lúlio - Educador das Religiões, por Alexander Fidora, J. W. Goethe-Universität Frankfurt am Main, Instituto Brasileiro de Filosofia e Ciência «Raimundo Lúlio», São Paulo

·        FERRATER MORA, J. Diccionario de Filosofía. "Llull, Ramon" (em castelhano)

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