Tomás de
Aquino,
Ele foi o mais
importante proponente clássico da teologia
natural e o pai do tomismo. Sua influência no pensamento ocidental é
considerável e muito da filosofia
moderna foi concebida como desenvolvimento ou oposição de suas ideias, particularmente
na ética, lei
natural, metafísica e teoria política. Ao contrário de muitas correntes
da Igreja na época[5],
Tomás abraçou as ideias de Aristóteles
- a quem ele se referia como "o Filósofo" - e tentou sintetizar a filosofia
aristotélica com os princípios do cristianismo.
As obras mais conhecidas de Tomás são a "Suma
Teológica" (em latim: Summa
Theologiae ) e a
"Suma contra os Gentios"
(Summa contra Gentiles). Seus comentários sobre as Escrituras
e sobre Aristóteles também são parte importante de seu corpus
literário. Além disso, Tomás se distingue por seus hinos
eucarísticos, que ainda hoje fazem parte da liturgia da
Igreja[6].
Tomás é venerado
como santo pela Igreja Católica e é tido como o professor modelo
para os que estudam para o sacerdócio
por ter atingido a expressão máxima tanto da razão natural
quanto da teologia
especulativa. O estudo de suas obras há muito tempo tem sido o cerne do
programa de estudos obrigatórios para os que buscam as ordens sagradas (como padres e diáconos) e
também para os que se dedicam à formação religiosa em disciplinas como
filosofia católica, teologia, história, liturgia e direito canônico[7].
Tomás foi também proclamado Doutor
da Igreja por Pio V em 1568. Sobre ele, declarou Bento
XV:
Esta
ordem [dominicana]... ganhou novo lustre quando a Igreja declarou os
ensinamentos de Tomás como seus próprios e este Doutor, honrado por elogios
especiais dos pontífices, o mestre e
patrono das escolas católicas. — Fausto
appetente die, Papa Bento XV[8].
Biografia
· Primeiros anos (1225-1244)
Tomás nasceu em Roccasecca,
no condado de Aquino
do Reino da Sicília (atualmente na região do Lácio, na Itália) por
volta de 1225. De acordo com alguns autores, nasceu no castelo de seu pai,
Landulfo de Aquino, que não pertencia ao ramo mais poderoso de sua família e
era apenas um miles ("cavaleiro"). Já a mãe
de Tomás, Teodora, era do ramo Rossi da família napolitana
dos Caracciolo[9].
Enquanto o resto da família dedicou-se à carreira militar[10],
seus pais pretendiam que Tomás seguisse o exemplo do irmão de Landulfo,
Sinibaldo, que era abade
do mosteiro
beneditino
de Monte Cassino[11],
uma carreira perfeitamente normal para o filho mais jovem de uma família nobre
do sul da Itália da época[12].
Aos cinco anos
de idade, começou a estudar
Foi também
durante seus estudos em Nápoles que acabou sob a influência de João de São
Juliano, um pregador dominicano que era parte do grande esforço empreendido
pela Ordem dos Pregadores para recrutar seguidores[16].
Finalmente, aos dezenove, Tomás resolveu se juntar à ordem, o que não agradou
sua família[17].
Numa tentativa de impedir que Teodora influenciasse a escolha de Tomás, os
dominicanos arranjaram para que ele se mudasse para Roma e, de lá, para Paris[18].
Porém, durante a viagem para Roma, seguindo as instruções de Teodora, seus
irmãos o capturaram quando ele bebia num riacho e o levaram de volta para seus
pais no castelo de Monte San Giovanni Campano[18].
Ficou preso por
cerca de um ano nos castelos da família
Em 1244,
percebendo que todas suas tentativas de dissuadir Tomás fracassaram, Teodora
tentou salvar a dignidade da família e arranjou para ele escapasse durante uma
noite pela janela. Ela acreditava que uma fuga secreta da prisão era menos
prejudicial que uma rendição aberta aos dominicanos. Tomás seguiu primeiro para
Nápoles e, depois, para Roma, onde se encontrou com João de Wildeshausen, o mestre-geral da Ordem dos
Pregadores[21].
· Paris, Colônia, Alberto Magno e a primeira regência em Paris
(1245-1259)
Em 1245, Tomás
foi enviado para estudar na faculdade das artes
da Universidade de Paris, onde é muito provável
que ele tenha encontrado o estudioso dominicano Alberto
Magno (que seria depois proclamado Doutor da Igreja como Aquino), que era
na época o catedrático da cadeira de Teologia do Colégio de São
Tiago em Paris[22].
Quando Alberto foi enviado por seus superiores para ensinar no novo studium
general em Colônia, em 1248, Tomás foi junto[23]
depois de recusar uma oferta do papa Inocêncio IV de nomeá-lo abade de Monte
Cassino mesmo sendo dominicano[11].
Em seguida, Alberto nomeou o relutante Tomás magister studentium[12].
Por ser calado e não falar muito, alguns dos companheiros de Tomás acreditavam
que ele era "devagar", ao que Alberto rebateu, profeticamente, "Vocês
o chamam de boi mudo, mas em sua doutrina ele produzirá um dia um mugido tal
que será ouvido pelo mundo afora"[11].
Tomás lecionou
em Colônia como professor aprendiz (baccalaureus biblicus), instruindo
seus alunos nos livros do Antigo
Testamento e escrevendo "Comentário Literal sobre Isaías" ("Expositio super Isaiam ad
litteram"), "Comentário sobre Jeremias"
("Postilla super Ieremiam") e "Comentário sobre as Lamentações" ("Postilla super
Threnos")[24].
Então, em 1252, Tomás retornou para Paris para tentar obter o mestrado em
teologia e passou a ensinar estudos bíblicos como professor aprendiz. Quando
tornou-se "baccalaureus Sententiarum" ("bacharel das
Sentenças")[25],
dedicou seus três anos finais de estudo a comentar sobre as "Sentenças" de Pedro
Lombardo. Na primeira de suas quatro sínteses teológicas, Tomás compôs um
enorme comentário sobre elas chamado "Comentário sobre as Sentenças"
("Scriptum super libros Sententiarium"). Além destas obras de
seu mestrado, Tomás escreveu ainda "Sobre o Ser e a Essência" ("De
ente et essentia") para seus companheiros dominicanos de Paris[11].
Na primavera de
1256, Tomás foi nomeado regente principal em teologia em Paris e uma de suas
primeiras obras depois de assumir o cargo foi "Contra Aqueles que Ameaçam
a Devoção a Deus e a Religião" ("Contra impugnantes Dei cultum et
religionem") defendendo as ordens mendicantes que estavam na época sob
ataque por Guilherme de Saint-Amour[26].
Durante seu mandato, que foi de 1256 até 1259, Tomás escreveu diversas obras,
incluindo: "Questões em Disputa sobre a Verdade" ("Questiones
disputatae de veritate"), uma coleção de vinte e nove questões
controversas sobre aspectos da fé e da condição humana[27]
preparada para os debates universitários públicos que ele presidia na Quaresma e no Advento[28];
"Quaestiones quodlibetales", uma coleção de suas respostas às
questões propostas pela audiência acadêmica nos debates[27]
e o par "Comentários sobre 'De trinitate' de Boécio" ("Expositio
super librum Boethii De trinitate") e "Comentário sobre 'De
hebdomdibus' de Boécio" ("Expositio super librum Boethii De
hebdomadibus"), comentários sobre as obras do filósofo romano
do séc. VI Boécio[29].
Quando terminou sua regência, Tomás estava trabalhando numa de suas
obras-primas, a "Suma contra os Gentios"[30].
· Nápoles, Orvietto e Roma (1259-1268)
Em 1259, Tomás
completou sua primeira regência no studium generale e deixou Paris para
que outros pudessem obter a mesma experiência. Retornando para Nápoles, foi
nomeado pregador geral pelo capítulo provincial da ordem em 29 de setembro de
1260. Em setembro do ano seguinte, foi enviado a Orvietto como leitor conventual
responsável pela formação dos frades que não podiam frequentar um studium
generale. Lá, completou a "Suma contra os Gentios",
escreveu "A Corrente de Ouro" (Catena aurea)[31]
e escreveu obras para o papa Urbano IV, como a liturgia para a recém-criada festa de Corpus Christi e "Contra os
Erros dos Gregos" ("Contra errores
graecorum")[30].
Em fevereiro de
1265, o recém-eleito papa Clemente IV convocou Tomás de Aquino a Roma
para servir como teólogo papal. No mesmo ano, foi ordenado pelo capítulo dominicano de Agnani[32]
para ensinar no studium conventuale do Convento de Santa Sabina, fundado alguns
anos antes, em 1222[33].
O studium
Foi
Aquino
permaneceu no studium de Santa Sabina de 1265 até ser chamado de volta a
Paris em 1268 para uma segunda regência[37].
Com o tempo, principalmente depois de sua partida, as atividades pedagógicas no
studium provinciale de Santa Sabina foram divididos em dois campi.
Um novo convento
da ordem na Igreja de Santa Maria sopra Minerva
começou de forma modesta em 1255 como uma comunidade de mulheres
recém-convertidas, mas cresceu rapidamente em tamanho e em importância de ser
entregue aos cuidados dos frades dominicanos em 1275[33].
Em 1288, o componente teológico do currículo provincial para a educação dos
frades foi realocado do studium provinciale de Santa Sabina para o studium
conventuale de Santa Maria sopra Minerva, que foi então rebatizado como um studium
particularis theologiae[40].
No séc. XVI, este studium foi transformado no Colégio de São Tomás (em latim: Collegium Divi Thomæ ) e, no séc. XX, o colégio foi
transferido para o Convento de Santi Domenico e Sisto e transformado na Pontifícia Universidade São
Tomás de Aquino (o famoso "Angelicum").
· A difícil segunda regência em Paris (1269-1272)
Influências
Em
Diversas
controvérsias com alguns importantes franciscanos,
como Boaventura
e João Peckham, ajudaram a tornar a
segunda regência muito mais difícil e conturbada que a primeira. Um ano antes
de tomar posse novamente, nos debates de 1266-67 em Paris, o mestre franciscano
Guilherme de Baglione acusou Tomás de encorajar os averroístas, chamando-o de "líder
cego dos cegos". Tomás chamou-os de "murmurantes"
("resmungões")[42].
Na realidade, ele ficou profundamente perturbado pela disseminação do
averroísmo e se enfureceu quando soube que Siger de Brabante estava
ensinando interpretações averroístas de Aristóteles aos seus alunos em Paris[43].
Em 10 de
dezembro de 1270 o bispo de Paris, Etienne Tempier, publicou um
édito condenando treze proposições aristotélicas e averroístas como sendo heréticas e excomungou
os que continuavam a defendê-las[44].
Muitos na comunidade eclesiástica, os chamados "agostinianos", temiam
que a introdução do aristotelismo e sua versão mais extrema, o averroísmo,
pudesse de alguma forma contaminar a pureza da fé cristã. No que parece ter
sido uma tentativa de conter o temor contra o pensamento aristotélico, Tomás
conduziu uma série de debates entre 1270 e 1272, reunidos em "Sobre as
Virtudes em Geral" ("De virtutibus in communi",
"Sobre as Virtudes Cardinais" ("De virtutibus
cardinalibus") e "Sobre a Esperança" ("De spe").
· Últimos anos (1272-1274)
Em 1272, Tomás
pediu licença da Universidade de Paris quando os dominicanos de sua província
natal o convocaram para fundar um studium general onde quisesse, com
liberdade para empregar nele quem desejasse. Aquino escolheu Nápoles e se mudou
para lá para assumir o posto de regente mestre[37].
Ele aproveitou esta temporada ali para trabalhar na terceira parte da
"Suma" enquanto dava aulas sobre vários tópicos religiosos. Em 6 de
dezembro de 1273, Tomás se demorou um pouco mais na Capela de São Nicolau do
convento dominicano de Nápoles e foi visto pelo sacristão
Domenic de Caserta levitando aos prantos em oração
diante de um ícone
de Cristo crucificado. Segundo o relato, Cristo perguntou: "Escrevestes
bem sobre mim, Tomás. Que recompensa esperas pelo teu trabalho?" A
resposta foi: "Nada além de ti, Senhor" [45][46].
Depois desta conversa, algo mudou, mas Aquino jamais falou ou escreveu sobre o
tema. Depois de ver o que viu, ele abandonou sua rotina e parou de ditar para
seu secretário, Reginaldo de Piperno. Quando este implorou-lhe
que voltasse ao trabalho, Tomás lhe disse: "Reginaldo, não posso, pois
tudo o que escrevi não passa de uma palha para mim"[47]
("mihi videtur ut palea")[48].
Seja o que for que tenha despertado a mudança no comportamento de Tomás de
Aquino, os católicos acreditam que foi alguma espécie de experiência
sobrenatural de Deus[49].
Anos antes, em
1054, o Grande Cisma dividiu a Igreja entre a Igreja
Latina, sob a liderança do papa (posteriormente conhecida como Igreja Católica Romana), no ocidente e os
quatro patriarcados
do oriente (conhecidos coletivamente como Igreja
Ortodoxa). Numa tentativa de reunir as duas partes, o papa Gregório X convocou o Segundo Concílio de Lyon em 1 de maio de
1274 e ordenou que Tomás comparecesse[50]
para apresentar sua obra "Contra os Erros dos Gregos" ("Contra errores
graecorum")[51].
A caminho do concílio, montado num burro enquanto viajava pela Via Ápia[50],
bateu a cabeça num galho de uma árvore tombada, ficou seriamente ferido e foi
levado às pressas para Monte Cassino para se recuperar[52].
Depois de descansar por um tempo, tentou novamente seguir viagem, mas teve que
parar, doente novamente, na abadia cisterciense de Fossanova[53].
Os monges
tentaram ajudá-lo por diversos dias, mas ele não resistiu. Quando recebeu sua extrema unção, as últimas palavras de Aquino foram:
Eu
te recebo, Resgate pela minha alma. Pelo teu amor estudei e me mantive
vigilante, trabalhei, preguei e ensinei..." — Tomás de Aquino[54].
São Tomás de
Aquino morreu em 7 de março de 1274[53]
enquanto ditava seus comentários sobre o Cântico dos Cânticos[55].
Filosofia
Tomás era um
teólogo e filósofo escolástico[56].
Porém, ele jamais se considerou filósofo e os criticava por acreditar que eram
pagãos que estavam sempre "aquém da verdadeira e correta sabedoria
encontrada na revelação cristã"[57].
Mesmo assim, ele
tinha muito respeito por Aristóteles,
tanto que, na "Suma", geralmente cita-o simplesmente como "o
Filósofo". Boa parte desta obra trata de tópicos filosóficos e, neste
sentido, pode ser considerada filosófica. O fato é que o pensamento de Tomás
exerceu uma enorme influência sobre a teologia cristã subsequente,
especialmente a da Igreja Católica, mas também para toda a filosofia
ocidental em geral.
Segundo a
filosofia de Tomás de Aquino, o homem não vive por acaso, a vida humana tem um
propósito que é a felicidade, porém o homem precisa conhecer os meios adequados
para a sua posse. A felicidade para ele parte do princípio de que as riquezas
materiais seriam a falsa noção da felicidade, pois a riqueza não tem
consciência existencial em si mesma, e a razão de ser está fora dela mesma. O
estado da felicidade parte do estado de espírito em que o homem se encontra. O
indivíduo tem que conhecer seu eu interior antes de partir em busca dos meios
adequados para a posse da mesma. Contudo, deve-se considerar que o estado da
felicidade não é eterno, e uma vez encontrada, nada impede de se perdê-la, para
assim então iniciar-se uma nova busca até o fim da vida humana.
Em todo momento
o homem busca a felicidade, e muitos ligam a felicidade à posse de bem
materiais, mas para Tomás de Aquino a ideia de felicidade vai muito além disso.
Ela é o guia necessário para a vida (alma) do homem. Na vida corriqueira, com o
stress do dia a dia, o homem acaba abrindo mãos dos pequenos detalhes que
possivelmente trariam a felicidade, em busca da materialização para supri-la[58].
· Comentários sobre Aristóteles
Aquino escreveu
diversos comentários importantes sobre as obras de Aristóteles, incluindo
"Da Alma",
"Ética a Nicômaco" e "Metafísica". Estes trabalhos estão
associados com as traduções para o latim feitas por William de Moerbeke.
Ele quis
organizar os argumentos e elementos racionais da filosofia Aristotélica para
defender as verdades cristãs. Seu principal objetivo nesse aspecto foi o de não
contrariar a fé.
Através das
traduções de textos de Aristóteles feitas pelos filósofos da idade média,
inclusive o árabe "Averróis", Tomás transforma parte do pensamento
aristotélico em ferramenta argumentativa para expandir seu pensamento e empreender
uma sistematização da doutrina cristã. Embora haja em sua filosofia pontos que
não são pensamentos aristotélicos, tal qual a ideia de um Deus único que o
vir-a-ser, não é autodeterminação, mas precede de Deus.
Aquino
introduziu uma distinção entre o ser e a essência. Dividiu a metafísica em
Essência do Ser geral e Essência do Ser pleno que é Deus. Também definiu seu
conceito de "Metafísica" - segundo ele uma tríplice: Metafísica
enquanto ciência do ente, ciência divina e "filosofia".
Enquanto a primeira investiga as primeiras causas, a "Metafísica"
tomista leva o homem inevitavelmente a "Deus", por meio
de um caminho racional, coerente e demonstrável. Por isso, ela é ciência.
O Ser é
diferente da essência, pois as criaturas são seres não necessários. É Deus que
permite às essências realizarem-se em entes, em seres existentes. Que existe
como fundamento da realidade das outras essências que, uma vez existentes
participam de seu Ser. Deus é ato puro, não há o que se realizar ou se
atualizar em Deus, pois ele é completo. ' '"Deus é o Ser"' ', diz
Tomás de Aquino, Deus é o ser que existe como fundamento da realidade das
outras essências que, uma vez existentes participam de seu Ser. A filosofia de
Aristóteles não fala sobre um Deus criador, como o compreendemos, tirando o
mundo do nada, nem fala da questão sobre a providência divina, Deus para
Aristóteles não conhece o mundo, não o dirige de nenhum modo.
O filósofo
sempre procurou conciliar fé e razão em seus escritos, valendo-se, várias
vezes, de ensinamentos de Aristóteles e de Santo Agostinho, para afirmar que a
graça e a fé não suprimem a natureza racional do homem, senão antes a supõe e a
aperfeiçoa e, a partir disso, também sustentar que é possível a conciliação de filosofia
(ratio - razão) e teologia (fides - fé), na medida em que para Aquino, a
filosofia é serva da teologia: philosophia ancilla theologiae est.
Aristóteles foi
a figura que mais influenciou no pensamento de Santo Tomás de Aquino, ele
afirmava que o universo sempre existiu e que permanecia em movimento e mudanças
constantes. Alguns pensadores cristãos, baseando-se na Bíblia diziam que o
universo tinha um início e que havia sido criado por Deus, discordando assim da
concepção de Aristóteles. Porém, Tomás de Aquino salientou que o universo pode
sim sempre ter existido e que apenas a raça humana e os animais tiveram um
início. Apesar de defender as ideias de Aristóteles, ele discordava do fato do
mesmo afirmar que o universo era eterno, porque a fé cristã dizia ao contrário[59][60].
· Epistemologia
Ver artigo
principal: Dupla
verdade
Aquino
acreditava "que para o conhecimento de qualquer verdade, o homem
precisa da ajuda divina; que o intelecto pode ser movido por Deus a agir"[61].
Porém, ele acreditava também que os seres humanos tinham a capacidade natural
de conhecer muitas coisas sem nenhuma revelação divina especial, apesar de revelacões
ocorrerem de quando em quando "especialmente em relação àquelas
[verdades] pertinentes à fé"[62].
Mas esta é a luz dada ao homem por Deus na proporção da natureza humana: "Agora
todas as formas concedidas às coisas criadas por Deus tem poder para
determinadas ações, que podem realizar na medida de sua própria dotação; e além
disto, são impotentes, exceto por meio de uma forma adicionada, como água que
só esquenta quando aquecida pelo fogo. E assim a compreensão humana tem uma
forma, viz. luz inteligível, que, por
si só, é suficiente para conhecer certas coisas inteligíveis, viz. as que se
pode aprender através dos sentidos"[62].
· Ética
Ver artigo
principal: Ética cristã
A ética de Tomás
de Aquino se baseia no conceito dos "princípios primeiros da ação"[63].
Na "Suma", ele escreveu:
Virtude
denota uma certa perfeição de um poder. Agora a perfeição de algo é considerada
principalmente em relação à sua finalidade. Mas a finalidade do poder é ato.
Por isso diz-se que um poder é perfeito na medida que é determinante para seu
ato — Suma Teológica, Tomás de Aquino[64].
Mais adiante,
ele completa:
Diz-se
que a sinderese é a lei de nossa mente, pois trata-se do hábito que contém os
preceitos da lei natural, que são os princípios primeiros das ações humanas — Suma Teológica, Tomás de Aquino[65][66].
De acordo com
ele, "...todos os atos da virtude são prescritos pela lei natural: como
a razão de cada um naturalmente dita que ele aja virtuosamente. Mas se falarmos
de atos virtuosos considerados em si mesmos, ou seja, em suas próprias
espécies, segue que nem todos os atos virtuosos são prescritos pela lei
natural: pois muitas coisas são realizadas virtuosamente, mas cuja natureza não
se inclinava para inicialmente; mas que, pelo inquérito da razão, foram
percebidas pelos homens como condutivas ao bem estar". A conclusão é
que é necessário determinar se estamos falando de atos virtuosos sob o aspecto
das virtudes ou como um ato per se, em sua própria espécie[67].
Tomás definiu as quatro virtudes cardinais como sendo prudência, temperança, justiça e coragem (ou "fortaleza"). Segundo ele, elas são naturais, reveladas na natureza e inerentes a todos. Há, porém, três virtudes teológicas: fé, esperança e caridade. Estas, por outro lado, são algo sobrenaturais e distintas das demais em seu objeto: Deus. Segundo o próprio Aquino:
Agora
o objeto das virtudes teológicas é o próprio Deus, que é a última finalidade de
tudo e acima do conhecimento da nossa razão. Por outro lado, o objeto das
virtudes morais e intelectuais é algo compreensível à razão humana. Por isso,
as virtudes teológicas são especificamente distintas das virtudes morais e
intelectuais — Suma Teológica, Tomás
de Aquino[68].
Avançando o
raciocínio, Tomás distingue quatro tipos de lei que governam os atos humanos:
eterna, natural,
humana e divina. "Lei eterna" é o
decreto divino que governa toda criação, a "lei que é a Razão Suprema e
não pode ser compreendida senão como algo imutável e eterno"[69].
"Lei natural" é a "participação" humana na "lei
eterna" descoberta pela razão[70]
e baseada nos "princípios primeiros": "...este é
o primeiro preceito da lei, que o bem deve ser feito e promovido e o mal,
evitado. Todos os demais preceitos da lei natural se baseiam neste..."[71].
Se a lei natural contém vários preceitos ou apenas este, o próprio Aquino
esclarece: "todas as inclinações de quaisquer partes da natureza
humana, como por exemplo as partes concupiscentes
e irascíveis,
na medida em que são governadas pela razão, pertencem à lei natural e se
reduzem ao primeiro preceito, como afirmando acima: pois os preceitos da lei
natural são muitos em si próprios, mas são todos baseados numa fundação
comum"[72].
O desejo de
viver e procriar são considerados por Tomás entre os valores básicos (naturais)
do homem, sobre os quais todos os demais valores humanos estão baseados. De
acordo com Tomás, todas as tendências humanas estão aparelhadas o
"bem" real humano. E no caso destes dois desejos, a natureza humana
em questão é o matrimônio, o presente completo de uma pessoa a outra que
assegura uma família às crianças e um futuro à humanidade[73].
Para os cristãos, Tomás definia que o amor era "desejar o 'bem' de
outro"[74].
Sobre a
"lei humana", Aquino conclui "...que, assim como no caso da
razão especulativa, na qual tiramos conclusões em várias ciências a partir de
princípios não demonstráveis e naturalmente conhecidos, conclusões estas não
comunicadas a nós pela natureza, mas adquiridas pelos esforços da razão, é
assim também com os preceitos da lei natural, pois a partir de princípios
gerais e indemonstráveis, a razão humana precisa avançar para uma determinação
mais precisa de certos assuntos. Estas determinações particulares, criadas pela
razão humana, são chamadas de leis humanas desde que as outras condições
essenciais da lei sejam observadas...", ou seja, a "lei humana"
é a lei
positiva, a lei natural aplicada pelos governos às sociedades[75].
Leis naturais e
humanas não são adequadas sozinhas. A necessidade humana de que seu
comportamento seja dirigido fez necessária a existência da "lei
divina", que é a lei especificamente revelada nas Escrituras.
Segundo Aquino, "O apóstolo
diz: «Pois mudado que seja o sacerdócio, é necessário que se faça também
mudança da Lei.» (Hebreus 7:12)
Mas o sacerdócio tem duas facetas, como afirmado na própria passagem, viz., os sacerdócio levita
e o sacerdócio de Cristo. Portanto, a lei divina tem também duas facetas, a Antiga
Lei e a Nova Lei"[76].
Aquino se refere
aos animais como estúpidos e que a ordem natural declarou que eles foram
criados para uso humano. Ele negava que os homens tinham qualquer dever de
caridade para com os animais por não serem eles "pessoas". Se não
fosse assim, seria ilegal utilizá-los como fonte de alimento. Porém, este
racional não dava aos homens permissão para serem cruéis com eles, pois "hábitos
cruéis podem transbordar para o nosso tratamento dos seres humanos"[77][78].
Ainda tratando
de ética e justiça, Aquino deu grandes contribuições para o pensamento
econômico medieval. Ele tratou do conceito de preço justo, normalmente o preço de
mercado ou o regulamentado e suficiente para cobrir o custo de produção do
vendedor. Ele argumentava que era imoral para os vendedores aumentarem os
preços simplesmente por que os compradores estavam em algum momento precisando
demais do produto[79][80].
Teologia
Tomás via a teologia (a
"doutrina sagrada") como uma ciência[49]
cuja matéria-prima eram as Escrituras e a tradição da Igreja Católica. Estas fontes, por sua vez, seriam,
segundo ele, produtos da auto-revelação de Deus a indivíduos ou grupos de
indivíduos através da história. Finalmente, fé e razão,
distintas e relacionadas, seriam as duas ferramentas primárias para processar
os dados teológicos. Ele acreditava que ambas eram necessárias- ou, melhor, que
a "confluência" de ambas era necessária - para obter-se o verdadeiro
conhecimento de Deus. O objetivo final da teologia, para Tomás, era utilizar a
razão para perceber a verdade sobre Deus e experimentar a salvação através
desta verdade.
· Revelação
Aquino
acreditava que a verdade é conhecida pela razão ("revelação natural")
e pela fé ("revelação sobrenatural"). Esta tem sua origem na
inspiração pelo Espírito Santo e está disponível através do
ensinamento dos profetas, reunidos nas Escrituras e transmitidos pelo magisterium,
coletivamente chamado de "tradição". Já a revelação natural é a verdade
disponível a todos através da natureza humana e dos poderes da razão, por
exemplo aplicando métodos racionais para perceber a existência de Deus.
Assim, apesar de
se poder deduzir a existência e os atributos de Deus através da razão, certas
especificidades só podem ser conhecidas através da revelação especial de Deus
em Jesus
Cristo. Os principais componentes teológicos do cristianismo, como a Trindade e a Encarnação,
são revelados nos ensinamentos da Igreja e nas Escrituras; não podem, portanto,
ser deduzidos pela razão humana.
· Criação
Ver artigo
principal: Narrativa da
criação no Gênesis
Como católico,
Aquino acreditava que Deus é o "criador do céu e da terra, de todas as
coisas visíveis e invisíveis"; como Aristóteles, defendia que a vida
poderia se formar a partir de matéria não viva ou de plantas, uma forma de abiogênese
conhecida como "geração espontânea":
Como
a geração de uma coisa é a corrupção de outra, não é incompatível com a
primeira a formação de coisas; que, da corrupção do menos perfeito, o mais
perfeito deva ser gerado. Assim, animais gerados da corrupção de coisas
inanimadas ou de plantas possam então ser gerados. — Suma Teológica, Tomás de Aquino[81].
Além disso,
Tomás defendia - em seu comentário sobre a "Física", de Aristóteles - a teoria de Empédocles
de que várias mutações das espécies emergiram ainda durante a Criação. Ele
argumenta que estas espécies foram geradas através de mutações no esperma animal
de forma não esperada pela natureza. Para estas espécies, simplesmente não
havia intenção de que tivessem existência perpétua:
O
mesmo vale para aquelas substâncias que Empédocles afirma terem sido produzidas
no começo do mundo, como a "descendência do touro", ou seja,
meio-homem e meio-touros. Pois se tais coisas não conseguiram encontrar algum
objetivo e um estado natural final para que pudessem ter sua existência
preservada, não foi por que a natureza assim não quis [um estado final], mas
por que eles não conseguiram ser preservados. Pois não foram gerados de acordo
com a natureza, mas pela corrupção de algum princípio natural, como ainda hoje
ocorre quando filhos monstruosos são gerados pela corrupção da semente — Comentário sobre a Física, Tomás de Aquino[82].
· Guerra justa
Ver artigo
principal: Guerra
justa
Santo
Agostinho concordava fortemente com o senso comum de sua época, de que os
cristãos deveriam ser pacifistas filosoficamente, mas que deviam utilizar a
força como meio de preservar a paz no longo prazo. Ele argumentou muitas vezes
que o pacifismo
não era contrário à defesa dos inocentes ou à auto-defesa, por exemplo.
Resumidamente, Agostinho acreditava que, para a preservação da paz no longo
prazo, o uso justificado da força poderia ser necessário[83],
mas estabelecia limites para isso, exigindo, por exemplo, que as guerras com
esta finalidade deveriam ser defensivas e ter a restauração da paz (e não a
conquista de vantagens) como objetivo[84].
Aquino, séculos depois,
aproveitou-se da autoridade dos argumentos de Agostinho quando tentou definir
as condições para que uma guerra fosse considerada justa[85],
resumidos na "Suma":
- Primeiro, a
guerra deve ocorrer por uma causa boa e justa e nunca pela busca de
riqueza ou poder.
- Segundo, a
guerra justa deve ser declarada por uma autoridade legalmente instituída,
como um estado.
- Terceiro, a
paz deve ser a motivação central em meio à violência decorrente[86].
· Natureza de Deus
Para
uma análise detalhada das cinco provas: Existência
de Deus
O
texto original das cinco provas: Quinque viae
Aquino
acreditava que a existência de Deus era auto-evidente, mas não
era evidente para os homens.
"Portanto, digo que esta
proposição, 'Deus existe', em si mesma, é auto-evidente, pois o predicado é o mesmo que o sujeito...
Agora, como não conhecemos a essência de Deus, a proposição não é auto-evidente
para nós e precisa ser demonstrada por coisas que são-nos mais conhecidas,
apesar de menos conhecidas em sua própria natureza - nomeadamente, pelos efeitos"[87].
Ele acreditava
também que se poderia demonstrar a existência de Deus. De forma breve na "Suma
Teológica" e mais extensivamente na "Suma contra os Gentios",
Aquino considera em detalhes seus cinco argumentos para a existência de Deus,
amplamente conhecidos como "quinque viae"
("cinco vias"):
- Movimento:
algumas coisas indubitavelmente mudam sem serem capazes de provocar seu
próprio movimento. Como, segundo o racional de Tomás, não pode haver uma
cadeia infinita de causas para um movimento, decorre que deve existir um
"Primeiro Movimentador", não movido por nada anterior e este
seria o que todos entendem como sendo "Deus".
- Causa: como
no caso do movimento, nada é causa de si próprio e uma cadeia causal
infinita seria impossível, deve haver uma "Primeira Causa",
conhecida por "Deus". Aquino neste caso baseia-se nas assertivas
de Aristóteles sobre os princípios do ser. O conceito de Deus como prima causa ("causa
primeira") deriva do conceito aristotélico do "movedor imovível"[88].
- Existência do
necessário e do desnecessário: nossa experiência inclui coisas que
certamente existem, mas que são, aparentemente, desnecessárias. Porém, não
é possível que tudo seja desnecessário, pois então, quando nada houver [que
seja necessário], nada existiria. Portanto, somos compelidos a supor que
existe algo que existe "necessariamente", cuja necessidade
deriva de si próprio; na realidade, ele próprio seria a necessidade para
que tudo o mais existisse. Este seria Deus.
- Gradação: se
podemos perceber uma gradação nas coisas no sentido de que algumas são
mais quentes, boas etc., deve haver um superlativo que é a
coisa mais verdadeira e nobre e, portanto, a que "existe mais
completamente". Esta, então, seria Deus.
- Tendências
ordenadas da natureza: uma direção para as ações em direção a uma
finalidade se percebe em todos os corpos governados pela lei natural. As
coisas sem consciência tendem a ser guiadas pelos que a tem. A isto
chamamos "Deus"[89].
Sobre a natureza
de Deus, Aquino acreditava que a melhor abordagem, geralmente chamada de via
negativa em latim,
é considerar o que Deus "não é". Seguindo assim, ele propôs cinco
expressões sobre as qualidades divinas:
- Deus é simples, sem composição de partes -
como "corpo" e "alma" ou "matéria" e
"forma"[90].
- Deus é
perfeito, nada Lhe-falta. Ou seja, Deus é diferente dos demais seres por
Sua completa realização[91]. Tomás
definiu Deus como "Ipse Actus Essendi subsistens" ("subsistente
ato de ser")[92].
- Deus é
infinito. Ou seja, Deus não finito no sentido que os seres criados são
física, intelectual e emocionalmente limitados. Esta infinidade deve ser
diferenciada da simples infinidade de tamanho ou número[93].
- Deus é
imutável, não passível de mudanças de caráter ou essência[94].
- Deus é uno,
sem diversificação em si próprio. A unidade de Deus é tal que Sua essência
é idêntica à Sua existência. Nas palavras de Tomás, "em si mesma,
a proposição 'Deus existe' é necessariamente
verdadeira, pois, nela, sujeito e predicado são o
mesmo"[95].
· Natureza de Jesus
Ver Antiga
sede da Pontifícia Universidade Santo Tomás
de Aquino
(Angelicum), uma das mais prestigiosas universidades em Roma.
Na "Suma
Teológica", Tomás começa sua discussão sobre Jesus
Cristo relembrado a histórica bíblica de Adão e
Eva e descrevendo os efeitos negativos do pecado
original. A partir daí, ele desenvolve seu argumento de que o objetivo da Encarnação
era restaurar a natureza humana, removendo a "contaminação pelo
pecado", algo que os humanos são incapazes de realizar por si mesmos. "A
Sabedoria Divina julgou apropriado que Deus tornar-se-ia humano para que,
assim, Este pudesse restaurar o homem e dar uma satisfação"[96].
Tomás argumentou a favor da visão da satisfação da expiação, ou
seja, que Jesus morreu "para dar satisfação por
toda a raça humana, que foi sentenciada a morrer por causa do pecado"[97].
Aquino argumentou
contra diversos teólogos que defendiam pontos de vista diferentes sobre Jesus.
Em resposta a Plotino,
afirmou que Jesus era verdadeiramente divino e não um simples ser humano.
Contra Nestório,
que sugeriu que o Filho de Deus estaria meramente conjuminado com o Cristo
homem, defendeu que a completude de Deus era parte integral da existência de
Cristo. Contra-atacou as visões de Apolinário defendendo que Cristo tinha uma alma verdadeiramente
humana (racional, portanto) e a dualidade de naturezas de Cristo (a humana e a
divina). Contra Eutiques, afirmou que esta dualidade permaneceu mesmo depois
da Encarnação e, contra os ensinamentos de Maniqueu e Valentim, que as duas naturezas existiam
simultaneamente e separadamente num único corpo humano real[98].
Resumindo, "Cristo
tinha um 'corpo real' da mesma natureza que o nosso, uma 'verdadeira alma
racional' e, além disso, a 'divindade perfeita'"[99]:
Respondo
que, a pessoa ou hipóstase de Cristo pode ser vista de duas formas.
Primeiro como ela por si mesma e, assim, de todo simples, mesmo como a natureza
do Verbo. Segundo, no aspeto da pessoa ou hipóstase a quem ela subsiste através
de uma natureza; e, assim, a Pessoa de Cristo subsiste em duas naturezas.
Assim, embora haja um ser subsistindo N'ele, há diferentes aspectos de
subsistência presentes, motivo pelo qual diz que ele é uma pessoa composta, um
ser subsistindo em dois[100]
Ecoando Atanásio de Alexandria, Aquino afirmou que "O
Unigênito Filho de Deus...assumiu nossa natureza para que, feito homem, pudesse
fazer dos homens deuses"[101].
· Objetivo da vida humana
Aquino
identificou que a razão da existência humana seria a união e amizade eterna com
Deus, um objetivo alcançado através da visão beatífica, na qual uma
pessoa experimenta a felicidade perfeita e sem fim ao presenciar a essência de
Deus. Ela ocorre depois da morte como presente de Deus aos que na vida
experimentaram a salvação e a redenção através de Cristo[102].
O objetivo da
união com Deus tem implicações para a vida das pessoas na terra. Segundo Tomás,
a vontade dos indivíduos deve ser dirigida às coisas
corretas, como caridade, paz e santidade. Ele via nesta orientação como um
caminho para a felicidade e estruturou suas ideias sobre a vida moral à volta
desta crença. A relação entre a vontade e o objetivo da vida é antecedente na
natureza "por que a retidão da vontade consiste em ser obedientemente
dirigida ao objetivo final [a visão beatífica]". Os que buscam
verdadeiramente entender e ver Deus irão necessariamente amar o que Ele ama, um
amor que requer moralidade e aparece nas escolhas cotidianas dos homens[102].
· Tratamento dispensado aos heréticos
Aquino era um dominicano,
ou seja, um membro da Ordem dos Pregadores (Ordo Praedicatorum)
cujo objetivo inicial era a conversão dos albigenses
e de outras facções heterodoxas de forma pacífica num primeiro momento, mas que
logo degeneraria na violenta Cruzada
Albigense. Na "Suma Teológica", escreveu:
Sobre os heréticos, dois pontos precisam ser
observados: um do lado deles e outro, no da Igreja. Do lado deles há o pecado,
pelo qual eles merecem não apenas serem separados da Igreja pela excomunhão,
mas também separados do mundo pela morte. Pois é um problema muito mais grave
corromper a fé que alimenta a alma do que forjar dinheiro, que sustenta a vida
temporal. De onde se conclui que se os falsificadores de dinheiro e outros malfeitores
são condenados à morte por isso pelas autoridades seculares, há muito mais
motivos para os heréticos, tão logo sejam condenados por heresia, sejam não
apenas excomungados, mas executados.
Da
parte da Igreja, porém, há misericórdia, que procura a conversão dos
desgarrados, e por isso ela não condena imediatamente, mas "depois da
primeira e segunda admoestação", como ensinou o Apóstolo: depois disso, se persistir na teimosia, a Igreja, sem esperança de conversão,
procura pela salvação dos demais excomungando-o e separando-o da Igreja; além
disso, entrega-o ao tribunal secular para ser exterminado assim deste mundo
pela morte. — Suma
Teológica, Tomás de Aquino[103]
Roubo simples,
falsificação, fraude e outros crimes similares eram também ofensas passíveis de
morte na época; o ponto de Aquino é que a gravidade da heresia, que trata não
apenas de bens materiais, mas também dos espirituais de outros, é pelo menos
tão grave quanto falsificação. A sugestão dele exige, porém, que os heréticos
sejam entregues a um "tribunal secular" ao invés da autoridade magisterial.
Além disso, a ideia de que os heréticos merecem a morte está relacionada à
teologia de Aquino, segundo a qual os pecadores não tem um direito intrínseco à
vida, "pois o pagamento do pecado é a morte; mas o presente grátis de
Deus é a vida eterna
No
tribunal de Deus, aqueles que retornam são sempre recebidos, pois Deus é um
examinador de corações e conhece os que retornam com sinceridade. Mas a Igreja
não pode imitar Deus nisso, pois ela presume que os que recaem depois depois de
terem sido recebidos uma vez não são sinceros em seu retorno; daí ela não pode
excluí-los do cominho da salvação, mas não pode também protegê-los da sentença
de morte. — Suma
Teológica, Tomás de Aquino[105].
· Vida depois da morte e ressurreição
Alguma compreensão
sobre o estado psicológico de Tomás de Aquino é fundamental para compreender
suas crenças sobre a vida após a morte e a ressurreição.
Seguindo a doutrina da Igreja, ele aceita que a alma
continue existindo depois da morte do corpo. Como ele aceita também que ela é a
forma do corpo, Aquino defende que o ser humano, assim como todas as coisas
materiais, é um composto de "forma" e "matéria", uma versão
do hilemorfismo
aristotélico.
A forma substancial (a alma humana) configura (define) a matéria-prima (o
corpo) e é assim que um composto material se enquadra numa determinada espécie;
no caso dos homens, a do "animal racional"[106].
Portanto, o ser humano seria um composto de forma-matéria organizado para ser
um animal racional. A matéria não pode existir sem ser configurado por uma
forma, mas esta pode existir sem a matéria, o que abre espaço para a crença da
separação da alma do corpo. Aquino afirma que a alma coexiste nos mundos
material e espiritual e, portanto, tem algumas caraterísticas materiais e
outras imateriais (como o acesso aos universais).
Finalmente,
Aquino rejeitava a ideia de que a ressurreição necessite de alguma forma
de dualismo (entre corpo e alma como distintos), defendendo que alma (parte do
composto forma-matéria) persistia depois da morte e à corrupção do corpo, sendo
capaz de existência autônoma no período entre a morte e a ressurreição. Ele
sabe que os seres humanos são essencialmente físicos, mas que esta
"fisicalidade" tem um espírito capaz de retornar a Deus depois da
vida[107].
Para ele, as recompensas e punições da vida depois da morte não são
"apenas" espirituais. Por isso, a ressurreição é uma parte importante
de sua filosofia sobre a alma. O homem é realizado e completo no corpo físico
e, portanto, a vida eterna deve contar com almas materializadas em corpos
ressuscitados. Além da recompensa espiritual, os homens podem então esperar o
gozo de bênçãos materiais e físicas[107].
Aquino afirma
claramente sua posição sobre a ressurreição e a utiliza para defender sua
filosofia da justiça: a promessa da ressurreição compensa os cristãos que
sofreram neste mundo através de uma união celeste com o divino. Em suas
palavras, "se não há ressurreição dos mortos, segue
que não há nada de bom para os seres humanos fora desta vida"[108].
Assim, a esperança da ressurreição seria responsável pelo ímpeto para as
pessoas na terra abrirem mão de prazeres nesta vida; aqueles que se prepararam
para a vida depois da morte, moral e intelectualmente, receberão recompensas
ainda maiores pela graça divina. Aquino insiste que a beatitude
será conferida por mérito e irá tornar as pessoas mais capazes de conceber o
divino. Na mesma linha, a punição também está diretamente relacionada com esta
preparação e as ações na terra[108].
Obras
Ver artigo
principal: Obras de Tomás de Aquino
A lista completa
de obras de Tomás de Aquino (ou atribuídas a ele) é a seguinte:
Opera
maiora
("Obras maiores")
- Scriptum super sententiis;
- Summa contra gentiles;
- Summa
theologiae.
Quaestiones ("Questões")
- Quaestiones disputatae;
- Quaestiones de quolibet.
Opuscula ("Obras menores")
- Opuscula philosophica;
- Opuscula theologica;
- Opuscula polemica pro
mendicantibus;
- Censurae;
- Rescripta;
- Responsiones.
Commentaria ("Comentários")
- In Aristotelem;
- In neoplatonicos;
- In Boethium.
Commentaria
biblica
("Comentários bíblicos")
- In Vetus Testamentum;
- Commentaria cursoria;
- In Novum Testamentum;
- Catena aurea;
- In epistolas S. Pauli.
Collationes
et sermones
("Coleções e sermões")
- Collationes;
- Sermones.
Documenta ("Documentos")
- Acta;
- Opera collectiva;
- Reportationes Alberti Magni
super Dionysium.
Opera
probabilia authenticitate
("Autoria provável")
- Lectura romana in primum
Sententiarum Petri Lombardi;
- Quaestiones;
- Opera liturgica;
- Sermones;
- Preces.
Opera
dubia authenticitate
("Autoria duvidosa")
- Quaestiones;
- Opuscula philosophica;
- Rescripta;
- Opera liturgica;
- Sermones;
- Preces;
- Opera collectiva;
- Reportationes.
Opera
aliqua false adscripta
("Falsa autoria" - atribuídas no passado)
- Quaestiones disputatae;
- Opuscula philosophica;
- Opuscula theologica;
- Rescripta;
- Concordantiae;
- Commentaria philosophica;
- Commentaria theologica;
- Commentaria biblica;
- Sermones;
- Opera liturgica;
- Preces;
- Carmina.
Controvérsias e influência
· Levitação
Ver artigo
principal: Santos
e levitação
Por séculos persistem
alegações recorrentes de que Tomás teria tido a habilidade de levitar. Por exemplo, G.
K. Chesterton escreveu: "Suas experiências incluíram casos bem
atestados de levitação em êxtase; e a Virgem
Maria apareceu para ele, confortando-o com as boas novas de que ele
jamais seria bispo"[109].
· Condenação de 1277
Ver artigo
principal: Condenações de 1210-1277
Em 1277, Étienne Tempier, o mesmo bispo
de Paris que havia publicado o édito de condenação de 1270, publicou outro,
mais amplo. Um dos objetivos desta vez era clarificar que o poder
absoluto de Deus transcendia quaisquer princípios da lógica de
Aristóteles ou de Averróis[110].
Mais especificamente, ele continha uma lista de 219 proposições que, segundo o
bispo, violavam a onipotência de Deus, entre eles vinte proposições de
Tomás de Aquino, o que prejudicou seriamente sua reputação por muitos anos[111].
Na "Divina
Comédia", Dante
coloca a alma glorificada de Tomás de Aquino no "céu do Sol" com outros grandes da sabedoria
religiosa[112].
Ele afirma ainda que Tomás morreu envenenado por ordem de Carlos
de Anjou[113],
uma versão citada por Villani (ix. 218) e descrita, inclusive o motivo, pelo Anonimo Fiorentino.
Porém, o historiador Ludovico Antonio Muratori reproduz o
relato feito pelos amigos de Tomás e não encontrou traço algum de má fé[114].
Tomás de Aquino sou; está-me vizinho / À
destra de Colônia o grande Alberto / A quem de aluno e irmão devo o carinho. // Se do mais todos ser
desejas certo, / Na santa c´roa atenta cuidadoso, / A tua vista a voz me siga
perto. — Dante
Alighieri, A Divina Comédia, Canto X, 97 - 102).
A teologia de
Tomás de Aquino já havia começado a ganhar prestígio quando, dois séculos depois,
em 1567, Pio
V proclamou-o um Doutor da Igreja e colocou sua festa no mesmo
nível da dos grandes Padres latinos: Ambrósio,
Agostinho,
Jerônimo
e Gregório. Porém, na mesma época, o Concílio de Trento buscava muito mais en Duns
Escoto do que em Tomás argumentos em defesa da Igreja[111][115].
·
Canonização
Ver Relíquia: Polegar de Santo Tomás de
Aquino preservado num relicário na Basílica de Sant'Eustorgio em Milão.
Quando o advogado
do diabo de seu processo de canonização
argumentou que não haviam milagres em seu nome, um dos cardeais
respondeu: "Tot miraculis, quot articulis" ("Tantos
milagres quanto artigos", uma referência à quantidade de artigos na "Suma
Teológica", viz., milhares)[115].
Cinquenta anos depois de sua morte, em 18 de julho de 1323, João
XII, papa em Avinhão, declarou Tomás de Aquino santo[116].
Num mosteiro de
Nápoles, perto da catedral de São Januário de Benevento, uma cela na
qual São Tomás supostamente viveu ainda é visitada por peregrinos. Seus restos
estão abrigados na Igreja dos Jacobinos em Toulouse desde
28 de junho de 1369. Entre 1789, data da Revolução Francesa, e 1974, eles estiveram na Basilique de Saint-Sernin. Neste anos,
foram devolvidos à Igreja dos Jacobinos onde estão até hoje.
Quando foi
canonizado, a festa de São Tomás foi incorporada ao Calendário Geral Romano
em 7 de março, o dia de sua morte. Como esta data geralmente cai na Quaresma, a
festa foi modificada para 28 de janeiro, a data da translação de suas relíquias
para Toulouse[117][118].
· Influência moderna
Muitos
estudiosos da ética,
dentro e fora da Igreja Católica (notavelmente Philippa
Foot e Alasdair MacIntyre), comentaram em tempos
recentes sobre a possibilidade de utilizar a ética de virtude de Aquino como
meio de evitar o utilitarismo ou a deontologia
de Kant (o
"senso do dever"). Pelas obras de filósofos do séc. XX como Elizabeth
Anscombe (especialmente no livro "Intention"), o princípio do duplo efeito de Aquino e sua
teoria da atividade intencional tem sido muito influentes.
O neurocientista
cognitivo Walter Freeman
afirmou que o tomismo é o sistema filosófico sobre a cognição que é mais
compatível com a neurodinâmica num artigo de 2008 no periódico "Mind
and Matter" intitulado "Nonlinear Brain Dynamics and Intention
According to Aquinas" ("Dinâmica e Intenção Cerebral Não-lineares
Segundo Aquino").
As teorias estéticas
de Aquino, especialmente seu conceito de claritas, influenciaram
profundamente a obra do autor modernista James
Joyce, que costumava dizer que Aquino estava atrás apenas de Aristóteles
entre os filósofos ocidentais. Ele fez referências ao pensamento de Aquino
através da "Elementa philosophiae ad mentem D. Thomae Aquinatis
doctoris angelici" (1898), de Girolamo Maria Mancini, professor de
teologia no famoso Collegium Divi Thomae de Urbe[119],
como, por exemplo, em "Portrait of the Artist as a
Young Man"[120].
As obras do semiótico
italiano Umberto
Eco também foram influenciadas pela estética de Aquino, principalmente no
ensaio que ele escreveu sobre Tomás de Aquino publicada em 1956 e republicada,
revisada, em 1988.
· Crítica de Bertrand
Russell
Bertrand
Russell criticou a filosofia de Aquino por que:
Ele
não persegue, como o platónico Sócrates, o argumento até onde ele possa levar. Ele não se mostra engajado no
inquérito, cujo resultado é impossível saber de antemão. Antes de começar a
filosofar, ele já sabe a verdade; a que está declarada na fé católica. Se ele
consegue encontrar argumentos aparentemente racionais para partes da fé,
melhor; se não consegue, basta-lhe recuar para o uso da revelação. A busca por
argumentos para uma conclusão dada de antemão não é filosofia e sim uma súplica
especial. Não posso, portanto, concordar que ele mereça ser considerado no
mesmo nível dos melhores filósofos, seja da Grécia ou de tempos modernos — Bertrand
Russell, Uma História da
Filosofia Ocidental[121].
Esta crítica
pode ser ilustrada com alguns dos exemplos (todos com base no raciocínio de
Russell):
- Aquino
defende a indissolubilidade
do matrimônio
"afirmando que o pai é útil para a educação das crianças, (a) por
que é mais racional que a mãe, (b) por que, sendo mais forte, está melhor
capacitado a infligir a punição corporal"[122]. Independente
da visão moderna sobre a educação, "nenhum seguidor de São Tomás
de Aquino iria, com base neste relato, deixar de acreditar na monogamia
perpétua só por que a motivação real desta crença não são as alegadas [por
ele]"[122]. Esta
argumentação, porém, pode ser amenizada pelo fato de que o matrimônio, na
"Suma", está no volume "suplementar", que não foi
escrito por Aquino[123]. Além disso,
como já mencionado, a
introdução dos conceitos pagãos de Aristóteles e Averróis no
cristianismo por Aquino é de aceitação controversa.
- A visão de
Aquino sobre Deus como causa primeira, em acordo com sua quinque viae, "depende
da suposta impossibilidade de uma série não ter um primeiro termo. Todo
matemático sabe que não existe esta impossibilidade; a série de inteiros negativos, que termina
em -1, é uma ocorrência do contrário"[122].
- As afirmações
sobre a essência e a existência de Deus são fruto da lógica aristotélica e
se baseiam em "alguma forma de confusão sintática, sem a qual
muito da argumentação sobre Deus perderia sua plausibilidade"[122].
Tomistas
- Alasdair
MacIntyre
- Álvaro Calderón
- Antonin-Gilbert Sertillanges
- Édouard Hugon
- Étienne
Gilson
- G.
E. M. Anscombe
- Brian Davies
- Carlos Nougué
- Daniel Scherer
- H.D. Gardeil
- Jacques
Maritain
- Jay Budziszewski
- James V. Schall
- Jean-Pierre
Torrel
- João de Santo Tomás
- Josef Pieper
- Paulo Faitanin
- Ralph McInerny
- Reginald Garrigou-Lagrange
- Sidney Silveira
Ver também
· Pange Lingua
Gloriosi Corporis Mysterium
Notas
[a] ^ O título Doctor
Communis é do séc. XIV; Doctor Angelicus, do séc. XV[124]. Tolomeo da Lucca escreveu em sua
"História Eclesiástica" (1317): "Este homem é supremo entre os
modernos professores de teologia e filosofia e, na verdade, de todos os
assuntos. E esta é a opinião e visão de todos, tanto que, atualmente, na Universidade
de Paris,
chamam-no de 'Doctor Communis' por causa da extraordinária clareza de sua
doutrina"[125].
Referências
1. «Saint Thomas Aquinas». Saints (em inglês) Texto "
publicado SPQN"
2.
Conway, John Placid, O.P.,
Father (1911). Saint Thomas
Aquinas (em inglês). Londres: [s.n.]
3.
Rev. Vaughan, Roger Bede
(1871). The Life and Labours of St. Thomas of Aquin (em inglês). I.
Londres: [s.n.]
4. Pio XI, Studiorum Ducem 11
(29 June 1923), AAS, XV ("non modo Angelicum, sed etiam Communem seu Universalem
Ecclesiae Doctorem")
5.
John O'Callaghan, Saint Thomas Aquinas, Stanford Encyclopedia of Philosophy, 19/03/2014, (em inglês)
6. «Saint Thomas
Aquinas» (em inglês).
Enciclopédia Britânica
7. Código do Direito
Canônico,
Can. 252, §3 [1]
8.
Bento XV Encíclica Fausto appetente
die 29
de junho de 1921, AAS 13 (1921), 332; Pius XI Encyclical Studiorum Ducem §11, 29 June 1923,
AAS 15 (1923), cf. AAS 17 (1925) 574; Paulo VI, 7 de março de 1964 AAS 56
(1964), 302 (Bouscaren, vol. VI, pp. 786-88).
9.
Jean-Pierre Torrell, Saint
Thomas Aquinas: The Person and His Work, CUA press, 2005, p. 3. Google Books.
10.
Hampden, The Life, p. 14.
11.
Stump, Aquinas, p. 3.
12.
Schaff, Philip (1953). Thomas
Aquinas, pp. 422-23.
13.
Davies, Aquinas: An
Introduction, pp. 1-2
14.
Davies, Aquinas: An
Introduction, p. 2
15.
Grabmann, Martin. Virgil
Michel, trans. Thomas Aquinas: His Personality and Thought (Kessinger
Publishing, 2006), pp. 2.
16.
Hampden, The Life, pp.
21-22.
17.
Collison, Diane, and Kathryn
Plant. Fifty Major Philosophers. 2nd ed. New York: Routledge, 2006.
18.
Hampden, The Life, p.
23.
19.
Hampden, The Life, p.
24.
20.
Hampden, The Life, p.
25.
21.
Hampden, The Life, pp.
27-28.
22.
Hampden, The Life, p.
33.
23.
Healy, Theologian, p. 2.
24.
Stump, Aquinas, p. xvi.
25.
Davies, The Thought, p.
5.
26.
Aquinas, Thomas; Richard J. Regan, Brian Davies
(2003). On Evil. [S.l.]: Oxford University Press US. p. 5. ISBN 0-19-509183-3
27.
Stump, Aquinas, p. 4.
28.
Davies, Aquinas: An
Introduction, pp. 3-4.
29.
Stump, Aquinas, p. xvii.
30.
Davies, Aquinas: An Introduction,
p. 4.
31.
Healy, Theologian, p. 4.
32.
"Fr. Thome de
Aquino iniungimus in remissionem peccatorum quod teneat studium Rome, et
volumus quod fratribus qui stant secum ad studendum provideatur in necessariis
vestimentis a conventibus de quorum predicatione traxerunt originem. Si autem
illi studentes inventi fuerint negligentes in studio, damus potestatem fr.
Thome quod ad conventus suos possit eos remittere" (Acta Capitulorum Provincialium, Provinciae Romanae
Ordinis Praedicatorum, 1265, n. 12)
33.
Compendium Historiae Ordinis Praedicatorum, A.M. Walz,
Herder 1930, 214
34.
Marian Michèle Mulchahey,
"First the bow is bent in study": Dominican education before 1350,
1998, Accessed 6-30-2011 p. 278-279
35.
Ptolomaei Lucensis historia
ecclesiastica nova, xxii, c.
36.
Summa Theologiae, I, 1, prooemium
37.
Davies, Aquinas: An
Introduction, p. 5.
38. «Vida de Santo
Tomás de Aquino» (em
espanhol). Aquinatis, Brunacci,
Nicola (1924). S. Tommaso d'Aquino
(Miscellanea Storico-Artistica). Un Secondo S. Tommaso (em italiano). [S.l.]: Societá Tipografica A.
Manunzio
39.
«Beato Tommasello da Perugia» (em italiano). Santi e Beati
40.
Marian Michèle Mulchahey,
"First the bow is bent in study": Dominican education before 1350,
1998, p. 323.
41. Stump, Aquinas, pp.
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42. Stump, Aquinas, p.
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43.
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44.
McInerney, Against the Averroists,
p. 10.
45. Guilelmus de Tocco, Ystoria sancti
Thome de Aquino de Guillaume de Tocco (1323), Pontifical Institute of
Mediaeval Studies, 1996, p. 162.
47.
Davies, The Thought, p.
9.
48.
McBride, William Leon (1997). The Development
and Meaning of Twentieth-century Existentialism. [S.l.]: Taylor and Francis.
p. 131. ISBN 0-8153-2491-X
49.
McInerny, Ralph and John
O'Callaghan, "Saint Thomas Aquinas", The Stanford
Encyclopedia of Philosophy (Fall 2008 Edition), Edward N. Zalta (ed.)
50.
Nichols, Discovering Aquinas,
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51.
Hampden, The Life, p.
46.
52.
Healy, Theologian, p. 7.
53.
Healy, Theologian, p. 8.
54.
Aquinas, Reader, p. 12.
55.
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47.
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(em inglês). Em domínio
público.
· Suma Teológica em português e outros
textos do Aquinate
· Revista
Eletrônica de Estudos Tomistas: aquinate.net
· Lumen Veritatis - Revista de Inspiração Tomista
· Obra completa (em latim)
· Nova Escola - Reportagem
- Tomás de Aquino - O pregador da razão e da prudência
Ebooks:
Thomas_Aquinas, 1225 - 1274
Suma
Teológica, em versão quase integral (em português)
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