Guilherme de
Ockham,
Guilherme de
Ockham, conhecido como o « doutor invencível » (Doctor
Invincibilis) e o « iniciador venerável » (Venerabilis
Inceptor), nasceu na vila de Ockham, nos arredores de Londres, na Inglaterra,
em 1285, e dedicou seus últimos anos ao estudo e à meditação num convento de Munique, onde
morreu em 9 de abril de 1347, possivelmente vítima da peste
negra.
Biografia
Quando ainda em
idade precoce, ingressou na Ordem
Franciscana, onde estudou Filosofia.Acredita-se que ainda jovem, foi para a Universidade de Oxford ensinar ciências
filosóficas e matemática, mas nunca teria concluído seu mestrado (o
habitual grau de graduação naqueles tempos).[2]
Teve contato com outro franciscano, o filósofo e teólogo, Duns Scot,
do qual se tornou discípulo. Escreveu vários ensaios sobre as Sententiarum
Libri (Sentenças) do teólogo Pedro
Lombardo.
Um ponto
drástico de sua vida ocorreu quando Occam chegou à conclusão de que o papa
João XXII estava defendendo uma heresia acerca da pobreza evangélica.[3]
Em função da controvérsia que surgiu, Occam fugiu para Pisa, e, em seguida,
acompanhou o imperador Luís da Baviera para Munique. Em
Munique, continuou a atacar a figura do Papa, redigiu vários ensaios abordando
a infalibilidade papal, defendendo a tese de que a autoridade do líder é
limitada pelo direito natural e pela liberdade dos liderados, esta afirmada
nos Evangelhos, deixando sua situação com a Igreja cada vez mais difícil. Um de
seus argumentos mais fortes foi a afirmação categórica que um cristão não
contraria os ensinamentos evangélicos ao se colocar ao lado do poder temporal
em disputa com o poder papal.
· Guilherme de Ockham e o conceito de Liberdade
É um filósofo
que deixa transparecer sua intensa luta pela liberdade. O
indivíduo seria capaz de escolher e saber o que é certo e errado sem nenhuma
intervenção exterior. O homem teria o direito de decidir o seu fim e a
sociedade não deveria impor nada a ele. Para a ética, a
liberdade é o assunto por excelência. A liberdade é muito importante para a
ética, porque se ocupa do livre arbítrio, da finalidade de nossa vida e
existência.
Para Ockham, a
liberdade apresenta-se como a possibilidade que se tem de escolher entre o sim
ou o não, de poder escolher entre o que me convém ou não e decidir e dar conta
da decisão tomada ou de simplesmente deixar acontecer.
A preocupação de
Guilherme de Ockham é com o fato de que o poder organizado e moralizado é
contrário à natureza e à liberdade a nós concedida por Deus. Isto não é
admitido como verdade por todos os filósofos, e no pensamento medieval do qual
Ockham é um representante, isso era uma total desestruturação de uma cultura
organizacional e sociedades vigentes.
Ockham denuncia
aqueles que em nome da religião, passaram a usurpar o livre arbítrio. E que tais
usurpadores entendem, assim como ele, a liberdade como um dom de Deus e da
natureza.
Ockham situa a
ação humana no indivíduo e suas escolhas reais e concretas, presentes não em
verdade ou entes universais, mas nas coisas e situações particulares,
individuais. Distingue faculdades humanas de faculdades animais, ou seja, o
homem possui a capacidade de viver pela arte e pela razão, que no
entendimento do filósofo seriam as faculdades humanas e é por elas que deve
agir e não pelas faculdades animais (seus instintos).
Pressupõe-se assim que é de nossa própria natureza a capacidade de escolha
exercida por meio do livre arbítrio, entendida como presente de Deus e da natureza.
· O princípio de Ockham
Occam escreveu
sua obra cognominada Ordinatio, esta discorria que todo conhecimento
racional tem base na lógica, de acordo com os dados proporcionados pelos
sentidos.
Uma vez que nós
só conhecemos entidades palpáveis, concretas, os nossos conceitos não passam de
meios linguísticos para expressar uma idéia, portanto, precisam da realidade
física, para as comprovações.
Criou a máximas pluralidades
não devem ser postas sem necessidade (em latim: pluralitas
non est ponenda sine neccesitate), chamado de a Navalha
de Occam, no inglês, Occam's Razor.
· A Navalha de Ockham
Conceito
bastante revolucionário para a época, a Navalha
de Occam defende a intuição
como ponto de partida para o conhecimento do universo.
Occam com
destreza conseguiu demonstrar que o "Duns Scotus", princípio
da economia,
conhecido como a "navalha de Occam", estabelece que "as
entidades não devem ser multiplicadas além do necessário, a natureza é por si
econômica e não se multiplica em vão".
· O confronto de duas teorias
Este é um
princípio filosófico que reza o seguinte: existindo diversas teorias
e não havendo evidências que comprovem se é mais verdadeira
alguma em relação a outras, vale a mais simples, ou se existirem dois
caminhos que levem ao mesmo resultado, usa-se o mais curto, e que pode ser provado
sensorialmente. Em outras palavras, não se deve aplicar a um fenômeno
nenhuma causa que não seja logicamente dedutível da experiência sensorial.
A regra, inspirada na economia medieval, foi usada pelo filósofo para eliminar
muitas das entidades com que os pensadores escolásticos explicavam a realidade.
· O erro do simplismo
O simplismo
aparente da Navalha de Occam, se mal aplicado, pode muitas
vezes nos induzir a erros de avaliação em determinados momentos da lógica. Por
exemplo, ao efetuarmos determinados experimentos, nem sempre a simplificação é
correta, mesmo que o resultado seja muito próximo, ou até idêntico, porém é
bastante útil quando o utilizamos em experimentos práticos para comprovar se
teorias matemáticas num determinado campo são concordantes.
· Simplicidade e perfeição
Nem sempre a
simplicidade é a perfeição, mas a perfeição quase sempre é simples. Muitos
autores usam a expressão de que, a simplicidade é a perfeição, quando se
lida com experimentos que exigem certo grau de complexidade. Ao utilizar
soluções simplistas de análise, poder-se-á incorrer em erros que podem destruir
muitas vezes um trabalho de anos. Simplicidade não é sinônimo de facilidade ou
simplismo. Em geral obter uma visão ou uma explicação simples para temas
complexos exige um esforço maior do que criar visões complexas, mesmo que
corretas, sobre o mesmo tema.
O Cálculo Diferencial e Integral, assim como grande parte das descobertas
científicas da humanidade certamente passou, ao longo de sua história,
por inúmeras reformulações decorrentes do aprendizado
e realimentação pelas comunidades científicas (Em geral na física e na matemática)
até chegar ao currículo básico de qualquer curso de matemática de nível
superior. A simplicidade é consequência da experiência, da criatividade e da
capacidade de sintetização, além de outros talentos.
· Princípios de análise lógica
Um dos mais
importantes é a falta de dados para comprovar se a teoria A é mais
correta que a teoria B, ambas tendo o mesmo resultado, porém os cálculos
e argumentos da teoria A sendo muito mais complexa que para a teoria B. A
comunidade científica escolherá sempre a segunda opção, a mais simples.
· Einstein e as simplificações
Provavelmente,
quando escreveu que as teorias devem ser tão simples quanto possível, mas
nem sempre devemos escolher as mais simples, Albert
Einstein estava se referindo ao princípio de Occam
Ver
também
Referências
1.
MERINO, José A. "História de
2. Brundage, James
(2008). Wilfried Hartmann e Kenneth Pennington, ed. The history of medieval canon law in the classical
period (em inglês). 6°. [S.l.]: Catholic Univ. of America Press. p. 115.
456 páginas. ISBN 0813214912. Consultado em 19
de dezembro de 2012
3. Spade, Paul Vincent, "William of Ockham", The Stanford Encyclopedia of Philosophy (Fall 2008 Edition),
Edward N. Zalta (ed.).
Ligações
externas
·
(em inglês) William of Ockham
(Occam, c. 1280—c. 1349). Internet
Encyclopedia of Philosophy ISSN 2161-0002
·
(em
castelhano) Guillermo de Ockham, por José Antonio
Merino, O.F.M.
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