Odilo de Cluny, O.S.B., (em latim: Odilo Cluniacensis) foi o quinto[1] abade da Abadia beneditina de Cluny e permaneceu no posto por 54 anos.
Biografia
Odilo era
descendente da nobreza de Auvergne e entrou para o clero no seminário
de São Juliano em Brioude. Em 991, entrou para Cluny e, antes do final de seu
ano probatório, foi feito coadjutor do abade Mayeul.
Pouco antes da
morte dele (994), Odilo foi nomeado abade e recebeu as ordens
sagradas. O rápido desenvolvimento do mosteiro sob
sua direção se deu principalmente por sua gentileza e clareza, sua propensão ao
trabalho e capacidade de organização. Odilo era um homem de oração e
penitência, zeloso na observância do Ofício Divino e do espírito
monástico. Ele encorajava o estudo em seus mosteiros e pediu ao monge Radolfo Glaber
que escrevesse uma história de sua época. Odilo mandou erigir um magnífico
edifício para abrigar o mosteiro e reformou outros mosteiros beneditinos. No
reinado de Afonso VI, a ordem se espalhou para o Reino
de Castela
Em Cluny, a
"Regra de São Bento" foi substituída por
outra local, chamada "Regra de Isidoro". Ao
tornar dependentes os mosteiros reformados ou recém-fundados em Castela, Odilo
preparou o caminho para a futura união dos mosteiros, que Hugo
criou para manter a ordem e a disciplina. O número de mosteiros cresceu de
trinta e sete para sessenta e cinco, dos quais cinco eram novos e vinte e três
seguiram o movimento reformista. Alguns dos mosteiros reformados por Cluny
acabaram reformando em seguida sua abadia; assim, a Abadia de São Vannes, na Lorena, acabou reformando depois muitos outros
mosteiros na região da fronteira franco-alemã.
Pelos bons
serviços prestados à ordem durante a reforma, Odilo foi chamado por Fulberto de Chartres, o "arcanjo dos
monges", e, através de suas boas relações com papas, monarcas e
bispos da época, o monasticismo de Cluny passou a ser promovido. Odilo viajou
nove vezes para Itália e participou de diversos sínodos lá. João
XIX e Bento IX ofereceram-lhe a arquidiocese de Lyon, mas ele recusou. A
partir de 998, Odilo ganhou também influência sobre o imperador Otão III
e já era amigo de Henrique II quando ele, por motivos
políticos, buscou reduzir a independência espiritual dos mosteiros germânicos.
Porém, a reforma de Cluny jamais teve grande sucesso na Alemanha, pois ali os
monges eram mais inclinados ao individualismo. Em 1046, Odilo esteve presente à
coroação de Henrique III
Odilo e seus confrades
se interessaram pela reforma da Igreja que se iniciou na época. Não seguiam um
programa político-eclesiástico específico, mas dirigiram seus ataques
principalmente contra ofensas individuais como a simonia, casamento
do clero e o casamento não-canônico dos leigos. A Santa Sé
dependia na época dos religiosos de Cluny para conseguir se levantar de uma
posição humilhante que se encontrava e se reformar (vide Saeculum
obscurum).
Odilo morreu
durante uma visita ao Priorado de Souvigny no
final de 1048 ou início de 1049.
Obras
A conclusão da Paz de
Deus (Treuga Dei), para a qual Odilo vinha trabalhando desde 1041,
teve grande importância econômica. Durante as grandes fomes da época
(principalmente entre 1028 e 1033), Odilo manteve-se ativo nas obras de
caridade e salvou milhares da morte.
Foi Odilo quem
criou o feriado de Dia de Todos os Santos
(em 2 de novembro) para ser celebrado em Cluny e em todos os mosteiros da ordem
(provavelmente não em 998, mas depois de 1030) e a festa logo passou a ser
celebrada por todo o cristianismo ocidental.
De seus
escritos, restaram apenas alguns mais breves e menos importantes: uma "Vita
da imperatriz
Santa Adelaide, de quem era próximo; uma curta biografia de seu antecessor,
Mayeul; sermões sobre algumas festas do ano
litúrgico; alguns hinos e orações; umas poucas cartas de sua extensiva
correspondência.
Devoção
Odilo foi
enterrado no Priorado de Souvigny, onde morreu, e rapidamente passou a ser venerado
como santo. Em
1063, Pedro Damião assumiu o processo de canonização
e escreveu uma breve biografia sobre ele, baseada no trabalho de Jotsaldo, um
dos monges de Odilo que o acompanhava em suas viagens.
Em 1793, as
relíquias de Odilo e de Mayeul foram queimadas por revolucionários franceses.
Referências
1. Bernard McGinn, The
Growth of Mysticism, (1994), afirma que Odilo foi o "terceiro"
abade de Cluny.
· "St. Odilo" na edição de
1913 da Enciclopédia
Católica
(em inglês). Em domínio
público.
Ligações
externas
·
Daniel
Schwenzer: Odilo de Cluny. Em: Biographisch-Bibliographisches Kirchenlexikon (BBKL).
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