domingo, 11 de outubro de 2020

GEOFFREY CHAUCER (c.1343 - 1400)


Geoffrey Chaucer (c. 1343 - 25 de outubro, 1400) foi um escritor, filósofo, cortesão e diplomata inglês. Embora tenha escrito muitas obras, é mais lembrado pela sua obra narrativa inacabada, Os Contos da Cantuária ("The Canterbury Tales" em inglês), uma das mais importantes da literatura inglesa medieval.

 

Às vezes chamado de pai de literatura inglesa, é atribuído a Chaucer por alguns estudiosos o fato de ter sido o primeiro autor a demonstrar a legitimidade artística do inglês nativo, em vez do francês ou do latim.

 

Biografia

 

Chaucer nasceu por volta de 1343, em Londres, embora a data exata e o local do seu nascimento não sejam conhecidos. Seu pai e seu avô eram ambos fabricantes de vinho em Londres e, antes disso, há várias gerações, os membros da família eram comerciantes em Ipswich. Seu nome é derivado do francês chausseur, significando sapateiro.[1] Em 1324 John Chaucer, pai de Geoffrey, foi raptado por uma tia, na esperança de casar o menino de doze anos de idade com sua filha, na tentativa de manter a propriedade em Ipswich. A tia foi presa e a multa de 250 libras cobrada sugere que a família estava bem financeiramente, pertencente à classe média alta, se não à elite.[2] John casou-se com Agnes Copton, que em 1349 herdou as propriedades, incluindo 24 lojas em Londres, de seu tio, Hamo de Copton, que é descrito como o "fabricante de moeda" na Torre de Londres.

 

Há poucos detalhes do início da vida e da educação de Chaucer, mas em comparação com poetas contemporâneos da mesma época, William Langland e Pearl Poet, sua vida é bem documentada, com cerca de quinhentos itens escritos que atestam a sua carreira. A primeira vez que é mencionado é em 1357, nas contas domésticas de Elizabeth de Burgh, a condessa de Ulster, quando ele se tornou pajem da condessa por meio de conexões de seu pai.[3] Trabalhou também como um cortesão, diplomata e funcionário público, bem como trabalhou para o rei, coletando e inventariando sucata.

 

Em 1359, nos primeiros estágios da Guerra dos Cem Anos, Eduardo III invadiu a França e Chaucer viajou com Leonel de Antuérpia, marido de Elizabeth, como parte do exército inglês. Em 1360, foi capturado durante o cerco de Reims, tornando-se um prisioneiro de guerra. Eduardo III contribuiu com 16 libras, como parte de um resgate,[4] e Chaucer foi liberado.

 

Após isso, a vida de Chaucer é incerta, mas ele parece ter viajado à França, Espanha e Flandres, possivelmente como um mensageiro, e talvez até mesmo ter ido em peregrinação a Santiago de Compostela. Por volta de 1366, casou-se com Filipa (de) Roet. Ela era uma dama de companhia da rainha de Edward III, Filipa de Hainault, e uma irmã de Katherine Swynford, que mais tarde (c. 1396) se tornou a terceira esposa do amigo e patrono de Chaucer, João de Gante. É incerto quantos filhos Chaucer e Filipa tiveram, mas três ou quatro são mais comumente citados. Seu filho, Thomas Chaucer, teve uma carreira brilhante, como copeiro-mor de quatro reis, enviado à França, e Presidente da Câmara dos Comuns. A filha de Thomas, Alice, casou-se com o duque de Suffolk. O bisneto de Thomas (trineto de Geoffrey), João de la Pole, Conde de Lincoln, era o herdeiro ao trono designado por Ricardo III antes de ser deposto. Outros filhos de Geoffrey provavelmente incluíam Elizabeth Chaucy, uma freira na Abadia de Barking,[5][6] Agnes, uma assistente da coroação de Henrique IV e outro filho, Lewis Chaucer.

 

Chaucer pode ter estudado Direito no Inner Temple (uma Inn of Court, corporação profissional de advogados) por volta dessa época, embora a prova definitiva esteja faltando. Tornou-se um membro da corte real de Eduardo III em 20 de junho de 1367 em uma posição que poderia acarretar qualquer número de postos de trabalho. Sua esposa também recebeu uma pensão para um emprego na corte. Ele viajou ao exterior muitas vezes, pelo menos alguns deles em seu papel de um valete. Em 1368, ele pode ter assistido ao casamento de Leonel de Antuérpia com Violante, filha de Galeazzo II Visconti, em Milão. Duas outras estrelas literárias da época estavam presentes: Jean Froissart e Petrarca. Por esta altura, acredita-se que Chaucer tenha escrito The Book of the Duchess (O Livro da Duquesa) em homenagem a Branca de Lencastre, a última esposa de João de Gante, que morreu em 1369.

 

Considerado um dos grandes poetas da língua inglesa, tendo antecedido William Shakespeare no refinamento poético e no hábil trabalho com a língua, Chaucer viveu como uma espécie de agregado da corte, o que lhe garantiu excelente educação e também a possibilidade de dedicar-se às letras.

 

Durante o período em que foi feito prisioneiro na França, teve contato com a poesia cortês, que aguça seu ouvido de poeta para a musicalidade. Seu interesse pela poesia de corte foi crescente e acabou por gerar uma tradução do famoso Roman de la Rose.[7]

 

Possivelmente no ano de 1343, filho de um próspero mercador de vinhos, Geoffrey Chaucer conseguiu sobreviver na infância à peste negra. Quando jovem, teve excelente formação ao se tornar pajem da corte do rei Eduardo III, consagrando-se como um renomado tradutor do francês e do latim. Daí ele incorporar nos seus Contos da Cantuária, iniciados em 1386, passagens inteiras de obras como Roman de la Rose de Guillaume de Lorris e da Consolatione philosophiae do filósofo Boécio.

 

Mais ainda o mundo se lhe ampliou com suas missões diplomáticas cumpridas entre 1370-1378. Homem educado na corte, afeito aos tratados, enviaram-no ao Flandres, à Navarra, à França, e à Itália, onde entrou em contato direto com a obras de Dante, de Boccaccio e de Petrarca. A riqueza filológica que o cercava foi incorporada à sua obra, dotando a língua Inglesa, desde aqueles tempos, da abertura e plasticidade que a fez um idioma universal por excelência, sempre pronto a acolher as contribuições estrangeiras vindas das mais diversas precedências.

 

Chaucer morreu em 25 de outubro de 1400. Abalado pela deposição de Ricardo II, ocorrida em 1399, o novo monarca, Henrique Bolingbroke (ambos os reis futuros personagens de Shakespeare), no entanto, restaurou-lhe a pensão que lhe havia sido retirada, impedindo que outras desgraças o perturbassem, mas então já foi tarde. Ele foi o primeiro homem de letras a ser enterrado em Westminster, a abadia que abrigava as sepulturas reais da Inglaterra.

 

Obras


·        Ebook: Troilus and Criseyde


 

Troilus and Criseyde (Modern English: /ˈtrɔɪləs ən ˈkrɛsᵻdə/) is a poem by Geoffrey Chaucer which re-tells in Middle English the tragic story of the lovers Troilus and Criseyde set against a backdrop of war during the Siege of Troy. It was composed using rime royale and probably completed during the mid 1380s. Many Chaucer scholars regard it as the poet's finest work. As a finished long poem it is more self-contained than the better known but ultimately uncompleted Canterbury Tales. This poem is often considered the source of the phrase: "all good things must come to an end" (3.615).

 

Although Troilus is a character from Ancient Greek literature, the expanded story of him as a lover was of Medieval origin. The first known version is from Benoît de Sainte-Maure's poem Roman de Troie, but Chaucer's principal source appears to have been Boccaccio who re-wrote the tale in his Il Filostrato. Chaucer attributes the story to a "Lollius" (whom he also mentions in The House of Fame), although no writer with this name is known.[1] Chaucer's version can be said to reflect a less cynical and less misogynistic world-view than Boccaccio's, casting Criseyde as fearful and sincere rather than simply fickle and having been led astray by the eloquent and perfidious Pandarus. It also inflects the sorrow of the story with humour.

 

The poem had an important legacy for later writers. Robert Henryson's Scots poem The Testament of Cresseid imagined a tragic fate for Criseyde not given by Chaucer. In historical editions of the English Troilus and Criseyde, Henryson's distinct and separate work was sometimes included without accreditation as an "epilogue" to Chaucer's tale. Other texts, for example John Metham's Amoryus and Cleopes (c. 1449), adapt language and authorship strategies from the famous predecessor poem.[2] Shakespeare's tragedy Troilus and Cressida, although much blacker in tone, was also based in part on the material.

 

Troilus and Criseyde is usually considered to be a courtly romance, although the generic classification is an area of significant debate in most Middle English literature. It is part of the Matter of Rome cycle, a fact which Chaucer emphasizes.[3]

 

Characters

  • Achilles, a Greek warrior
  • Antenor, a soldier held captive by the Greeks, traded for Criseyde's safety, eventually betrays Troy
  • Calchas, a Trojan prophet who joins the Greeks
  • Criseyde, Calchas' daughter
  • Diomede, woos Criseyde in the Greek Camp
  • Helen, wife to Menelaus, lover of Paris
  • Pandarus, Criseyde's uncle, who advises Troilus in the wooing of Criseyde
  • Priam, King of Troy
  • Cassandra, Daughter of Priam, a prophetess at the temple of Apollo
  • Hector, Prince of Troy, fierce warrior and leader of the Trojan armies
  • Troilus, Youngest son of Priam, and wooer of Criseyde
  • Paris, Prince of Troy, lover of Helen
  • Deiphobus, Prince of Troy, aids Troilus in the wooing of Criseyde.

 

Synopsis

 

Calchas, a soothsayer, foresees the fall of Troy and abandons the city in favour of the Greeks; his daughter, Criseyde, receives some ill will on account of her father's betrayal. Troilus, a warrior of Troy, publicly mocks love and is punished by the God of Love by being struck with irreconcilable desire for Criseyde, whom he sees passing through the temple. With the help of sly Pandarus, Criseyde's uncle, Troilus and Criseyde begin to exchange letters. Eventually, Pandarus develops a plan to urge the two into bed together; Troilus swoons when he thinks the plan is going amiss, but Pandarus and Criseyde revive him. Pandarus leaves, and Troilus and Criseyde spend a night of bliss together. Calchas eventually persuades the Greeks to exchange a prisoner of war, Antenor, for his daughter Criseyde. Hector, of Troy, objects; as does Troilus, although he does not voice his concern. Troilus speaks to Criseyde and suggests they elope but she offers a logical argument as to why it would not be practical. Criseyde promises to deceive her father and return to Troy after ten days; Troilus leaves her with a sense of foreboding. Upon arriving in the Greek camp, Criseyde realizes the unlikeliness of her being able to keep her promise to Troilus. She writes dismissively in response to his letters and on the tenth day accepts a meeting with Diomede, and listens to him speak of love. Later, she accepts him as a lover. Pandarus and Troilus wait for Criseyde: Pandarus sees that she will not return and eventually Troilus realizes this as well. Troilus curses Fortune, even more so because he still loves Criseyde; Pandarus offers some condolences. The narrator, with an apology for giving women a bad name, bids farewell to his book, and briefly recounts Troilus's death in battle and his ascent to the eighth sphere, draws a moral about the transience of earthly joys and the inadequacy of paganism, dedicates his poem to Gower and Strode, asks the protection of the Trinity, and prays that we be worthy of Christ's mercy.[4][5]


·  Ebook: The Canterbury Tales / Geoffrey Chaucer ; edited by Walter W. Skeat

 

The Canterbury Tales (Os Contos da Cantuária, ou Os Contos de Canterbury, em inglês) é uma coleção de histórias (duas delas em prosa, e outras vinte e duas em verso) escritas a partir de 1387 por Geoffrey Chaucer, considerado um dos consolidadores da língua inglesa. Na obra, cada conto é narrado por um peregrino de um grupo que realiza uma viagem desde Southwark (Londres) à Catedral de Cantuária para visitar o túmulo de São Thomas Becket. A estrutura geral é inspirada no Decamerão, de Boccaccio.

 

A coleção de personagens dos Contos da Cantuária é muito rica, com representantes de todas as classes sociais, e os temas são igualmente variados. Os contos são recheados de acontecimentos curiosos, passagens pitorescas, citações clássicas, ensinamentos morais, relacionados à vida e aos costumes do séc. XIV na Inglaterra. Escrita em inglês médio, a obra foi importante na consolidação deste idioma como língua literária em substituição ao francês e ao latim, ainda utilizados na época de Chaucer em preferência ao inglês.

 

Redação e manuscritos

Não se sabe ao certo quando foram escritos os Contos da Cantuária, mas menções em outras obras de Chaucer permitem concluir que a maior parte dos contos foi redigida a partir dos últimos anos da década de 1380 até a morte do autor, em 1400.[1] De acordo com o que Chaucer explica no Prólogo Geral da obra, o plano original previa que haveria quatro contos por cada personagem.[2] Chaucer morreu sem conseguir completar esse imenso plano, e assim a obra pode ser considerada inacabada. Além disso há um conto, o do Cozinheiro, que permaneceu sem o final.

 

Existem atualmente 83 manuscritos medievais dos Contos, com textos mais ou menos completos.[3] Esse grande número de manuscritos é evidência da grande popularidade da obra ao longo do séc. XV na Inglaterra. Nenhum deles é do punho do próprio Chaucer, mas alguns parecem haver sido copiados por escribas pouco tempo depois da sua morte. Um dos mais importantes é o manuscrito Hengwrt, copiado entre 1400 e 1410 e quase completo, que preserva a linguagem de Chaucer com bastante exatidão.[4] O manuscrito mais famoso, apesar de ter muitas edições que o afastam do original de Chaucer, é o manuscrito Ellesmere, belamente decorado com iluminuras.[5]

 

A primeira versão impressa dos Contos foi publicada em 1476 por William Caxton em Westminster, seguida de outra em 1483.[6] A obra foi, assim, a primeira grande obra em língua inglesa a ser impressa. Seguiram-se muitas outras edições ao longo dos séculos seguintes.[7]

 

Os diferentes manuscritos da obra apresentam os contos em diferente ordem, não sendo sabido a ordem pensada por Chaucer.[8] Alguns, porém, apresentam clara relação um com o outro, o que ajuda a estabelecer uma ordem de alguns contos, agrupados em "fragmentos".[9] Um ordenamento popular nas edições dos Contos é o seguinte:

 

Fragmento e Contos

Fragmento I(A) - Prólogo geral, Cavaleiro, Moleiro, Carpinteiro, Cozinheiro

Fragmento II(B¹) - Jurista

Fragmento VII(B²) - Marinheiro, Prioresa, Sir Thopas, Melibeu, Monge, Capelão das monjas

Fragmento VI(C) - Médico, Vendedor de indulgências

Fragmento III(D) - Mulher de Bath, Frade mendicante, Oficial de justiça

Fragmento IV(E) - Estudante, Mercador

Fragmento V(F) - Escudeiro, Proprietário de terras

Fragmento VIII(G) - Segunda freira, Criado do cônego

Fragmento IX(H) - Provedor

 

·        Linguagem

Chaucer escreveu em inglês médio, mais especificamente no dialeto londrino, que com o tempo contribuiria ao dialeto adotado como padrão para a burocracia inglesa (o Padrão da Chancelaria - Chancery Standard).[10] A pronúncia na linguagem dos Contos difere em muitos aspectos da pronúncia do inglês atual, o que dificulta a leitura do original pelo leitor moderno. A maior causa destas diferenças é que a chamada Grande Mudança Vocálica não havia ainda ocorrido completamente[11] e, como consequência, muitas das vogais de Chaucer eram pronunciadas de uma maneira mais parecida ao latim, italiano ou português que ao inglês moderno. Por exemplo, a palavra "been" (particípio passado do verbo to be) era pronunciada "ben" (/be:/, com um longo "e") ao invés de "bin" (/bi:/, longo "i") como no inglês moderno.

 

·        Fontes

Chaucer era um homem de letras culto e seus escritos demonstram grande conhecimento de obras como a Bíblia e o Romance da Rosa e autores como Ovídio, Dante, Petrarca e Boécio (deste último chegou a traduzir a Consolação da Filosofia ao inglês).[12] Também era grande conhecedor de escritores ingleses contemporâneos, como seu amigo John Gower, e textos morais e religiosos diversos. Há referências a várias destas obras e autores nos Contos da Cantuária.

 

Em relação à forma narrativa geral, considera-se que a fonte mais importante de Chaucer na composição dos Contos foi o Decamerão, de Bocácio.[13] Esta última obra também apresenta uma coleção de contos narrada por um grupo de pessoas, e vários dos contos do escritor inglês tem um paralelo na obra do italiano. A grande originalidade de Chaucer está no universo dos contos e dos personagens: enquanto no Decamerão os narradores de contos são nobres fugidos da peste negra, na obra de Chaucer encontram-se personagens de todas as classes sociais, desde o povo comum (moleiro, cozinheiro etc), religiosos (monge, prioresa) e nobres (cavaleiro, escudeiro). Cada um destes personagens narra um conto de acordo com sua visão de mundo, evidenciando a grande capacidade narrativa de Chaucer.

 

·        Argumento

A obra centra-se num grupo viajantes que, saindo da pousada Tabard em Southwark (Londres), dirigem-se à Catedral de Cantuária, com o objetivo de prestar homenagem ao santuário de São Thomas Becket, um bispo católico assassinado, em 1170, por partidários do rei Henrique II de Inglaterra.

 

Entre os viajantes está o próprio Chaucer. No Prólogo, o autor descreve em primeira pessoa os peregrinos reunidos na pousada, das mais variadas posições sociais e ofícios. As descrições são muito detalhadas, incluindo a aparência física, defeitos e virtudes de personalidade e dados da biografia. Os personagens incluem um cavaleiro e seu escudeiro, um mercador, monges, um frade mendicante, uma prioresa, um pároco, um vendedor de indulgências, um estudante, alguns profissionais liberais (um médico, um advogado, um jurista), um moleiro, um feitor, um cozinheiro, um marinheiro, um carpinteiro, um tintureiro, um tapeceiro, um marujo, um lavrador e uma viúva de cinco maridos. Assim, quase toda a sociedade medieval está retratada entre os peregrinos.

 

Ainda na pousada, por sugestão do hoteleiro, os personagens decidem passar o tempo durante a viagem contando histórias. Aquele que contar o melhor conto, na opinião da maioria, ganhará um jantar grátis. A partir desse ponto cada personagem conta um conto, de uma grande variedade temática, de acordo com a posição social de cada um. Muitos dos relatos são precedidos por um pequeno prólogo, e muitos são comentados entre os personagens depois de serem contados.

 

A variedade dos contos é evidente desde o início. O primeiro conto é o do cavaleiro, que narra uma história heroica típica dos romances de cavalaria da época, em que os valores principais são o amor cortês, a coragem e a honra. Segue-se o relato do moleiro, que conta uma história totalmente diferente, de caráter mundano e erótico e com uma linguagem de baixo calão, sobre como um estudante universitário engana o proprietário de sua casa para dormir com a mulher deste. Os contos que se seguem são de grande variedade, segundo a personalidade e o estrato social do narrador.

 

No final da obra Chaucer incluiu uma retratação, em que desculpa-se a Deus e aos leitores pelo baixo nível moral de alguns contos.

 

·        Influência

Diz-se frequentemente que as obras de Chaucer em geral e Os Contos da Cantuária em particular contribuíram para que a língua inglesa se popularizara como língua literária, uma vez que desde a conquista normanda da Inglaterra até o séc. XIV as línguas de maior prestígio no país foram o latim e o francês.[14] É verdade, porém, que outros escritores contemporâneos de Chaucer também escreveram em inglês, de maneira que também é possível considerar os Contos como uma parte - importante - da tendência de adoção da língua vernacular como língua literária na Inglaterra de finais do séc. XIV.

 

Evidência da importância dada aos Os Contos da Cantuária é a existência de continuadores que adicionaram material à obra inacabada ou criaram contos novos. O Conto do Cozinheiro, deixado inacabado, foi completado por um escriba anônimo.[15] Outra adição é o Conto do Camponês (Plowman's Tale), um conto anônimo do séc. XV incorporado a alguns manuscritos.[16] Já o anônimo Conto de Beryn (Tale of Beryn), também do séc. XV, narra a chegada dos peregrinos à Cantuária e as aventuras amorosas do vendedor de indulgências.[17] Um contemporâneo de Chaucer, o escritor John Lydgate, escreveu o Cerco de Tebas (Siege of Thebes, 1420) como um conto adicional dos Contos da Cantuária, incluindo a si mesmo como um dos peregrinos.[17][18]

 

Os Contos foram impressos várias vezes a partir de fins do séc. XV, garantindo assim a influência da obra nas seguintes gerações de escritores ingleses. Um exemplo dessa influência é a peça teatral Os Dois Nobres Parentes, de William Shakespeare e John Fletcher, uma adaptação do Conto do Cavaleiro de Chaucer datada do início do séc. XVII.[19] A escritora inglesa J. K. Rowling, reconhecida pela sua série Harry Potter, disse ter se inspirados nos contos para criar o livro Contos de Beedle, o Bardo, parte do universo da série.

 

·        Traduções em português

Em Portugal, Os Contos da Cantuária foram parcialmente traduzidos por Olívio Caeiro, que verteu o Prólogo Geral e dois contos[20]. No Brasil, Paulo Vizioli realizou uma tradução em prosa, quase completa, publicada em 1987[21]; o Conto de Chaucer sobre Melibeu e o Conto do Pároco encontram-se nesta tradução em forma de sinopses, como, aliás, em algumas edições em inglês (por exemplo, na tradução ao inglês moderno de Nevil Coghill). Em 2012, foi publicada no Brasil a tradução em versos realizada por José Francisco Botelho[22]. Também nessa tradução, o Conto de Chaucer sobre Melibeu e o Conto do Pároco encontram-se resumidos. Na tradução de Botelho, todas as passagens originalmente versificadas encontram-se em verso, com métrica e rimas.

 

Referências bibliográficas

  • Chaucer: Life-Records, Martin M. Crow and Clair C. Olsen. (1966)
  • Hopper, Vincent Foster, Chaucer's Canterbury Tales (Selected): An Interlinear Translation, Barron's Educational Series, 1970, ISBN 0-8120-0039-0
  • Morley, Henry, A first sketch of English literature, Cassell & Co., 1883, from Harvard University
  • Skeat, W.W., The Complete Works of Geoffrey Chaucer. Oxford: Clarendon Press, 1899.
  • Speirs, John, "Chaucer the Maker", London: Faber and Faber, 1951
  • The Riverside Chaucer, 3rd ed. Houghton-Mifflin, 1987 ISBN 0-395-29031-7
  • Ward, Adolphus W. (1907). Chaucer. Edinburgh: R. & R. Clark, Ltd
  • Pearsall, Derek. The Canterbury Tales. London: G. Allen & Unwin, 1985. ISBN 0-04-800021-3 (Google Books)

 

Ligações externas

 

Lista de obras e Referências (ENG)

 

The following major works are in rough chronological order but scholars still debate the dating of most of Chaucer's output and works made up from a collection of stories may have been compiled over a long period.

 

Major works

·       Translation of Roman de la Rose, possibly extant as The Romaunt of the Rose

·       The Book of the Duchess

·       The House of Fame

·       Anelida and Arcite

·       Parlement of Foules

·       Translation of Boethius' Consolation of Philosophy as Boece

·       Troilus and Criseyde

·       The Legend of Good Women

·       The Canterbury Tales

·       A Treatise on the Astrolabe

 

Short poems


·       An ABC

·       Chaucers Wordes unto Adam, His Owne Scriveyn (disputed)[47]

·       The Complaint unto Pity

·       The Complaint of Chaucer to his Purse

·       The Complaint of Mars

·       The Complaint of Venus

·       A Complaint to His Lady

·       The Former Age

·       Fortune

·       Gentilesse

·       Lak of Stedfastnesse

·       Lenvoy de Chaucer a Scogan

·       Lenvoy de Chaucer a Bukton

·       Proverbs

·       Balade to Rosemounde

·       Truth

·       Womanly Noblesse


 

Poems of doubtful authorship

·       Against Women Unconstant

·       A Balade of Complaint

·       Complaynt D'Amours

·       Merciles Beaute

·       The Equatorie of the Planets - A rough translation of a Latin work derived from an Arab work of the same title. It is a description of the construction and use of a planetary equatorium, which was used in calculating planetary orbits and positions (at the time it was believed the sun orbited the Earth). The similar Treatise on the Astrolabe, not usually doubted as Chaucer's work, in addition to Chaucer's name as a gloss to the manuscript are the main pieces of evidence for the ascription to Chaucer. However, the evidence Chaucer wrote such a work is questionable, and as such is not included in The Riverside Chaucer. If Chaucer did not compose this work, it was probably written by a contemporary.

 

Works presumed lost

·       Of the Wreched Engendrynge of Mankynde, possible translation of Innocent III's De miseria conditionis humanae

·       Origenes upon the Maudeleyne

·       The Book of the Leoun - "The Book of the Lion" is mentioned in Chaucer's retraction. It has been speculated that it may have been a redaction of Guillaume de Machaut's 'Dit dou lyon,' a story about courtly love (a subject about which Chaucer frequently wrote).

 

Spurious works

·       The Pilgrim's Tale - written in the 16th century with many Chaucerian allusions

·       The Plowman's Tale or The Complaint of the Ploughman - a Lollard satire later appropriated as a Protestant text

·       Pierce the Ploughman's Crede - a Lollard satire later appropriated by Protestants

·       The Ploughman's Tale - its body is largely a version of Thomas Hoccleve's "Item de Beata Virgine"

·       "La Belle Dame Sans Merci" - Richard Roos's translation of a poem of the same name by Alain Chartier

·       The Testament of Love - actually by Thomas Usk

·       Jack Upland - a Lollard satire

·       The Floure and the Leafe - a 15th-century allegory

 

Derived works

·       God Spede the Plough - Borrows twelve stanzas of Chaucer's Monk's Tale

 

Referências (ENG)

·   Benson, Larry D.; Pratt, Robert; Robinson, F. N., eds. (1987). The Riverside Chaucer (3rd ed.). Houghton-Mifflin. ISBN 978-0-395-29031-6.

·   Crow, Martin M.; Olsen, Clair C. (1966). Chaucer: Life-Records.

·   Hopper, Vincent Foster (1970). Chaucer's Canterbury Tales (Selected): An Interlinear Translation. Barron's Educational Series. ISBN 978-0-8120-0039-9.

·   Hulbert, James Root (1912). Chaucer's Official Life. Collegiate Press, G. Banta Pub. Co. p. 75. Retrieved 12 July 2011.

·   Morley, Henry (1883). A First Sketch of English Literature. Harvard University.

·   Skeat, W. W. (1899). The Complete Works of Geoffrey Chaucer. Oxford: Clarendon Press.

·   Speirs, John (1951). Chaucer the Maker. London: Faber and Faber.

·   Ward, Adolphus W. (1907). "Chaucer". Edinburgh: R. & R. Clark.

 

External links

·   Chaucer Bibliography Online

·   Geoffrey Chaucer at the Encyclopædia Britannica

·   Works by Geoffrey Chaucer at Project Gutenberg

·   Works by or about Geoffrey Chaucer at Internet Archive

·   Works by Geoffrey Chaucer at LibriVox (public domain audiobooks)

·   Poems by Geoffrey Chaucer at PoetryFoundation.org

·   The Canterbury Tales: A Complete Translation into Modern English by Ronald L. Ecker and Eugene J. Crook.

·   Early Editions of Chaucer

·   BBC television adaptation of certain of The Canterbury Tales

·   "Geoffrey Chaucer Hath a Blog" (A Chaucer parody blog)

·   Chaucer at The Online Library of Liberty

·   Geoffrey Chaucer on In Our Time at the BBC

 

Educational institutions

·   Chaucer Page by Harvard University, including interlinear translation of The Canterbury Tales

·   Caxton's Chaucer - Complete digitised texts of Caxton's two earliest editions of The Canterbury Tales from the British Library

·   Caxton's Canterbury Tales: The British Library Copies An online edition with complete transcriptions and images captured by the HUMI Project

·   Chaucer Metapage - Project in addition to the 33rd International Congress of Medieval Studies

·   Three near-contemporary portraits of Chaucer

·   Astronomy and astrology in Chaucer's work

·   Chaucer and his works: Introduction to Chaucer and his works (Descriptions of books with images, University of Glasgow Library) 

Nenhum comentário:

Postar um comentário