Tomás de
Celano (em italiano: Tommaso da Celano; comuna italiana de Celano, região de Abruzos c. 1200 - ca. 1265) foi um frade católico medieval
da Ordem dos Franciscanos, um poeta e também um escritor,
sendo autor de três obras de cariz biográfico
sobre São Francisco de Assis.[1]
Em 1221, Tomás foi
enviado para o Sacro Império Romano-Germânico com Caesarius de Speyer para
promover ali a Ordem dos Franciscanos. Em 1223, ele foi nomeado
para o cargo de Custos Unicus da Ordem na província
da Renânia,
que incluiu conventos
em Colónia,
Mogúncia,
Worms e Speyer. Após
alguns anos, voltou à Itália, onde ele se retirou para o resto de sua vida, embora
efectuasse ainda esporadicamente curtas missões com destino no Sacro Império.
Em 1260, ele foi
liquidado no seu último posto como diretor espiritual do convento das Clarissas em Tagliacozzo,
onde morreu nalgum momento entre 1260 e 1270.
Ele foi primeiro sepultado na igreja de S. Giovanni dei Val Varri, relacionado com o seu mosteiro, e
depois reenterrado na igreja de S. Francesco em Tagliacozzo.
Trabalho
literário
O seu primeiro
trabalho literário, o "Prima Vita", foi sobre o início da vida
de São Francisco de Assis, encomendado pelo Papa Gregório
IX, em 1228, aquando
da realização da canonização do santo. O segundo
trabalho, "Secunda Vita", foi encomendado por Crescentius de Jessi, o ministro
geral da Ordem Franciscana no período entre 1244 e 1247, e reflectia a
evolução das perspectivas oficiais sobre o santo nas décadas seguintes à sua
morte. O terceiro é um tratado dos milagres do
santo, escrita entre
Tomás, já
naquela altura um escritor bem estabelecido e de renome, escreveu também "Fregit
victor virtualis" e "Sanctitatis nova signa", em
honra de São Francisco. "A vida de Sta. Clara de Assis", que
aborda o início da vida de Santa Clara de Assis, e o hino "Dies Irae"
também são atribuídas a ele, mas a autoria destas duas últimas obras continua a
ser uma incógnita.
Dies Irae
("Dia de
Ira") famoso hino,
em latim, cuja
inspiração parece vir da Bíblia, Sofonias 1,15-16, da tradução para o latim da Vulgata. A métrica é troqueu. O uso
principal é dentro da liturgia do réquiem,
como Sequência,
na tradicional missa
católica
para os mortos, mas também algumas outras igrejas como a anglicana
usam o hino. É também um dos hinos, e geralmente a apoteose, do Requiem de Mozart, Verdi
e dos contemporâneos Penderecki e Karl
Jenkins, entre outros compositores.
Foi usado por séculos
na Missa Requiem, oficializado pelo Concílio de Trento no séc. XVI. A últimas vez se
encontrou no Missal Romano em 1962, antes das reformas do Concílio Vaticano II. Em lugares, onde a Missa
tridentina está ainda em uso, pode ser ouvido até hoje. Também faz parte da
liturgia do dia de Todos-os-Santos. Por esse uso oficial
ele faz parte de muitas composições do réquiem, entre eles de Mozart e Verdi.
1
Dia da Ira, aquele dia
Em que os séculos dissolver-se-ão em cinza,
(será) David com a Sibila por testemunha!
2
Quanto terror está prestes a ser,
Quando o Juiz estiver para vir,
Em vias de julgar tudo severamente!
3
A trombeta espargindo um som miraculoso
Pelos sepulcros da região,
Conduzirá todos diante do trono.
4
A morte ficará paralisada, também a natureza,
Quando ressurgir a criatura
Prestes a responder ao que está julgando.
5
o Livro escrito será proferido,
Em que tudo está contido,
De onde o mundo será julgado.
6
Quando, pois, o juiz se assentar
Tudo oculto revelar-se-á,
Nada permanecerá sem castigo!
7
O que, então, estou em vias de dizer, eu infeliz?
A que paráclito/patrono estou prestes a rogar,
Quando apenas o justo esteja seguro?
8
Rei de tremenda majestade,
Que salvas os que devem ser salvos gratuitamente,
Salva-me, ó fonte de piedade.
9
Recorda, piedoso Jesus,
Que sou a causa de tua Via:
Não me percas nesse dia.
10
Buscando-me, sentaste exausto,
Sofrendo na Cruz, redimiste(-me):
Que Tamanho trabalho não seja
11
Juiz
Dai-me do dom da remissão (dos pecados),
Antes do dia do julgamento.
12
Gemo, tal qual um réu:
Minha culpa enrubesce-me o semblante,
Poupa a quem está suplicando, ó Deus!
13
(Tu) que perdoaste a Maria (Madalena),
E ouviste atento ao ladrão,
Também a mim deste esperança.
14
Minhas preces não são dignas,
Mas, tu (és) bom, age com bondade,
Para que eu não seja queimado pelo fogo eterno.
15
Entre as ovelhas dispõe um abrigo,
Retira-me para longe dos bodes,
Coloca-me de pé à Vossa direita;
16
Condenados os malditos,
(e) lançados nas flamas ardentes,
Chamai-me com os benditos.
17
Oro-Vos, rogo-Vos de joelhos,
com o coração contrito em cinzas,
cuidai do meu fim.
18
Lacrimoso aquele dia
no qual, das cinzas, ressurgirá,
para ser julgado, o homem réu.
Perdoai-os, Senhor Deus
19
Piedoso Senhor Jesus,
Dai-lhes descanso eterno, Amém!
O poema poderia
ser completo até o 17. Os seguintes versos podem ter sido adicionados mais tarde
para adaptar a poesia à liturgia, porque abandonam o esquema trinário. Mas
podem ter sido também criados como um aumento final, trazendo em vez de três
versos simples, três versos duplos:
O Dies iræ tem rima no final dos versos e
usa acentos rítmicos e não a métrica antiga baseada em sílabas
longas e curtas, o que era nessa época uma moda nova.
O Dies iræ aparece pela primeira vez no séc. XIII como forma do canto gregoriano.
Dies Iræ, em latim.
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