Pesquisador e filólogo,
divulgador e escritor, é tido como o "pai do Humanismo".[2]
Mas esse grande latinista deve sua fama principalmente a seus poemas, redigidos em
língua italiana.
Biografia
Petrarca nasceu
em Arezzo,
filho de um notário,
e passou sua infância na pequena cidade de Incisa in Val d'Arno, perto de Florença.
Seu pai, Ser Petracco, tinha sido exilado em Florença em 1302, junto com Dante, pelos Guelfos Negros. Petrarca passou grande parte
dos seus primeiros anos em Avinhão e Carpentras, para onde sua família se mudou, a fim de
seguir o Papa Clemente V, quando se dá a instalação do Papado de Avinhão, em 1309.
Inicialmente,
estudou em Montpellier (1316-1320)
e Bolonha
(1320-1326), onde o
pai insistiu para que estudasse Direito. Contudo, Petrarca se interessava pela escrita e pela
Literatura
Latina.
Após a morte do
pai, em 1326, Petrarca volta a Avinhão, onde trabalhou em vários e diferentes
empregos burocráticos, tendo assim mais tempo livre para trabalhar em seus
escritos. Ao ser lançada a sua primeira grande obra, Africa, um épico em latim sobre o grande
general romano Scipio Africanus, Petrarca se torna uma
celebridade na Europa.
Em 1341, ele trouxe
de volta a antiga tradição da laurea poetas e foi coroado em Roma, sendo o primeiro
homem, desde a Antiguidade, a receber esta honra.
Viajou
intensamente pela Europa e trabalhou como embaixador. Gostava muito de escrever
cartas e tinha em Boccaccio um de seus mais notáveis amigos. Durante suas
viagens, colecionou manuscritos latinos antigos e assim tornou-se um dos
primeiros a redescobrir o conhecimento da Roma
Antiga e Grécia Antiga. Entre outras realizações, participou
da primeira tradução latina de Homero e em 1345, descobriu pessoalmente uma inédita coleção de cartas de Cícero.
Desdenhando o
que acreditava ser a ignorância dos séculos que precederam a sua era, diz-se
que Petrarca usou a expressão Idade das Trevas para se referir à Idade
Média.
Petrarca
afirmava que em 26 de Abril de 1336, junto com seu
irmão e dois servos, alcançou o topo do Monte
Ventoux (
Na última parte
de sua vida, viajou bastante pelo norte da Itália.
Sua carreira na
Igreja não permitiu que se casasse, mas foi considerado o pai de duas crianças
postumamente. Em 1367,
Petrarca fixou-se em Pádua, onde passou seus últimos anos em contemplação religiosa.
Doou sua notável biblioteca de manuscritos para a cidade de Veneza, onde hoje
fazem parte do núcleo da Biblioteca Marciana.
Morreu em 19 de
julho de 1374
no Vêneto.
Laura
e a Poesia
O nome de
Petrarca está associado de maneira indissolúvel ao de Laura, a mulher amada que
ele canta em Rerum vulgarium fragmenta (Fragmentos em língua popular), mais conhecidos
pelo nome de Il Canzoniere.
Em 1327, em uma
sexta-feira Santa, a visão de uma mulher chamada Laura na Igreja de Santa Clara
de Avinhão
despertou em Petrarca uma paixão duradoura, celebrada nas Rime sparse
("Rimas Esparsas"). Mais tarde, poetas renascentistas que copiaram o
estilo de Petrarca deram o nome a essa coleção de 366 poemas de Il
Canzoniere ("O Cancioneiro"). Laura pode ter sido Laura de Noves,
esposa de Hugues de Sade e um ancestral do Marquês de Sade. Petrarca sempre negou a acusação
de que ela possa ter sido um personagem idealizado ou com pseudônimo falso
(visto que o nome Laura tem semelhança com láurea). Sua descrição
realista em seus poemas contrasta com os clichês do Trovadorismo
e do amor cortês. Sua presença causa do poeta uma alegria
indescritível, mas seu amor não-correspondido criava desejos instantâneos. Há
pouca informação concreta na obra de Petrarca sobre Laura, exceto que é linda,
tem cabelos claros e é uma moça modesta e digna. Laura e Petrarca tiveram pouco
ou nenhum contato pessoal. De acordo com seu Secretum, ela o recusava
porque já era casada com outro homem. Ele canalizou seus sentimentos para os poemas de amor que
eram exclamatórios e escrevou prosa em que mostrava seu desprezo por homens que buscavam
mulheres.
Petrarca
aperfeiçoou a conhecida forma do soneto, herdada de Giacomo da Lentini, e que Dante amplamente
usou. Muitos dos poemas de Petrarca, colecionados no Cancioneiro
(dedicado a Laura), eram sonetos. O compositor romântico Franz
Liszt musicou alguns dos sonetos de Petrarca, Tre sonetti del Petrarca.
Obra
Petrarca é mais
conhecido por sua poesia
em romanço: principalmente o Canzoniere e o Trionfi
("Triunfos"). Contudo, Petrarca foi um entusiasmado estudioso do Latim e escreveu a
maioria de sua obras nessa língua. Seus escritos em Latim foram muito variados
e incluíram trabalhos acadêmicos, ensaios introspectivos, cartas e mais poesia.
Entre eles estão: Secretum ("Meu Livro Secreto"), um diálogo
imaginário, intensamente pessoal e cheio de culpa com santo Agostinho de Hipona; De Viris Illustribus
("Sobre os Homens Famosos"), uma série de biografias morais; Rerum
Memorandarum Libri, um tratado incompleto sobre as virtudes cardeais; De
Otio Religiosorum ("Sobre o Lazer Religioso") e De Vita
Solitaria ("Sobre a Vida Solitária"), que elogia a vida contemplativa;
De Remediis Utriusque Fortunae ("Remédios para os trancos e
barrancos"), um livro de auto-ajuda que permaneceu popular por muitos
anos; Itinerarium ("O Guia de Petrarca para a Terra Santa"),
um ancestral distante dos guia de viagem; um número de críticas violentas
contra seus oponentes tais como médicos, escolásticos e os franceses; o Carmen
Bucolicum, uma coleção de doze poemas pastorais; e o épico
incompleto Africa. Petrarca também publicou muitos volumes de suas
cartas, incluindo algumas para alguns já mortos como Cícero e Virgílio.
Infelizmente, muitos dos seus escritos em Latim são difíceis de serem
encontrados hoje. É difícil identificar datas precisas para seus escritos, dado
que ele os revisou constantemente ao longo de sua vida.
Além disso,
Petrarca juntou suas cartas em dois grandes livros chamados Epistolae
Familiares e Seniles, uma ideia que veio de seu conhecimento das
cartas de Cícero. Ele deixou fora da Epistolae Familiares um grupo
especial de dezenove cartas polêmicas chamadas Liber sine nomine que
foram muito criticadas durante o Papado de Avinhão. Estas cartas foram publicadas
sem nome para proteger os destinatários, todos eles mantinham uma ligação
íntima com Petrarca. Os destinatários incluíam Philippe de Cabassoles, bispo de
Cavaillon; Ildebrandino Conti, bispo
de Pádua;
Cola di Rienzo, tribuno de Roma; Francesco Nelli, padre do Prior da Igreja dos Santos
Apóstolos em Florença; e Niccolà di Capoccia, um cardela e padre de Saint Vitalis.
Sua Carta
para a Posteridade (a última carta na obra Seniles) dá uma
autobiografia e uma síntese de sua filosofia de vida.
·
Dolce stil novo
O dolce stil
novo é uma expressão de Dante (incluída na Divina
Comédia), que indica um grupo de sete poetas: Guido
Guinizelli, Guido Cavalcanti, Lapo Gianni, Gianni Alfani, Dino Frescobaldi, Cino de Pistois e o próprio
Dante e identificou um dos mais importantes movimentos literários da Itália no séc.
XIII. Uma das marcas do dolce stil novo foi a introspecção, que foi mais
tarde desenvolvida com mais vigor por Petrarca.
·
Poemas
Soneto 1
Voi
ch'ascoltate in rime sparse il suono
Di quei sospiri ond'io nudriva 'l core
In sul mio primo giovenile errore
Quand'era in parte altr'uom da quel ch'i' sono,
Del vario stile in ch'io piango et ragiono
Fra le vane speranze e 'l van dolore,
Ove sia chi per prova intenda amore,
Spero trovar pietà, nonché perdono.
Ma ben veggio or sí come al popol tutto
Favola fui gran tempo, onde sovente
Di me mesdesmo meco mi vergogno;
Et del mio vaneggiar vergogna è 'l frutto,
E 'l pentersi, e 'l conoscer chiaramente
Che quanto piace al mondo è breve sogno.
Soneto 13
Quando
fra l'altre donne ad ora ad ora
Amor vien nel bel viso di costei,
quanto ciascuna è men bella di lei
tanto cresce 'l desio che m'innamora.
I' benedico il loco e 'l tempo et l'ora
che sí alto miraron gli occhi mei,
et dico: Anima, assai ringratiar dêi
che fosti a tanto honor degnata allora.
Da lei ti vèn l'amoroso pensero,
che mentre 'l segui al sommo ben t'invia,
pocho prezando quel ch'ogni huom desia;
da lei vien l'animosa leggiadria
ch'al ciel ti scorge per destro sentero,
sí ch'i' vo già de la speranza altero.
·
Filosofia
Petrarca é
tradicionalmente chamado o pai do Humanismo.
Ele inspirou a filosofia humanista que levou à Renascença.
Ele acreditava no imenso valor prático e na imensa moral do estudo da História Antiga e da Literatura Antiga - isto é, o
estudo do pensamento e da ação humana.
Embora o
Humanismo tenha mais tarde sido associado ao secularismo,
Petrarca era um devoto cristão e não via conflitos entre a realização do
potencial humano e a fé religiosa. Um homem muito introspectivo, ele deu forma,
em grande parte, ao nascente movimento humanista porque muitos de seus
conflitos internos e meditações expressadas em suas obras foram sumamente
recebidas pelos filósofos humanistas Renascentistas e debatidas por muitos
anos. Por exemplo, Petrarca lutou com a relação própria entre a vida ativa e a
vida contemplativa, e teve uma tendência a enfatizar a importância da solidão e
do estudo. O político e pensador Leonardo
Bruni defendeu a vida ativa, ou humanismo cívico. O resultado foi que um
surpreendente número de líderes políticos, militares e religiosos durante a
Renascença apontaram a noção de que sua busca pela glória pessoal deveria se
basear no exemplo clássico e na contemplação.
Referências
· 1. Bishop, Morris
(1961). Petrarch. J. H. Plumb (Ed.), Renaissance Profiles, pp. 1-17.
Nova Iorque: Harper & Row. ISBN 0-06-131162-6 .
Notas
e referências
1. «Museu da Imprensa: Aldo Manúcio». Museu
Virtual da Imprensa. Consultado em 8 de
outubro de 2018
1.
Rereading the Renaissance (1998), Universidade de Michigan.
Ligações
externas
· Il Canzonieri: texto completo
da obra de Petrarca
· Trionfi: texto completo em italiano
· Rede de Letras: artigo 1 sobre
Petrarca
· Rede de Letras: artigo 2 sobre
Petrarca
· De remediis utriusque fortunae, Cremonae, B. de
Misintis ac Caesaris Parmensis, 1492. (Vicifons)
· Obras de Francesco Petrarcaem italiano
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