Ebooks: Dante, 1265-1321
Dante
Alighieri (Florença, entre 21 de maio e 20 de junho de 1265 d.C. — Ravena, 13 ou 14
de setembro de 1321
d.C.)[1]foi
um escritor,
poeta e político florentino, nascido na atual Itália. É
considerado o primeiro e maior poeta da língua italiana, definido como il sommo poeta
("o sumo poeta"). Disse o escritor e poeta francês Victor
Hugo (1802-1885) que o pensamento humano atinge em certos homens a sua
completa intensidade, e cita Dante como um dos que "marcam os cem graus de
gênio". E tal é a sua grandeza que a literatura ocidental está impregnada
de sua poderosa influência, sendo extraordinário o verdadeiro culto que lhe
dedica a consciência literária ocidental.
Seu nome,
segundo o testemunho do filho Jacopo
Alighieri, era um hipocorístico de "Durante".[2]
Nos documentos, era seguido do patronímico
"Alagherii" ou do gentílico
"de Alagheriis", enquanto a variante "Alighieri" afirmou-se
com o advento de Boccaccio.
Foi muito mais
do que literato: numa época onde apenas os escritos em latim eram
valorizados, redigiu um poema, de viés épico
e teológico,
Essa obra foi
originalmente intitulada Comédia e mais tarde foi rebatizada com o
adjetivo "Divina" por Giovanni Boccaccio. A primeira edição que
adicionou o novo título foi a publicação do humanista veneziano Lodovicco Dolce,[3]
publicado em 1555 por Gabriele Giolito de Ferrari.
Nasceu em Florença,
onde viveu a primeira parte da sua vida até ser exilado. O exílio foi ainda
maior do que uma simples separação física de sua terra natal: foi abandonado
por seus parentes. Apesar dessa condição, seu amor incondicional e capacidade
visionária o transformaram no mais importante pensador de sua época.
Vida
·
Primeiros anos de vida e família
Não há registro
oficial da data de nascimento de Dante. Ele informa ter nascido sob o signo de Gêmeos, entre fim de maio e meados de junho. A
referência mais confiável é a data de 25 de maio de 1265. Dante, na
verdade, é uma abreviação de seu real nome, Durante.
Nasceu numa
importante família florentina (cujo apelido era, na realidade, Alaghieri)
comprometida politicamente com o partido dos guelfos, uma
aliança política envolvida em lutas com outra facção de florentinos: os gibelinos. Os
guelfos estavam ainda divididos em "guelfos brancos" e "guelfos
negros". Dante, no "Inferno" (XV, 76), pretende dizer que a sua
família tem raízes na Roma Antiga, ainda que o familiar mais antigo que se lhe
conhece citado pelo próprio Dante, no livro "Paraíso", (XV, 135),
seja Cacciaguida do Eliseu, que terá vivido, quando muito, à volta do ano 1100
(o que, relativamente ao próprio Dante, não é muito antigo).
O seu pai,
Alighiero di Bellincione, foi um "guelfo branco'. Não sofreu, porém,
qualquer represália após a vitória do partido gibelino na Batalha da Montaperti.
Essa consideração por parte dos próprios inimigos denota, com alguma segurança,
o prestígio da família.
A mãe de Dante
chamava-se Bella degli Abati, nome algo comentado por significar "a bela
dos abades", ainda que Bella seja uma contracção de Gabriella. Morreu
quando Dante contava apenas com cinco ou seis anos de idade. Alighiero rapidamente
se casou com Lapa di Chiarissimo Cialuffi. Há alguma controvérsia quanto a esse
casamento, propondo alguns autores que os dois se tenham unido sem contrair
matrimónio, graças a dificuldades levantadas, na época, ao casamento de viúvos.
Dela nasceram o irmão de Dante, Francesco, e Tana (Gaetana), sua irmã.
Com a idade de
doze anos, em 1277, sua família impôs o casamento com Gemma, filha de Messe
Manetto Donati, prática comum — tanto no arranjo quanto na idade — na época.
Era dada uma importância excepcional à cerimónia que decorria num ambiente
muito formal, com a presença de um notário. Dante teve vários filhos de Gemma.
Como acontece, geralmente, com pessoas famosas, apareceram muitos supostos
filhos do poeta. É provável, no entanto, que Jacopo, Pietro e Antonia fossem,
realmente, seus filhos. Antonia tomou o hábito de freira, com o nome de Irmã
Beatriz. Um outro homem, chamado Giovanni, reclamou também a filiação mas,
apesar de ter estado com Dante no exílio, restam algumas dúvidas quanto à
pretensão.
·
Educação e poesia
Pouco se sabe
sobre a educação de Dante, presumindo-se que tivesse estudado em casa, de forma
autodidata. Sabe-se que estudou a poesia toscana, talvez
com a ajuda de Brunetto Latini (numa idade posterior, como se dirá
de seguida). A poesia toscana centrava-se na Scuola poetica siciliana,
um grupo cultural da Sicília que se dava a conhecer, na altura, na Toscânia.
Esse interesse depressa se alargou a outros autores, dos quais se destacam os menestréis e
poetas provençais, além dos autores da Antiguidade
Clássica latina (de entre os quais elegia, preferencialmente, Virgílio,
ainda que também tivesse conhecimento da obra de Horácio, Ovídio, Cícero e, de
forma mais superficial, Tito Lívio, Séneca, Plínio, o Velho e outros de que encontramos
bastantes referências na Divina Comédia.
É importante
referir que durante estes séculos escuros (
Aos dezoito
anos, com Guido Cavalcanti, Lapo Gianni, Cino
da Pistoia e, pouco depois, Brunetto Latini, Dante lança o Dolce Stil
Nuovo. Na Divina Comédia (Inferno, XV, 82), faz-se uma referência especial
a Brunetto Latini, onde se diz que terá instruído Dante. Tanto na Divina
Comédia como na Vita Nuova depreende-se que Dante se terá
interessado por outros meios de expressão como a pintura e a música.
Ainda jovem (18
anos), conheceu Beatrice Portinari, a filha de Folco dei
Portinari, ainda que, crendo no próprio Dante, a tenha fixado na memória quando
a viu pela primeira vez, com nove anos (teria Beatriz, nessa altura, oito
anos). Há quem diga, no entanto, que Dante a viu uma única vez, nunca tendo
falado com ela. Não há elementos biográficos que comprovem o que é que seja.
É difícil
interpretar no que consistiu essa paixão, mas, é certo, foi de importância
fulcral para a cultura italiana. É sob o signo desse amor que Dante deixou a
sua marca profunda no Dolce Stil Nuovo e em toda a poesia
lírica italiana, abrindo caminho aos poetas e escritores que se lhe
seguiram para desenvolverem o tema do Amor (Amore)
que, até então, não tinha sido tão enfatizado. O amor por Beatriz (tal como o
amor que Petrarca
demonstra por Laura, ainda que numa perspectiva diferente) aparece como a
justificativa da poesia e da própria vida, quase se confundindo com as paixões
políticas, igualmente importantes para Dante.
Quando Beatriz
morreu, em 1290, Dante procurou refúgio espiritual na filosofia da Literatura
latina. Pelo Convívio, sabemos que leu a De consolatione
philosophiae, de Boécio, e a De amicitia,
de Cícero.
Dedicou-se, pois, ao estudo da filosofia em escolas religiosas, como a Dominicana de Santa Maria Novella, tanto mais que ele próprio
era membro da Ordem Terceira de São Domingos.
Participou nas disputas entre místicos
e dialécticos,
que se travavam, então, em Florença nos meios académicos, e que se centravam em
torno das duas ordens religiosas mais relevantes. Por um lado, os franciscanos,
que defendiam a doutrina dos místicos (São
Boaventura), e, por outro, os dominicanos, que se socorriam das teorias de Tomás de Aquino. A sua paixão "excessiva"
pela filosofia é criticada por Beatriz (representando a Teologia), no
"Purgatório".
·
Carreira política em Florença
Dante
participou, também, na vida militar da época. Em 1289, combateu ao lado dos
cavaleiros florentinos, contra os de Arezzo, na batalha de Campaldino, em
11 de junho. Em 1294, estava com os soldados que escoltavam Carlos I, Conde de Anjou (também referido
por vezes como Martel) quando este estava em Florença.
Foi, também,
médico e farmacêutico; não pretendia exercer essas profissões mas, segundo uma
lei de 1295, todo nobre
que pretendesse tomar um cargo público devia pertencer a uma das guildas (Corporazioni
di Arti e Mestieri - ou seja, "Corporação de Artes e Ofícios").
Ao entrar na guilda dos boticários, Dante podia, assim, aceder à vida política.
Esta profissão não era, de todo, inadequada para Dante, já que, na época, os
livros eram vendidos nos boticários. De
O envolvimento
político de Dante acarretou-lhe vários problemas. O papa Bonifácio VIII tinha a intenção de ocupar
militarmente Florença. Em 1300, Dante estava em San
Gimignano, onde preparava a resistência dos guelfos toscanos contra as
intrigas papais. Em 1301, o papa enviou Carlos
de Valois, (irmão de Felipe o Belo, rei de França), como
pacificador da Toscânia. O governo de Florença, no entanto, já recebera mal os
embaixadores papais, semanas antes, de forma a repelir qualquer influência da Santa Sé.
O Conselho da cidade enviou, então, uma delegação a Roma, com o fim de indagar
ao certo as intenções do Sumo Pontífice. Dante chefiava essa delegação.
·
Exílio e morte
Bonifácio
rapidamente enviou os outros representantes de Florença de volta, retendo apenas Dante em Roma. Entretanto, a 1
de novembro de 1301, Carlos de Valois entrava em Florença com os guelfos negros
que, por seis dias, devastaram a cidade e massacraram grande número de
partidários da facção branca. Instalou-se, então, um governo apoiante dos
guelfos negros, e Cante dei Gabrielli di Gubbio foi nomeado Podestà
(funcionário público designado pelas famílias mais influentes da cidade). Dante
foi condenado, em Florença, ao exílio por dois anos, além de ser condenado a
pagar uma elevada multa
O poeta
participou em várias tentativas para repor os guelfos brancos no poder; em
Florença, no entanto, devido a diversas traições, todas falharam. Dante,
amargurado com o tratamento de que foi alvo por parte dos seus inimigos,
afligia-se também com a inacção dos seus antigos aliados. Declarou solenemente,
na altura, que pertencia a um partido com um único membro. Foi nesta altura que
começou a fazer o esboço do que viria a ser a "Divina Comédia", poema
constituído por 100 cantos, divididos em três livros ("Inferno",
"Purgatório" e "Paraíso") com 33 cantos cada (exceptuando o
primeiro livro que, dos seus 34 cantos, o primeiro é considerado apenas como
Canto introdutório).
Foi para Verona, onde foi
hóspede de Bartolomeo Della Scala;
mudou-se para Sarzana
(Ligúria),
e, depois, supõe-se que terá vivido algum tempo em Lucca com Madame
Gentucca, que o acolheu de forma calorosa (o que, mais tarde, será referido de
forma agradecida no Purgatório XXIV,37). Algumas fontes afirmam que teria
estado em Paris,
entre 1308 e 1310 . Outras fontes, menos credíveis, porém, dizem que teria ido
até Oxford
Em 1310, Henrique VII do Luxemburgo
invadiu a Itália. Dante viu nele a hipótese de se vingar.
Escreveu-lhe, bem como a vários príncipes italianos, cartas abertas onde
incitava violentamente à destruição do poderio dos guelfos negros. Misturando
religião e assuntos privados, invocou a ira divina sobre a sua cidade,
sugerindo como alvo principal do desagrado de Deus os seus mais tenazes
inimigos pessoais.
Em Florença,
Baldo d'Aguglione perdoou a maior parte dos guelfos brancos que estavam no
exílio, permitindo-lhes o seu regresso. Dante, no entanto, tinha ultrapassado
largamente os limites toleráveis para o partido negro nas suas cartas a
Henrique VII, pelo que o seu regresso não foi permitido.
Em 1312,
Henrique assaltou Florença, derrotando os "guelfos negros". Não há,
no entanto, qualquer evidência de uma possível participação de Dante no evento.
Há quem diga que Dante se recusou a participar num ataque à sua cidade ao lado
de um estrangeiro. Outros, porém, sugerem que o seu nome se tinha tornado
incómodo para os próprios "guelfos brancos", pelo que qualquer traço
da sua passagem foi prontamente apagado para a posteridade. Em 1313, com a
morte de Henrique, morreu também a esperança de Dante de rever a sua cidade.
Voltou para Verona onde Cangrande I della Scala, o Senhor de
Verona, lhe permite viver seguro, confortável e, presume-se, com alguma
prosperidade. Cangrande é um dos personagens admitidos por Dante no seu Paraíso
(XVII, 76).
Em 1315,
Florença foi obrigada, por Uguccione della Faggiuola (oficial militar que
controlava a cidade) a outorgar amnistia a todos os exilados. Dante constava na
lista daqueles que deveriam receber o perdão. No entanto, era exigido que estes
pagassem uma determinada multa e, acima de tudo, que aceitassem participar numa
cerimónia de cariz religioso onde se retractariam como ofensores da ordem
pública. Dante recusou-se a semelhante humilhação, preferindo o exílio.
Quando Uguccione
derrotou, finalmente, Florença, a sentença de morte que recaía sobre Dante foi
comutada numa pena de prisão, sob a única condição de que teria de ir a
Florença jurar solenemente que jamais entraria na cidade. Dante não foi. Como
resultado, a pena de morte estendeu-se aos seus filhos.
Dante ainda
esperou, mais tarde que fosse possível ser convidado por Florença a um regresso
honrado. O exílio era como que uma segunda morte, privando-o de muito do que
formava a sua identidade. No Canto XVII, 55-60, do Paraíso, Dante refere o
quanto era dolorosa para si a vida de exilado, quando o seu trisavô,
Cacciaguida, lhe "profetiza" aquilo que o espera:
Paraíso (Canto XVII) Italiano
"… Tu lascerai ogne cosa
diletta
più caramente; e questo è quello strale
che l'arco de lo essilio pria saetta.
Tu proverai sì come sa di sale
lo pane altrui, e come è duro calle
lo scendere e 'l salir per l'altrui scale …"
Paraíso (Canto XVII) Português *
"… Deixarás tudo aquilo que te
agrada
mais profundamente; é esta seta a tal
logo no arco do exílio disparada.
E provarás como é falto de sal
o pão d' outros, e como é dura estrada
descer e subir pelas escadas de outros …"
* Tradução livre, feita pelo editor da primeira versão
deste artigo na Wikipédia Lusófona
Quanto à
esperança de um dia voltar a Florença, Dante descreve o seu sentimento
melancólico, como se já estivesse resignado a essa impossibilidade, no Canto
XXV, 1-9 do Paraíso:
Paraíso (Canto XXV) Italiano
"Se mai continga che 'l
poema sacro
al quale ha posto mano e cielo e terra,
sì che m'ha fatto per molti anni macro,
vinca la crudeltà che fuor mi serra
del bello ovile ov'io dormi' agnello,
nimico ai lupi che li danno guerra;
con altra voce omai, con altro vello
ritornerò poeta, e in sul fonte
del mio battesmo prenderò 'l cappello …"
Paraíso (Canto XXV) Português *
"Se acontecer que o poema
sagrado,
em que céu e terra puseram mão,
(magro me fez, de tanto ano passado)
Vencer a crueldade que em prisão
me exila do redil onde, cordeiro,
dormi, oposto aos lobos que o atacam;
Voz e pêlo distinto do primeiro
terei, chegando poeta, e me façam
a testa ornar com folha de loureiro …"
* Tradução livre, feita pelo editor da primeira versão
deste artigo na Wikipédia Lusófona
É claro que isto
nunca aconteceu. Os seus restos mortais mantêm-se em Ravena, não em
Florença.
Guido Novello da
Polenta, príncipe de Ravena, convidou-o para aí morar, em 1318. Dante aceitou a
oferta. Foi em Ravenna que terminou o "Paraíso" e, pouco depois,
falecia, talvez de malária, em 1321, com 56 anos, sendo sepultado na Igreja de
San Pier Maggiore (mais tarde chamada Igreja de San Francesco). Bernardo Bembo,
pretor de Veneza, decidiu honrar os restos mortais do
poeta, erigindo-lhe um monumento funerário de acordo com a dignidade de Dante
Alighieri.
Na sepultura,
constam alguns versos de Bernardo Canaccio, amigo de Dante, onde se refere a
Florença com os seguintes termos:
parvi Florentia mater amoris - "Florença, mãe de pequeno amor"
Posteriormente,
Florença chegou a lamentar o exílio de Dante e fez repetidos pedidos para o
retorno de seus restos mortais. Os responsáveis pela guarda de seu corpo em
Ravenna se recusaram a cumprir, chegando ao ponto de esconder os ossos em uma
parede falsa do mosteiro. No entanto, em 1829, um túmulo foi construído para ele
em Florença, na basílica de Santa Cruz. Esse cenotáfio
está vazio desde então, com o corpo de Dante remanescendo em Ravenna, longe da
terra que ele amava tão ternamente. Em frente do seu túmulo em Florença lê-se Onorate
l'altissimo poeta - que pode ser traduzido como "Honra ao poeta mais
exaltado". A frase é uma citação do quarto canto do Inferno,
representando as boas-vindas de Virgílio quando ele volta entre os grandes
poetas antigos passando a eternidade no limbo. A continuação da linha, L'ombra
sua torna, ch'era dipartita ("seu espírito, que tinha nos deixado,
volta"), é uma lamúria ao túmulo vazio.
Em
Obras
A Divina
Comédia escreve uma viagem de Dante através do Inferno, Purgatório,
e Paraíso, primeiramente guiado pelo poeta romano Virgílio
(símbolo da razão humana), autor do poema épico Eneida, através do
Inferno e do Purgatório e, depois, no Paraíso, pela mão da sua amada Beatriz
- símbolo da graça
divina - com quem, presumem muitos autores, nunca tenha falado e, apenas
visto, talvez, de uma a três vezes).
Em termos
gerais, os leitores modernos preferem a descrição vívida e psicologicamente
interessante para a sensibilidade contemporânea do "Inferno", onde as
paixões se agitam de forma angustiada num ambiente quase cinematográfico. Os
outros dois livros, o Purgatório e o Paraíso, já exigem outra
abordagem por parte do leitor: contêm subtilezas ao nível filosófico e
teológico, metáforas dificilmente compreensíveis para a nossa época, requerendo
alguma pesquisa e paciência. O Purgatório é considerado, dos três livros, o
mais lírico e humano. É interessante verificar que é, também, aquele onde
aparecem mais poetas. O Paraíso, o mais pesadamente teológico de todos, está
repleto de visões místicas, raiando o êxtase, onde Dante tenta descrever aquilo
que, confessa, é incapaz de exprimir (como acontece, aliás, com muitos textos
místicos que fazem a história da literatura religiosa). O poema apresenta-se,
como se pode ver num dos excertos acima, como "poema sagrado" o que
demonstra que Dante leva muito a sério o lado teológico e, quiçá, profético, da
sua obra. As crenças populares cristãs
adaptaram muito do conceito de Dante sobre o inferno, o purgatório e o paraíso,
como por exemplo o fato de cada pecado merecer uma punição distinta no inferno.
A Comédia é o maior símbolo literário e síntese do pensamento medieval,
vivido pelo autor.
Ver: Dante
e Virgílio no inferno- Por Eugène
Delacroix,
Museu
do Louvre
O poema chama-se
"Comédia" não por ser engraçado mas porque termina bem (no Paraíso).
Era esse o sentido original da palavra Comédia, em contraste com a Tragédia,
que terminava, em princípio, mal para os personagens.
Dante escreveu a
"Comédia" no seu dialeto local. Ao criar um poema de estrutura épica
e com propósitos filosóficos, Dante demonstrava que a língua
toscana (muito aproximada do que hoje é conhecido como língua italiana, ou língua vulgar, em oposição ao latim, que se
considerava como a língua apropriada para discursos mais sérios) era adequada
para o mais elevado tipo de expressão, ao mesmo tempo que estabelecia o Toscano
como dialecto padrão para o italiano.
Outras obras
importantes do autor são:
- De vulgari eloquentia ("Sobre a Língua vulgar", escrita, curiosamente, em latim);
- Vita Nuova ("Vida
Nova"), onde insere sonetos, comentados, onde narra a história do seu
amor por Beatriz. A língua utilizada é a toscana, tanto para os poemas (o
que não é grande novidade, já que muitas obras líricas tinham sido
escritas em língua vulgar) como para os comentários que, pelo seu carácter
mais teórico, já inovam ao prescindir do latim.
- Le Rime - "As
rimas", também chamadas de "Canzoniere", onde aparecem
vários textos de cariz lírico (sonetos, canções, baladas, sextinas…), onde,
novamente, canta o amor idealizado (amor
platónico),
Beatriz, bem como a Ciência, a Filosofia, a Moral (num sentido alargado do
termo);
- Il Convivio - "O Convívio", de
carácter filosófico, é apresentado pelo poeta como um banquete com 14
pratos (simbolizando as canções), acompanhados do pão (os comentários).
Faz parte das obras que pretendem dignificar a língua vulgar, tanto mais
que Dante chega aqui a citar autores tão importantes como Aristóteles ou
São Tomás
de Aquino;
- De Monarchia -
"Monarquia", onde expõe as suas ideias políticas. O livro,
escrito em latim possivelmente entre 1310 e 1314, defende a supremacia do
poder temporal sobre o poder papal, lembrando que até Jesus Cristo ressaltou
que não desejava o poder temporal. Ao final, recomenda que ambos
respeitem-se um ao outro, obedecendo àquele "que é o único governador
de todas as coisas, espirituais e temporais";[6]
- Outras obras,
consideradas menores, como "As Epístolas", "Éclogas" e
"Quaestio de aqua et terra".
Nota: Quando nos
referimos a excertos da Divina Comédia, indicamos primeiro o livro (por
exemplo, "Inferno"), depois o Canto, em numeração romana; e, finalmente, em algarismos indo-arábicos, os versos (que
aparecem numerados na maior parte das edições da obra).
·
Reabilitação
Em julho de
2008, o Comitê Cultural de Florença revogou o exílio e concedeu a seus
herdeiros, como forma de compensação a mais alta honraria da cidade, Il
Fiorino D'Oro. A proposta, aprovada na câmara de vereadores da cidade,foi apresentada
pelo vereador Enrico Bosi, do Partido Povo da Liberdade,
tendo sido aprovada por apenas um voto acima do quórum mínimo, uma vez que
recebeu oposição de muitos vereadores da esquerda, que a consideraram apenas
uma forma de beneficiar o único herdeiro vivo de Dante, Peralvise Serego
Alighieri, um produtor de vinho da região de Valpolicella.[7]
·
Imagens de Dante
Dante foi
homenageado por grandes artistas ao longo dos séc.s. Em 2007, cientistas
italianos da Universidade de Bologna recriaram a face de Dante. Crê-se que o
modelo[8]
seja o mais próximo possível de sua verdadeira aparência. Seu retrato, feito
por Sandro Botticelli, foi usado como base junto ao
crânio.[9]
·
Dante por Gustave Doré
·
A
Disputa Por Rafael, Stanza della Segnatura
·
Dante Capela
Bargello, por Giotto di Bondone
Referências
1. «Dante Alighieri» (em inglês). Encyclopædia
Britannica. Consultado em 10 de
janeiro de 2016
2. Durante,
olim vocatus Dante.
3.
Ronnie H. Terpening, Lodovico Dolce, Renaissance Man of Letters
(Toronto, Buffalo, London: University of Toronto Press, 1997), p. 166. - em
inglês
4.
Pullella, Philip (12 de janeiro
de 2007). «Dante gets posthumous nose
job - 700 years on».
statesman. Reuters. Consultado em 5 de novembro de 2007
5. Benazzi S. (2009). "The face of the poet Dante Alighieri
reconstructed by virtual modelling and forensic anthropology techniques". Journal of archaeological
science 36 (2):278-283. doi:10.1016/j.jas.2008.09.006
6. Schilling,
Voltaire. «Dante Alighieri como político». Educaterra - Cultura e
Pensamento. Consultado em 30 de abril
de 2010
7. O Globo, 5 de julho de 2008,
página 35.
9. Cientistas
italianos recriam face de Dante Alighieri BBCBrasil.com, acessado em 9 de fevereiro de 2007.
Bibliografia
·
Étienne Gilson, Dante et la philosophie, Paris, 2002
· René Guénon, O Esoterismo de Dante, Lisboa, 1990.
·
Titus Burckhardt, Because Dante is right,
in: The Essential Titus Burckhardt,
Bloomington, EUA, 2004.
Ver também
· Asteróide 2999
Dante,
que recebeu o nome em honra do poeta.
Ligações externas
· A Divina Comédia - Texto integral - tradução de José Pedro Xavier
Pinheiro (em português)
· A Divina
Comédia - Inferno
- tradução de José Pedro Xavier Pinheiro (em português)
· A Divina Comédia - Purgatório - tradução de José Pedro Xavier Pinheiro
(em português)
· A Divina
Comédia - Paraíso
- tradução de José Pedro Xavier Pinheiro (em português)
· IntraText Digital
Library - Obras de Dante Alighieri - (em português)
· Letteratura
Italiana Opera Omnia
- Dante Alighieri - Vida e Obra (em italiano)
· Obras de Dante
Alighieri
PDF, TXT, RTF (em italiano)
A Divina Comédia
A Divina Comédia [1] (em italiano: Divina
Commedia, originalmente Comedìa e, mais tarde, denominada Divina Comédia
por Giovanni
Boccaccio)[2] é um poema de viés épico e teológico da literatura italiana e mundial, escrito por Dante Alighieri no séc. XIV e
dividido em três partes: o Inferno, o Purgatório e o Paraíso.
Contexto e sentido
Escrito
originalmente em italiano vulgar baseado no dialeto
toscano da época e bastante semelhante ao italiano atual, e não em latim
como fazia-se comum à época, trata-se de um poema articulado por trilogias,
entre elas as formadas por Razão - Humano - Fé, Onça - Leão - Loba, Pai - Filho
- Espírito Santo; e com final feliz segundo sugerido pelo próprio nome: à época
Não há registo
da data exata em que foi escrita, mas as opiniões mais reconhecidas asseguram
que o Inferno pode ter sido composto entre 1304 e 1307-1308, o Purgatório
de 1307-
O poema - talvez
o maior do Ocidente - descreve uma viagem onde se sucedem diversos
acontecimentos.[4]
Sua força está na riqueza das alegorias, que tornam o relato atemporal.
Dante escreveu a
"Comédia" - um poema de estrutura épica, com propósitos filosóficos -
no seu dialeto
local, o florentino, que é uma variedade do toscano.
O poeta demonstrou que o florentino (muito próximo do que hoje é conhecido como
língua italiana), uma língua vulgar (em oposição ao latim, que se
considerava como a língua apropriada para discursos mais sérios), era adequado
para o mais elevado tipo de expressão, estabelecendo-o como italiano padrão. De
fato, é a matriz do italiano atual.
Há quem veja
esta obra como a Suma Teológica, de São Tomás de Aquino, em verso[5].
Grandes pintores
de diferentes épocas criaram ilustrações para a Divina Comédia,
destacando-se Botticelli, Gustave
Doré e Dalí[1].[6]
A Divina
Comédia é a fonte original mais acessível para a cosmovisão
medieval,
que dividia o Universo em círculos concêntricos. A obra moderna mais conhecida
a respeito dessa cosmovisão é The Discarded Image, de C. S.
Lewis, ilustrada por Gustave
Doré.
Explicações
sobre o sentido do simbolismo na obra são complexas e muito debatidas, como é o
caso de se saber exatamente o significado da amada Beatriz: seria ela apenas um
amor carnal, o estado, a igreja, o amor metafísico ou outro? O próprio Dante
confirma esta complexidade afirmando que a obra possui quatro sentidos
sobrepostos: literal, moral, alegórico e místico.[7]
Estrutura
Cada uma das
três partes do poema (Inferno, Purgatório e Paraíso) está dividida em 33 cantos,
com mais um a título de introdução, a obra soma 100 cantos, número que
significaria a perfeição da perfeição. Além do próprio Dante, três são os
personagens principais: Virgílio, guia no inferno e purgatório, Beatriz guia no
paraíso terrestre e São Bernardo, guia nas esferas celestes. A obra soma também
14.233 versos em, a partir de então chamados, "tercetos dantescos".[8]
Sinopse
A Divina Comédia
propõe que a Terra está no meio de uma sucessão de círculos concêntricos que
formam a Esfera armilar e o meridiano onde é Jerusalém
hoje, seria o lugar atingido por Lúcifer ao
cair das esferas mais superiores e que fez da Terra
Santa o Portal do Inferno. Portanto o Inferno, responderia pela depressão
do Mar
Morto, onde todas as águas convergem, e o Paraíso e o Purgatório seriam os segmentos dos
círculos concêntricos que juntos respondem pela mecânica celeste e os cenários
comentados por Dante, num poema envolvendo todos os personagens bíblicos do
Antigo ao Novo Testamento, que são costumeiramente encontrados nas entranhas do
Inferno sendo que os personagens principais da Divina Comédia são o próprio
autor, Dante Alighieri, que realiza uma jornada espiritual pelos três reinos do
além-túmulo, e seu guia e mentor nessa empreitada, Virgílio
- o próprio autor da Eneida.
·
Inferno
Ver artigo
principal: Inferno
(Divina Comédia)
Dante e Virgílio
chegam ao vestíbulo do Inferno (que tem nove círculos). Entre o vestíbulo e o
1 °Círculo, está o rio Aqueronte, no qual se encontra Caronte, o
barqueiro que faz a travessia das almas. Porém Dante é muito pesado para fazer
a travessia no barco de Caronte, pelo fato de ser vivo. Porém, Virgílio adverte
o mitológico barqueiro de que a travessia do rio através de seu barco é mister
devido a uma ordem celeste. É através deste barco que Virgílio e Dante
atravessam o rio.
O limbo é o local onde as almas que não puderam
escolher a Cristo,
mas escolheram a virtude,
vivem a vida que imaginaram ter após a morte. Não têm a esperança de ir ao céu pois não tiveram fé
No Limbo, Dante
encontra Homero
(séc. IX a.C. ou séc. VIII a.C.) a quem tradicionalmente se atribui a autoria
dos poemas épicos Ilíada, que narra a queda de Troia, e Odisseia, que
narra o retorno de Ulisses da guerra
de Troia e suas viagens; Ovídio (
No segundo
círculo começa o Inferno propriamente dito. Nesse círculo ficam os luxuriosos
que sofrem com uma tempestade de vento. Lá ele encontra Francesca de Rimini e seu amante, que é o seu
cunhado.
No terceiro
círculo os gulosos são flagelados por uma chuva putrefacta e são vigiados pelo
mitológico cão
de três cabeças, Cérbero. No quarto círculo desfilam os avarentos empurrando
pesos enormes[9].
No quinto círculo ficam os iracundos, imersos em lama ardente do Pântano do Estige. Os
insolentes soberbos também.
Para atravessar
o pântano eles apanham boleia do demônio Etagias, este os deixa na porta da
cidade de Dite. Essa cidade tem muralhas de fogo e
está na parte mais funda do Inferno, onde as culpas são muito mais fortes e as
punições também. Os demônios não querem que Dante nem Virgílio entrem, pois
Dante não está morto. Então aparecem as três Fúrias, e
com elas aparece a Medusa, que petrifica quem a olhe. Um enviado
celeste chega e abre as portas de Dite.
No sexto
círculo, Dante e Virgílio recomeçam a viagem por dentro de Dite. Lá eles vêem
nos túmulos de fogo os hereges. Os hereges eram queimados em fogueiras quando
estavam vivos. Em rios de fogo estão os assassinos, os violentos com o próximo
e ficam sendo atingidos por flechas dos centauros. Os
violentos contra si mesmos são transformados em árvores. Os esbanjadores são
perseguidos e devorados por cadelas ferozes e famintas.
No sétimo
círculo ficam os violentos com Deus e contra a natureza. Estão deitados e levam chuva de fogo e
os outros além da chuva de fogo ficam caminhando. Os usurários (agiotas) estão
sentados e sofrem a chuva de fogo.
Saindo da cidade
encontram um precipício que não conseguem cruzar, existe um monstro alado, que
voa vagarosamente e os leva até o o fundo do precipício e lá eles encontram o
oitavo círculo. O oitavo círculo é dividido por dez fossos que são ligados por
pontes. Aqui as torturas só pioram e os pecados também. Nas saídas dos fossos
há três gigantes acorrentados.
No último
círculo infernal (nono) não há fogo, e sim frio. Lá ficam os traidores. Os três
maiores são Judas,
Brutus e Cássio Longino. Lúcifer
está lá e devora os três. Então eles finalmente chegam ao centro da Terra e
começam a subir para a saída. Nesse túnel eles vislumbram quatro estrelas, o
Cruzeiro do Sul (isso mostra que o paraíso fica ao sul do Equador). Para chegar
ao Paraíso é necessário antes passar pelo Purgatório.
·
Purgatório
Ver Arte: Purgatório, por Gustave Doré / Ver artigo
principal: Purgatório (Divina Comédia)
Segundo Dante, o
Purgatório é um espaço intermediário entre o Paraíso e o Inferno, que se
encontra na porção austral,
do planeta onde existe uma única ilha, Dante encontra nesta ilha uma montanha
composta por círculos ascendentes, reservado àqueles que se arrependeram em
vida de seus pecados e estão em processo de expiação dos mesmos. No Purgatório
as almas assistem às punições das outras almas que por pecarem mais "intensamente"
foram para o Inferno.
No início da
subida da montanha estão esperando arrependidos tardios, que têm que aguardar a
permissão para passarem pela Porta de São Pedro
antes de iniciarem sua ansiada subida. Cada um dos sete círculos correspondem a
um dos sete pecados capitais, na seguinte ordem: Orgulho, Inveja, Ira, Preguiça,
Avareza junto
ao Pródigo, Gula e Luxúria. Os
Avarentos e Pródigos estão juntos no mesmo círculo, pois são os dois extremos,
onde o avarento supervaloriza o dinheiro e o Pródigo o desperdiça.
No fim do
Purgatório, Dante se despede de Virgílio, pois este, por ter sido pagão, não pode
ter acesso ao Paraíso. Lá encontra Beatriz, sua amada quando estava na Terra.
Esta o leva até o rio Lete.
Quando Dante bebe a água do Lete, esta apaga a sua memória, seus pecados, é
como se Dante tivesse renascido. Existe uma lenda que diz que o Paraíso fica
entre o rio Tigre
e o Eufrates.
Quando Dante vê o rio, ele julga ser o Tigre, no atual Iraque.
Finalmente, Dante chega ao Paraíso.
·
Paraíso
Ver artigo
principal: Paraíso
(Divina Comédia)
Existem sete
céus móveis, cada céu corresponde a um planeta, sendo o primeiro o da Lua. Em
cada um dos céus Dante é abençoado e depois vai ao encontro de Deus.
O oitavo céu, ou
o primeiro céu fixo, é onde as estrelas têm a configuração que vemos no
"nosso" céu. Depois vão para o segundo céu fixo, ou nono céu, que é o
céu Cristalino ou seja, não tem estrelas, é quase só luz, mas é material. O
décimo céu é só luz, é o terceiro céu fixo, e é imaterial. No centro desse céu
há uma rosa branca, que é Deus rodeado por almas, espíritos bons (eleitos, bem
aventurados, santos, anjos). É uma rosa poética.
No centro da
rosa existe um triângulo, a Santíssima Trindade. São Bernardo acompanha Dante a partir do terceiro
céu. Dante então vê Deus, pois São Bernardo intercede junto à Virgem Maria e esta concede sua visita.
Videogames
- Resident
Evil: Revelations
inspirado levemente no livro
- Dante's
Inferno jogo
inspirado no livro
Referências
1. Dali, A Divina Comédia -
Livreto promocional da Exposição - Academia Mineira de Letras - 18 de julho a
17 de agosto de 2014
2. A primeira edição que
adicionou o novo título foi a publicação do humanista veneziano Lodovicco Dolce. V. Terpening,
Ronnie H., Lodovico Dolce,
Renaissance Man of Letters. Toronto, Buffalo, London: University of Toronto
Press, 1997, p. 166. (em inglês). Originalmente publicado em 1555 por Gabriele Giolito de
Ferrari.
3. «The Fordham Monthly» Fordham University, Vol. XL, Dec. 1921, p. 76
4. «José Francisco
Botelho - "Um Inferno cheio de esperança"». Consultado em 7
de abril de 2013.
Arquivado do original em 24 de dezembro de 2013 Educar para Crescer,
26/07/2011
6. Charles Allen Dinsmore, The Teachings of Dante, Ayer Publishing,
1970, p. 38, ISBN 0-8369-5521-8.
7. Donato 1981, p. XI.
8. Donato 1981, p. XVI.
Bibliografia
· Alighieri,
Dante (2006). La Divina commedia:
testo critico della Società Dantesca Italiana. Milão:
Urico Hoepli. ISBN 978.88.203.02.09-8 Verifique |isbn=
(ajuda). Consultado em 22 de dezembro de 2012
· Dante,
Alighieri (1981). A Divina Comédia. São Paulo: Ed. Abril
· Donato,
Hernâni (1981). Prefácio para "A Divina Comédia". pp.VII-XVI. São
Paulo: Ed. Abril
· Petrocchi,
G. (1966-1967).
Ligações externas
· (em português) - Texto completo da
tradução feita por José Pedro Xavier Pinheiro para o Português
· (em português) - Premiado
sítio dedicado à Comédia, por Helder L. S. da Rocha
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