Godofredo de Villehardouin (
Vida
A família Villehardouin
era originária da vila do mesmo nome (atualmente Val-d'Auzon)
no Condado da Champanha, no norte da França.
Nascido por volta de 1150, Godofredo foi apontado como marechal da
Champanha em 1185, servindo como um dos colaboradores mais próximos dos condes.
Em 1200, durante
a Quarta
Cruzada, Godofredo foi um dos emissários enviados a Veneza para organizar o transporte dos cruzados ao norte da África. A dificuldade em reunir os recursos
para a viagem levou o cruzados a acordos com os venezianos que resultaram na
expedição contra Zadar
(Dalmácia)
e contra Constantinopla, capital do Império Bizantino. A conquista e saque de Constantinopla, em 1204, foi o
acontecimento mais marcante da Quarta Cruzada e deu início ao chamado Império
Latino (1204-1261). Godofredo foi nomeado marechal do novo Império.
Aparentemente morreu ao redor de 1212, quando seu nome desaparece das fontes da
época.
·
Da conquista de Constantinopla
A única obra
literária conhecida de Godofredo é Da conquista de Constantinopla (De
la conquête de Constantinople). A obra, que narra os acontecimentos da Quarta
Cruzada até setembro de 1207, é uma das principais fontes históricas
contemporâneas dessa cruzada e da caída da cidade bizantina. É também uma das obras
cronísticas mais antigas da língua francesa. De maneira geral, a cronologia e a
descrição geral de eventos da Conquista é considerada bastante precisa
pelos historiadores modernos, apesar de que algumas passagens revelam que o
autor serviu-se da crónica para reforçar os aspectos positivos de sua
participação nos acontecimentos.
A Conquista
é contada em terceira pessoa e é narrada em um tom frio e distante. As exceções
são umas poucas passagens escritas em tom mais pessoal, como a descrição da
impressionante cidade de Constantinopla e a narração da tristeza dos cruzados
ao abandonar seus lares na Europa. Godofredo descreve os cruzados latinos em
muito melhores termos que os gregos bizantinos, retratados como violentos e
traiçoeiros. Os cruzados, em contraste, são mostrados como justos e leais, e
suas ações são guiadas pela divina providência. As vitórias são obtidas
graças ao favor de Deus,
enquanto que as derrotas são atribuídas ao pecado. O relato
geral da Conquista, assim, é o de um grupo de leais guerreiros que lutam
pela justiça, virtude e verdadeira fé cristã. Nesse sentido, o ethos da
crónica é semelhante ao das canções de gesta francesas da época.
A obra de
Godofredo foi relativamente popular na Idade
Média, como demonstrado pela existência atualmente de seis manuscritos
medievais da Conquista. A única obra comparável à de Godofredo é a de Roberto
de Clari, um cavaleiro originário da Picardia que
também escreveu uma narração da Quarta Cruzada. A comparação entre ambas obras
é muito interessante porque, enquanto Godofredo escreveu desde uma perspectiva
próxima à dos líderes cruzados, Roberto, que era um vassalo de menor rango,
escreveu desde uma ótica mais próxima à dos combatentes comuns. Outra fonte
contemporânea importante é Nicetas
Coniates, um funcionário grego de alto rango que descreveu o saque de
Constantinopla de uma perspectiva bizantina
Referências
· Joinville and Villehardouin: Chronicles of the
Crusades. Tradução, introdução e notas de Caroline Smith.
Penguin Classics, 2008. ISBN
978-0-140-44998-3
Ligações
externas
· Peter Noble. Eyewitnesses to the fourth cruzade -
the war against Alexius III. [1] (em inglês)
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