GREGÓRIO NAZIANZO (o Teólogo) (330 - 389)
Gregório de Nazianzo, ou Gregório
Nazianzeno (perto de Nazianzo,[a] Capadócia,
Ásia Menor, 329 — 389), foi um Patriarca
de Constantinopla, teólogo e escritor cristão.
Conhecido também por Gregório Teólogo ou Gregório, o Teólogo, é
amplamente considerado como o mais talentoso retórico da era patrística[2]:21.
Como um orador treinado nos clássicos e um filósofo, ele infundiu o helenismo
na igreja
antiga[2]:24.
Gregório
teve um impacto significativo na formação da teologia trinitária
tanto entre os teólogos latinos como
entre os gregos,
e é lembrado como o "teólogo trinitário". Muito de sua obra teológica
continua influenciando os teólogos modernos, especialmente no que diz respeito
à relação entre as 3 pessoas
da Trindade.
É um dos Padres da
Igreja que, juntamente com seus irmãos Basílio Magno e Gregório de
Nissa, são denominados Padres
Capadócios.
Gregório
é denominado, pela Igreja
Ortodoxa, num testemunho do seu imenso apreço, pelo cognome "o
Teólogo". Para a Igreja
Católica, Gregório também é um doutor da Igreja.
Biografia
1.ºs anos e educação
Gregório
nasceu em Arianzo, perto de Nazianzo, no
sudoeste da Capadócia
[3]:18.
Seus pais, Gregório
e Nona,
eram ricos proprietários de terra. No ano de 325, Nona converteu seu marido (um
hipsistariano) ao Cristianismo e ele foi, em
seguida, consagrado bispo de Nazianzo em 328 ou 329.[2]:7.
O jovem Gregório e seu irmão, Cesário
1.º estudaram em casa com o tio, Anfilóquio. Gregório seguiu estudando retórica
avançada e filosofia em Nazianzo, Cesareia,
Alexandria e Atenas. Nesta última, formou uma
forte amizade com seu companheiro de estudos, Basílio de
Cesareia, e também foi apresentado a Flávio Cláudio Juliano, que
depois se tornaria o imperador romano conhecido como Juliano, o
Apóstata [3]:19,25.
Em Atenas, Gregório estudou com os famosos retóricos Himério de Prusa e Proarésio
[4]. Ao terminar sua
educação, lecionou brevemente em Atenas.
Sacerdócio
Em
361, Gregório retornou a Nazianzo e foi ordenado
presbítero por seu pai, que
queria que ele o ajudasse a cuidar da comunidade cristã local[2]:99–102.
O jovem Gregório, que estava considerando a vida monástica, ressentiu-se da
decisão de seu pai de forçá-lo a escolher entre os serviços sacerdotais e uma
existência solitária, chamando-a de "ato de tirania"[5]. Deixando a sua casa
após alguns dias, ele se encontrou com o amigo Basílio em Annesoi, onde
os dois viveram como ascetas [2]:102.
Porém, Basílio o incitou a voltar para casa para ajudar seu pai, o que ele fez
somente no ano seguinte. Chegando a Nazianzo, Gregório encontrou a comunidade
dividida por diferenças teológicas e seu pai sendo acusado de heresia por
monges locais[2]:p.
107. Gregório então ajudou a resolver a divisão através de uma combinação
de diplomacia pessoal e de sua oratória.
Nesta
época, o imperador Juliano tinha se declarado publicamente contra o
cristianismo [2]:ª107.
Em resposta à rejeição do imperador pela fé cristã, Gregório compôs Ofensiva
contra Juliano entre 362 e 363. Ofensiva afirma que o Cristianismo
irá superar governantes imperfeitos como Juliano através do amor e da
paciência. Esse processo descrito por Gregório é a manifestação pública do
processo de deificação (theosis),
que leva à elevação espiritual e à união mística com Deus [2]:121.
Juliano resolveu, no final de 362, perseguir violentamente Gregório e outros
críticos cristãos. Porém, o imperador faleceu no ano seguinte durante uma campanha
contra os persas[2]:125–6.
Com a morte do imperador, Gregório e as Igrejas orientais não estavam
mais sob a ameaça de perseguição,
uma vez que o novo imperador Joviano era
um cristão declarado e defensor da igreja [2]:130.
Gregório
passou os anos seguintes combatendo o arianismo, que ameaçava dividir a
região da Capadócia. Neste ambiente tenso, Gregório intercedeu em favor de seu
amigo Basílio
com o bispo Eusébio de Samósata [2]:138–42.
Os dois amigos então entraram num período de colaboração fraternal muito
próxima enquanto participavam da grande disputa retórica da igreja de Cesareia
iniciada pela chegada de talentosos teólogos e retóricos arianos à região[2]:143.
Nos debates públicos subsequentes, presididos por agentes do imperador Valente,
Gregório e Basílio emergiram triunfantes.Esse sucesso confirmou para os dois
que o seu futuro agora residia na administração da Igreja cristã[2]:143.
Basílio, que há muito já demonstrava inclinação para o episcopado, foi eleito bispo da Sé de Cesareia,
na Capadócia, em 370.
Episcopado em Sásima e Nazianzo
Gregório
foi consagrado bispo de Sásima em 372[2]:190–5,
uma Sé recentemente criada por Basílio para reforçar sua posição na disputa
contra Antimo,
bispo de Tiana[4]. As ambições do pai de
Gregório de ver o seu filho subir na hierarquia da Igreja e a insistência de
seu amigo Basílio convenceram Gregório a aceitar esta posição, apesar de suas
reservas pessoais. Gregório iria depois se referir à esta consagração episcopal
como tendo sido forçada sobre ele por seu teimoso pai e por Basílio[2]:187–92.
Descrevendo seu novo bispado, Gregório lamentou que ele não passava de um "buraquinho
apertado, completamente horrível; uma irrisória parada de cavalos na estrada
principal... sem água, vegetação ou a companhia de cavalheiros... esta era a
minha igreja em Sásima!"[6].Ele fez pouco para
administrar sua nova diocese,
reclamando a Basílio que ele teria preferido, ao invés disto, ter continuado a
perseguir a vida contemplativa[3]:38–9.
Já
no final de 372, Gregório retornou a Nazianzo para ajudar seu pai, no leito de
morte, com a administração de sua diocese[2]:199.
Isso acabou por afetar a relação com Basílio, que insistia que Gregório reassumisse
o seu posto em Sásima.Gregório respondeu que ele não tinha intenção alguma de
voltar a ser um peão para avançar os interesses de Basílio[7]. Ao invés disso, ele
focou sua atenção em suas novas tarefas como coadjutor de Nazianzo. Foi ali
que Gregório pregou a primeira de suas famosas orações episcopais[b].
Após
as mortes de seu pai e de sua mãe em 374, Gregório continuou a administrar a
diocese de Nazianzo, mas recusou ser nomeado bispo. Doando a maior parte de sua
herança aos necessitados, ele viveu uma existência austera[4]. No final de 375, ele
se retirou para um mosteiro em Selêucia Isaura
(atual Silifke), vivendo ali por três
anos. Perto do final deste período, seu grande amigo Basílio faleceu. Embora a
saúde de Gregório não tenha permitido que ele participasse do funeral, ele escreveu
uma comovente carta de condolências para o irmão de Basílio, Gregório de
Nissa, e compôs dois poemas memoriais dedicados à memória de seu
finado amigo[c].
Gregório em Constantinopla
Para mais detalhes
sobre este tópico, ver: Controvérsia
ariana
O
imperador
romano Valente
morreu em 378. A
ascensão de Teodósio, um
firme defensor da ortodoxia de
Niceia, foi uma ótima notícia para os que desejavam livrar Constantinopla do arianismo e do apolinarismo[2]:235.
O exilado partido niceno
gradualmente pôde retornar à cidade. Em seu leito de morte, Basílio os lembrou
das habilidades de Gregório e provavelmente recomendou seu amigo para ser o
campeão da causa trinitária
em Constantinopla[2]:235–6[8][9].
Em
379, o Concílio
de Antioquia e seu arcebispo, Melécio,
convidaram Gregório até Constantinopla para liderar a campanha para conquistar
a cidade em nome da ortodoxia nicena[3]:42.
Após muita hesitação, Gregório acabou concordando.Sua prima, Teodósia,
ofereceu-lhe sua vila para que lá morasse e Gregório imediatamente
transformou-a quase que inteiramente numa igreja, chamando-a de "Anastasia",
"uma ceia para a ressurreição da fé"[2]:241[10][d]. Desta
pequena capela, ele pregou cinco poderosos discursos sobre a doutrina nicena,
explicando a natureza da Trindade
e a unidade da divindade[4]. Refutando a negação da
divindade do Espírito Santo pregada pelos eunomeanos, Gregório ofereceu
este argumento:
“Vejam estes
fatos: Cristo nasce, o Espírito Santo é seu precursor.Cristo é batizado, o
Espírito testemunha... Cristo realiza milagres, o Espírito os acompanha. Cristo
ascende, o Espírito toma Seu lugar. Que grandes coisas existem na ideia de Deus
que não estão em Seu poder? Que títulos pertinentes à Deus não se aplicam
também a Ele, exceto por "Não-criado" e "Criado"? Eu tremo
quando eu penso em tal abundância de títulos, e quantos Nomes eles blasfemam,
estes que se revoltam contra o Espírito!” — Oração 31,
Gregório de Nazianzo
As
homilias de Gregório foram bem
recebidas e atraiam uma multidão crescente até Anastasia. Temendo sua
popularidade, seus oponentes resolveram atacar. Na vigília da Páscoa, em 379, uma multidão
ariana invadiu a igreja durante a missa, ferindo Gregório e matando um outro
bispo. Escapando da turba, Gregório em seguida foi traído por seu até então
amigo, o filósofo Máximo,
o Cínico. Máximo, que tinha uma aliança secreta com Pedro,
o bispo de
Alexandria, tentou tomar para si a posição de Gregório e fazer-se
consagrar como bispo
de Constantinopla. Chocado, Gregório decidiu renunciar ao seu posto,
mas a facção ainda fiel a ele o induziu a ficar e Máximo foi expulso.Porém, o
episódio o envergonhou e o expôs às críticas dos que o acusavam de ser um
simplório, incapaz de aguentar as intrigas da corte imperial[3]:43.
A
situação em Constantinopla continuou confusa, pois a posição de Gregório ainda
não era oficial e padres arianos ocupavam ainda muitas igrejas importantes. A
chegada do imperador Teodósio em 380 resolveu a questão a favor de Gregório. O
imperador, determinado a eliminar o arianismo, expulsou o bispo
Demófilo e Gregório foi subsequentemente entronizado como bispo de
Constantinopla na Basílica dos Apóstolos, no lugar de Demófilo[3]:45.
Segundo Concílio Ecumênico e aposentadoria em Arianzo
Teodósio queria unificar ainda
mais o Império Romano
sob a posição ortodoxa e decidiu convocar um concílio da Igreja para resolver
os assuntos de fé e disciplina[3]:45.
Gregório queria o mesmo e desejava sanar os cismas vigentes na Cristandade. Na primavera de 381
d.C., reuniram o 1.º Concílio de Constantinopla (Segundo Concílio
Ecumênico), que teve a presença de cento e cinquenta bispos
orientais. Após a morte do bispo que presidia os trabalhos, Melécio
de Antioquia, Gregório foi selecionado como líder. Na esperança de
reconciliar as várias Igrejas
orientais e a ocidentais,
se ofereceu para reconhecer Paulino
como Patriarca
de Antioquia. Os bispos das províncias
romanas do Egito
e Macedônia,
que apoiavam Máximo,
chegaram atrasados para o concílio. Porém, uma vez lá, se recusaram a
reconhecer a posição de Gregório como chefe da igreja de Constantinopla,
argumentando que sua transferência da Sé de Sásima fora canonicamente ilegítima[2]:358–9.
Gregório
estava fisicamente exaurido e preocupado em perder a confiança dos bispos e do
imperador[2]:359.
Em vez de pressionar ainda mais sua posição e arriscar uma divisão maior, ele
decidiu renunciar: "Que eu seja o profeta Jonas! Eu fui o
responsável pela tempestade e seria capaz de sacrificar-me para a salvação da
embarcação. Agarrem-me e me atirem ao mar... Eu não estava feliz quando ascendi
ao trono e com alegria eu desceria dele."[12]. Ele chocou o concílio
com a sua renúncia surpreendente e deu um dramático discurso para Teodósio
pedindo que o liberasse de suas funções. O imperador, movido por suas palavras,
aplaudiu, elogiou seu trabalho e lhe concedeu a renúncia. O concílio pediu-lhe
que aparecesse uma vez mais para um ritual de despedida e orações
celebratórias. Gregório utilizou esta ocasião para proferir seu discurso final
(Oração 42[e]) e partiu[2]:361.
Retornando
à sua terra natal na Capadócia, Gregório uma vez mais assumiu sua posição como
bispo de Nazianzo. Passou o ano seguinte combatendo os apolinaristas locais e lutando
contra uma doença recorrente. Também começou a compor De Vita Sua, seu
poema autobiográfico[3]:50.
No final de 383 d.C., se considerou debilitado demais para continuar as suas
tarefas episcopais. Gregório então consagrou Eulálio como bispo da cidade e se
retirou para a solidão de Arianzo.[a] Após de
gozar cinco pacíficos anos retirado nas terras da família, morreu em 25 de
janeiro de 389 d.C.
Legado
A
produção literária de Gregório de Nazianzo não é muito abundante. Nela se podem
encontrar discursos, poemas e cartas. Não escreveu nenhum comentário bíblico,
nem nenhum tratado dogmático. Contudo, quer na prosa, quer na poesia, brilha
por cima de todos os seus contemporâneos pela perfeição exemplar do seu estilo[13].
Pensamento teológico
“Cristo dá-nos
a conhecer, pelo seu amor, um só Deus numa Trindade: é de três infinitos a
infinita conaturalidade. Deus integralmente, cada um considerado em Si mesmo
(...) Deus, os Três considerados juntamente.” — Orações XL, 41,
Gregório de Nazianzo[14]
A
mais significativa contribuição teológica de Gregório vem de sua defesa da
doutrina nicena
da Santíssima
Trindade. Ele é especialmente lembrando pelas contribuições no campo
da pneumatologia — o estudo da
natureza do Espírito Santo[15]. Sobre este assunto,
Gregório foi o 1.º a utilizar a ideia de processão [proceder de] para
descrever a relação entre o Espírito Santo e a Divindade: "O
Espírito Santo é realmente um Espírito, vindo realmente do Pai, mas não da maneira do Filho, pois não é por geração e sim por 'processão', uma vez
que eu preciso cunhar uma nova palavra pelo bem da clareza."[11]. Embora Gregório não
tenha desenvolvido completamente o conceito, a ideia da "processão"
iria formatar a maior parte do pensamento posterior sobre o assunto (Veja cláusula
Filioque) [16].
Ele
enfatizou que Jesus não deixou de ser Deus quando se tornou homem, nem perdeu nenhum dos seus
atributos divinos quando tomou a natureza humana. Além disso, Gregório afirmou
que Jesus Cristo era completamente humano, incluindo ter uma alma humana
completa. Ele também proclamou a eternidade do Espírito Santo, dizendo que Suas
ações estavam como que escondidas no Antigo Testamento, mas que
passaram a aparecer muito mais claramente desde a ascensão de
Jesus ao Céu e a descida do Espírito Santo na festa de Pentecostes.
Em
contraste com a crença neo-ariana de que o Filho é ahomoios, ou
"dissimilar" ao Pai, e com a afirmação semi-ariana de que o Filho é homoiousios, ou
"similar" ao Pai, Gregório e seus companheiros capadocianos mantinham
o credo de
Niceia de homoousia,
ou consubstancialidade
do Filho com o Pai[17]:9,10.
Os Padres
capadócios afirmaram que a natureza divina é incompreensível para o
homem; ajudaram a desenvolver a estrutura da hipóstase, ou 3 pessoas
unidas em uma Divindade;
e explicaram o conceito de theosis,
a crença de que todos os cristãos podem ser assemelhados com Deus em "imitação
do Filho encarnado como o divino modelo"[17]:10.
Reflectiu
ainda, de modo profundo, sobre a natureza e dignidade do sacerdócio ordenado
como prolongamento da vida de entrega e de serviço de Jesus Cristo. Acerca
deste último tema é de realçar a "Oração II", conhecida pelo
seu nome latino, "Apologeticus de fuga".
Alguns
dos textos teológicos de Gregório sugerem que, como seu amigo Gregório de
Nissa, ele pode ter apoiado alguma forma da doutrina da apocatástase, a crença de que
Deus, no final, irá colocar toda a criação em harmonia com o Reino dos Céus[18]. Esta tese levou
alguns dos universalistas
cristãos do final do séc. 19, como John Wesley Hanson e Philip Schaff, a descreverem a
teologia de Gregório como sendo universalista [19]. Esta visão de
Gregório também é suportada por alguns teólogos modernos, como John
Sachs, que disse que Gregório tinha "inclinações" em
direção à apocatástase, mas de forma "cautelosa e não dogmática"[20]. Porém, não é
universalmente aceite que Gregório tenha aceitado esta doutrina[21].
Influência
Nicóbulo,
sobrinho-neto de Gregório, serviu como seu auxiliar literário, conservando e
editando a maior parte de seus escritos. Um primo, Eulálio, publicou suas obras
mais importantes em 391[2]:11.
Já no ano 400, Rufino
começou a traduzir suas orações para o latim. Os seus escritos e orações influenciaram o pensamento
teológico, à medida que eles foram circulando por todo o império. Seus
discursos foram citados com autoridade no Concílio
de Éfeso em 431 e, em 451, foi chamado de "Gregório, o Teólogo", pelo Concílio
de Calcedônia [2]:11
— um título que compartilha com o apóstolo João
[4] e com Simão o
Novo Teólogo. Porém, "teólogo" neste contexto implica um
significado mais cristológico
do que se esperaria. Ele é muito citado pelos teólogos da Igreja Ortodoxa e é tido na mais
alta estima como defensor da fé cristã. Suas contribuições para a teologia
trinitária também foram influentes e com frequência é também citado nas Igrejas
ocidentais [f]. Paul Tillich atribui a Gregório
de Nazianzo "ter criado as fórmulas definitivas da doutrina da
Trindade" [22].
Obras
Devido
à tendência de Gregório de comentar aspectos de sua vida pessoal em suas obras,
elas são facilmente identificáveis e mostram claramente a evolução de seu
pensamento[23].
Seus
discursos (Orationes: abreviado aqui como "Orat.")
foram organizados de maneira cronológica para publicação integral por Tillemont e Maurini:
abarcam a vida de Gregório desde 362 até 383. No total, foram 44 (com uma
finalmente sendo rechaçada como espúrio). A edição de Migne (Patrologia Graeca) os
publicou nos volumes 35 e 36 . A edição crítica, já com apenas os 43 discursos
comprovados como autênticos foi publicada pelas Sources
Chrétiennes [24]. É possível
identificar retoques feitos pelo autor, o que implica que Gregório já imaginava
publicar estes discursos. Rufino de
Aquileia foi um dos 1.ºs a traduzir alguns deles para o latim. No 1.º, Gregório pede desculpas por fugir da ordenação
sacerdotal. No segundo, fala do sacerdócio com um texto que
claramente influenciou a obra posterior de João
Crisóstomo, os "Seis livros do sacerdócio"[25]:386.
Os famosos "Discursos Teológicos" sobre a Trindade
se encontram sob os números 27–31 na obra de Migne: o título foi sugerido pelo
próprio Gregório (cf. Orat. 28, 1). Os discursos em que ele se dedicou a
combater Juliano, o
Apóstata foram escritos no ano de 370 (cf. Orat. 4 e 5).
Suas
cartas foram colecionadas por Migne no volume 37 de sua Patrologia Graeca. São 249,
ainda que com algumas espúrias.
Datadas a partir de 359 d.C., muitas foram dirigidas a Basílio Magno. Três cartas
teológicas sobre o apolinarismo
foram publicadas por Sources Chrétiennes no volume 208 de sua coleção.
Sua
obra poética se divide em Carmina dogmatica (38 poemas), Carmina
moralia (40 poemas), sobre si mesmo (99 poemas), sobre seus amigos (8
poemas), epitáfios (129 poemas) e epigrammata
(94 poemas). Todos estão no volume 37 de Migne. Um poema sobre a Paixão de Cristo
é considerado apócrifo
(cf. SC vol. 149.), ainda que seja um tema de debates em que autores
como Francesco Trisoglio ou André Tuilier defendem que ele é de fato obra de
Gregório[25]:389.
Juntamente
com Basílio, Gregório compôs uma edição de textos de Orígenes chamada "Filocalia".
Além do tema da apocatástase, já tratado, outro ponto de contato entre Gregório
e Orígenes é a sua avaliação positiva do uso da cultura clássica no
cristianismo. A comparação utilizada por Orígenes, de que assim como os judeus levaram consigo os
tesouros dos egípcios em sua fuga, também os cristãos deveriam tomar da cultura
greco-latina aquilo que fosse necessário para a propagação do Evangelho, também
foi utilizada por Gregório nesta obra[26].
Relíquias
Logo
após a sua morte, Gregório foi enterrado em Nazianzo. Suas relíquias foram transferidas para
Constantinopla em 950, para a Igreja
dos Santos Apóstolos. Parte das relíquias foram posteriormente
levadas de lá pelos cruzados
durante a 4.ª Cruzada
em 1204 e acabaram em Roma.
Em 27 de novembro de 2004, estas relíquias e as de João
Crisóstomo foram devolvidas a Istambul pelo Papa João
Paulo II, com o Vaticano
mantendo apenas uma pequena porção de ambas. As relíquias estão agora
preservadas na Catedral de São Jorge (sede do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla) [27].
Ver também
·
Doutor da Igreja
Notas
[a] ^ Arianzo, o local onde Gregório
nasceu e morreu, era uma propriedade da família de Gregório, situada a pouca
distância de Nazianzo, onde é hoje Güzelyurt (antiga Karbala),
onde o imperador Teodósio I
mandou construir uma igreja ainda existente para Gregório.[28]
[b] ^ Orações.
The First Theological Oration. A Preliminary Discourse Against the Eunomians
(em inglês). XXVII.
[S.l.: s.n.]
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sem |sobrenome1=
em Authors list (ajuda)
— texto completo
[c] ^ Epístola LXXIV. Texto completo (em inglês). [S.l.: s.n.]
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em Authors list (ajuda)
[d] ^ «Um dia passou Eliseu por Suném,
onde se achava uma mulher de distinção; e ela o constrangeu a comer. Sucedeu
que todas as vezes que ele passava por ali, lá entrava para comer.» (2 Reis 4:8)
[e] ^ Orações.
The Last Farewell in the Presence of the One Hundred and Fifty Bishops (em inglês).
42. [S.l.: s.n.]
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sem |sobrenome1=
em Authors list (ajuda)
[f] ^ Como exemplo, veja a edição de 1992
do Catecismo
da Igreja Católica, que cita uma variedade de orações de Gregório.
Referências
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data em:
|ano=
(ajuda)
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de Ep. 48, PG 37.97
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Basil, Bishop of Cæsarea in Cappadocia (em
inglês). XLIII. [S.l.: s.n.]
|nome1=
sem |sobrenome1=
em
Authors list (ajuda)
9.
PG 36.497
10.
Orat. 26.17,
p. 35.1249
11. «29». Orações. The Fifth Theological Oration.
On the Holy Spirit (em inglês). XXXI. [S.l.: s.n.]
|nome1=
sem |sobrenome1=
em
Authors list (ajuda)
12. PG,
37.1157–9, Carm. de vita sua,
ll 1828–55
13.
Børtnes
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|nome1=
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