Euclides de Megara (c. 430 - 360 a.C. )
Euclides was a
native of Megara,
and founder of the Megarian or Eristic sect. He applied himself early to the
study of philosophy, and learned from the writings of Parmenides the art of
disputation. Hearing of the fame of Socrates, Euclides moved to Athens and became a
devoted student for many years. Because of an enmity between Athenians and
Megarians, a decree was passed which forbid any Megarian from entering Athens under the penalty
of death. Euclides moved twenty miles out of Athens, and would sneak into the city at
night for instruction, dressed as a woman in a long cloak and veil. He
frequently became involved in business disputes in civil courts. Socrates, who
despised forensic contests, expressed dissatisfaction with Euclides for his
fondness for controversy. It is likely that this provoked a separation between
Euclides and Socrates, for after this Euclides was the head of a school in Megara which taught the
art of disputation. Debates were conducted with so much vehemence among his
pupils, that Timon said of Euclides that he carried the madness of contention
from Athens of Megara (Diog. Laert,
6:22). Nevertheless, his restraint is attested to in a story about a quarrel he
had with his brother. His brother charged, "Let me perish if I do not have
revenge on you." To this Euclides replied, "And let me perish if I do not subdue your
resentment by forbearance, and make you love me as much as ever." In
disputes, Euclides was averse to the analogical method of reasoning, and judged
that legitimate argumentation consists in deducing fair conclusions from acknowledge
premises.
His position was a
combination of Socraticism and Eleaticism. Virtue is knowledge, but knowledge
of what? It is here that the Eleatic influence became visible. With Parmenides,
the Megarics believed in the one Absolute being. All multiplicity, all motion,
are illusory. The world of sense has in it no true reality. Only Being is. If
virtue is knowledge, therefore, it can only be the knowledge of this Being. If
the essential concept of Socrates was the Good, and the essential concept of
Parmenides Being, Euclides now combined the two. Thus, according to Cicero, he defined the
"supreme good" as that which is always the same. The Good is
identified with Being. Being, the One, God, Intelligence, providence, the Good,
divinity, are merely different names for the same thing. Becoming, the many,
evil, are the names of its opposite, not-being. Multiplicity is thus identified
with evil, and both are declared illusory. Evil has no real existence. The good
alone truly is. The various virtues, as benevolence, temperance, prudence, are
merely different names for the one virtue, knowledge of being. It is said that
when Euclides was asked his opinion concerning the gods, he replied, "I
know nothing more of them than this, that they hate inquisitive persons."
Author Information
The author of this article is
anonymous. The IEP is actively seeking an author who will write a replacement
article.
EUCLIDES (300 - 200 aC)
Euclides de Alexandria (em grego
antigo: Εὐκλείδης Eukleidēs; fl. c.
300 aC)
foi um professor, matemático platônico e escritor possivelmente grego, muitas
vezes referido como o "Pai da Geometria".[1] Ele estava ativo em Alexandria
durante o reinado de Ptolomeu I (323-283 aC). Sua obra Elementos é uma mais influentes na
história da matemática, servindo como o principal livro didático para o ensino
de matemática (especialmente geometria) a partir do momento de sua publicação
até o final do séc. 19 ou início do séc. 20. [2][3][4] Nos Elementos, Euclides deduziu os teoremas do que hoje é chamado de
geometria euclidiana a partir de um pequeno conjunto de axiomas. Euclides
também escreveu trabalhos sobre perspectiva, seções cônicas, geometria
esférica, teoria dos números e rigor.
A
geometria
euclidiana é caracterizada pelo espaço euclidiano, imutável,
simétrico e geométrico, metáfora do saber na antiguidade clássica e que se
manteve incólume no pensamento matemático medieval e renascentista, pois
somente nos tempos modernos puderam ser construídos modelos de geometrias
não-euclidianas.
Vida
Pouco
se sabe sobre a vida de Euclides pois há apenas poucas referências fundamentais
a ele, tendo sido escritas séculos depois que ele viveu, pelo matemático grego
do séc. 4 Pappus de
Alexandria e o filósofo neoplatônico do séc. 5 Proclo Lício [1]. Proclo apresenta
Euclides apenas brevemente no seu Comentário sobre os Elementos, escrito
no séc. V, onde escreve que Euclides foi o autor de Os Elementos, que
foi mencionado por Arquimedes
e que, quando Ptolomeu I
perguntou a Euclides se não havia caminho mais curto para a geometria que Os
Elementos, ele respondeu: "não há estrada real para a geometria".
Embora a suposta citação de Euclides por Arquimedes foi considerada uma
interpolação por editores posteriores de suas obras, ainda se acredita que Euclides
escreveu suas obras antes das de Arquimedes [2][3]. Além disso, a anedota
sobre a "estrada real" é questionável, uma vez que é semelhante a uma
história contada sobre Menecmo
e Alexandre, o Grande [4]. Na outra única
referência fundamental sobre Euclides, Pappus mencionou brevemente no séc. IV
que Apolônio "passou muito tempo com os alunos de Euclides em Alexandria,
e foi assim que ele adquiriu um hábito de pensamento tão científico"[5]. Também se acredita que
Euclides pode ter estudado na Academia de
Platão, na Grécia.
As
datas de nascimento (inclusive o local) e morte (inclusive suas circunstâncias)
de Euclides são desconhecidas e estimadas pela comparação com as figuras
contemporâneas mencionadas nas referências. Nenhuma imagem ou descrição da
aparência física de Euclides foi feita durante sua vida portanto as
representações de Euclides em obras de arte são o produtos da imaginação
artística.
Convidado
por Ptolomeu I para compor o quadro
de professores da recém fundada Academia, que tornaria Alexandria o centro do saber da
época, tornou-se o mais importante autor de matemática da Antiguidade
greco-romana e talvez de todos os tempos, com seu monumental Stoichia (Os elementos, c. 300 aC.).
Depois
da queda do Império Romano, os seus livros foram recuperados para a sociedade
européia pelos estudiosos muçulmanos da península Ibérica. Escreveu ainda Optica (295 aC.), sobre a óptica da
visão e sobre astrologia, astronomia, música e mecânica, além de outros livros
sobre matemática. Entre eles citam-se Lugares de superfície, Pseudaria,
Porismas e mais algumas outras.
Algumas
das suas obras como Os elementos, Os dados (uma espécie de manual
de tabelas de uso interno na Academia e complemento dos seis 1.ºs volumes de Os
Elementos), Divisão de figuras (sobre a divisão geométrica de figuras
planas), Os Fenômenos (sobre astronomia), e Óptica (sobre a
visão), sobreviveram parcialmente e hoje são, depois de A Esfera de Autólico
(matemático, astrônomo
grego), os mais antigos tratados
científicos gregos existentes. Pela sua maneira de expor nos escritos deduz-se
que tenha sido um habilíssimo professor.
Referências
4.
Boyer, p. 1.
5.
Heath (1956), p. 2.
6.
Bill
Casselman. «One of
the Oldest Extant Diagrams from Euclid». University of British Columbia. Consultado em 26 de setembro de 2008.
7.
Ball, pp. 50–62.
8.
Boyer, pp. 100–19.
9.
Macardle, et al. (2008). Scientists: Extraordinary People Who Altered
the Course of History. New York: Metro
Books. g. 12.
11.
Struik p. 51
("a sua estrutura lógica influenciou o pensamento científico talvez mais
do que qualquer outro texto no mundo").
12.
Heath (1981), p.
360.
13.
Rodrigues
Neto, Guilherme. «Euclid
and the geometry of the visual ray». Scientiae Studia. 11 (4): 873–892. ISSN 1678-3166. doi:10.1590/S1678-31662013000400007
Os Elementos
Um dos mais antigos
fragmentos sobreviventes de Os Elementos de Euclides, encontrado entre
os Papiros de Oxirrinco e datado de cerca
de 100 d.C. O diagrama acompanha o Livro II, Proposição 5.[6]
A
obra Os Elementos, atribuída a Euclides, é uma das mais influentes na história da matemática, servindo como o principal livro
para o ensino de matemática (especialmente geometria) desde a data da sua
publicação até o fim do séc. 19 ou início do séc. 20 [7][8][9]. Nessa obra, os
princípios do que é hoje chamado de geometria
euclidiana foram deduzidos a partir de um pequeno conjunto de axiomas.
A
obra composta por 13volumes, sendo:
- 5 sobre geometria plana;
- 3 sobre números;
- 1 sobre a teoria das proporções;
- 1 sobre incomensuráveis
- 3 (os últimos) sobre geometria no espaço.
Escrita
em grego, a obra cobre toda a aritmética, a álgebra e a geometria conhecidas
até então no mundo grego, reunindo o trabalho de predecessores de Euclides,
como Hipócrates e Eudóxio. Sistematizou todo o
conhecimento geométrico dos antigos, intercalando os teoremas já então
conhecidos com a demonstração de muitos outros, que completavam lacunas e davam
coerência e encadeamento lógico ao sistema por ele criado. Após sua primeira
edição foi copiado e recopiado inúmeras vezes, tendo sido traduzido para o
árabe em (774). A obra possui mais de mil
edições desde o advento da imprensa, sendo a sua primeira versão impressa
datada de 1482 (Veneza, Itália). Essa edição foi uma tradução do árabe para o
latim. Tem sido − segundo George Simmons − “considerado como responsável por
uma influência sobre a mente humana maior que qualquer outro livro, com exceção
da Bíblia".[10]
Embora
muitos dos resultados descritos em Os Elementos originarem-se em matemáticos
anteriores, uma das reconhecidas habilidades de Euclides foi apresentá-los em
uma única estrutura logicamente coerente, tornando-a de fácil uso e referência,
incluindo um sistema rigoroso de provas matemáticas que continua a ser a base
da matemática 23 séculos mais tarde.[11]
Não
há menção de Euclides nas primeiras cópias ainda remanescentes de Os
Elementos, e a maioria das cópias dizem que são "a partir da edição de
Teão"
ou as "palestras de Teão",[12] enquanto o texto
considerado primário, guardado pelo Vaticano, não menciona qualquer autor. A
única referência que os historiadores se baseiam para Euclides ter escrito Os
Elementos veio de Proclo, que brevemente em seu Comentário
sobre Os Elementos atribui Euclides como o seu autor. Euclides foi a peça
chave em toda a história da Geometria.
Contribuição com a Física
Os
estudos de Euclides sobre a geometria da visão foi a primeira elaboração em
torno da atualmente denominada óptica geométrica.[13]
Diferentemente
das análises filosóficas e de suas suposições físicas sobre a natureza da
visão, as quais eram isentas de qualquer consideração geométrica, a óptica de
Euclides fundamentou-se na análise geométrica da visão e, à primeira vista,
parece desprovida de qualquer consideração física acerca da operação da visão.
Noções como a cor, a luz ou o transparente, a forma sensível, a luz solar, a
natureza do olho e a estrutura física dos órgãos sensoriais envolvidos na visão
estão excluídas da óptica de Euclides, uma vez que essas entidades não poderiam
ser geometricamente analisáveis ou melhor não poderiam ser tratadas pela sua
geometria.
A
análise geométrica da visão elaborada por Euclides supõe uma teoria física
mínima acerca da operação da visão e funda-se na redução da visão a um modelo
geométrico, no qual o campo visual é tomado como uma coleção, ou agregado, de
“raios visuais” concebidos como linhas retas geométricas discretas e
divergentes, as quais aparecem como o último termo da análise. Essa coleção de
linhas retas “visuais” divergentes, em cuja origem encontra-se o olho, assume a
forma de um cone geométrico, conhecido na tradição como “cone visual”, em cuja
base encontra-se a figura daquilo que é visto, isto é, a superfície
interceptada pelo feixe divergente de linhas retas visuais – entidades estas
que possuem uma natureza híbrida, geométrico-sensível.
O que aparece ao olho é determinado como uma função
das propriedades e relações geométricas que são derivadas dessa construção, a
qual, ao reduzir o cone visual a uma projeção plana que resulta em triângulos
definidos por um vértice situado no olho e por dois raios visuais que unem as
extremidades daquilo que é visto, permite calcular a aparência do tamanho, da
figura e do movimento daquilo que é visto. Essa construção da estrutura
geométrica do “cone visual” é delineada por Euclides quando postula que o aspecto
retilíneo dos raios visuais, o cone visual constituído pela divergência desses
raios visuais discretos e a condição geral da visibilidade ou seja, que para
ser visto, um objeto deve ser interceptado pela radiação ocular.
Os 13 livros – Os Elementos de Euclides
Os Elementos
de Euclides (grego: Στοιχεῖα) é um tratado matemático e geométrico
consistindo de 13 livros escrito pelo matemático grego Euclides em Alexandria
por volta de 300 aC..
Ele engloba uma coleção de definições, postulados (axiomas), proposições (teoremas e construções) e provas
matemáticas das proposições. Os treze livros cobrem a geometria
euclidiana e a versão grega antiga da teoria dos
números elementar. Parece que Euclides pretendia reunir três grandes
descobertas do seu tempo: a teoria das proporções de Eudoxo (Livro V), a teoria dos
irracionais de Teeteto (Platão) e a teoria dos
cinco sólidos regulares, que ocupava um lugar importante na cosmologia de Platão.
Com
a exceção do Sobre a Esfera Movente de Autólico de Pitane, os Elementos é o tratado grego
sobrevivente mais antigo [1] e contém o tratamento
axiomático-dedutivo sobrevivente mais antigo da matemática.[2] Ele se provou útil na
construção da lógica e da ciência moderna.
Os
Elementos de Euclides é o livro didático mais bem sucedido[3][4] e influente[5] já escrito. Tendo sido
colocado em tipos primeiramente em Veneza em 1482, é um dos 1.ºs trabalhos de
matemática e ser impresso depois da invenção da prensa móvel e perde somente para
a Bíblia em número de edições publicadas,[5] com o número batendo
nas mil edições.
História
Proclo, um matemático grego (séc.
5) que viveu vários séculos depois de Euclides, escreveu no seu comentário dos Elementos:
"Euclides, que juntou os Elementos, coletando muitos dos teoremas de Eudoxo, aperfeiçoando muitos dos
de Teeteto e também fornecendo
demonstrações irrefutáveis de coisas que foram somente fracamente provadas por
seus predecessores".
Apesar
de conhecido a figuras como Cícero, por
exemplo, não existe registro sobrevivente do texto ter sido traduzido para o
latim antes de Boécio no séc.
5 ou 6. [6] Os árabes receberam Os
Elementos dos bizantinos em aproximadamente 760; essa versão, de Proclo, foi traduzida para o árabe
sob Harun al
Rashid cerca de 800 d.C. [6] A 1.ª edição impressa
apareceu em 1482 (baseada na edição em latim de Giovanni Campano de 1260), que foi usada por Pedro
Nunes (1502-1578), que a citou diversas vezes em seus escritos. [7] Em 1570, John Dee escreveu um
"Prefácio Matemático" amplamente respeitado, junto com fartas notas e
material suplementar à primeira edição inglesa por Henry Billingsley.
Em
1768, Angelo Brunelli publicou uma tradução em língua portuguesa
dos Livros de I a VI, XI e XII, usando a tradução latina de Frederico Comandino incluindo as notas dessa versão, de
autoria de Roberto Sinson (1687-1768). Este livro foi muito usado nas escolas
portuguesas, recebendo novas edições em 1790, 1792, 1824, 1835, 1839, 1852,
1855 e 1862. [7] Mas nessa época já
havia outros livros de Geometria, didaticamente mais adequados ao ensino,
notadamente o Éléments de Géométrie de Legendre,
que também foi traduzido para o português e muito usado nas escolas
brasileiras. [8]
Cópias
do texto grego ainda existem, algumas das quais podem ser encontradas na Biblioteca
do Vaticano e na Biblioteca
Bodleiana em
Oxford. Os manuscritos disponíveis são de qualidade variada,
e sempre incompletos. Por meio de uma análise minuciosa dos originais e das
traduções, tem sido feitas hipóteses sobre o conteúdo dos textos originais (que
estão todos perdidos).
Um fragmento dos Elementos
encontrado no final do séc. XIX entre os Papiros de Oxirrinco, datado de cerca
de 100 d.C. O diagrama acompanha a Proposição 5 do Livro II dos Elementos.
Pela falta de espaços entre as palavras, e por estas serem partidas ao final
das linhas, acredita-se que tenha sido escrito por alguém que não era um
escriba profissional, possivelmente para uso pessoal. Atualmente se encontra no
Museu de Arqueologia e Antropologia da Universidade da Pensilvânia.[9]
Textos
antigos se referem aos Elementos e a outras teorias matemáticas da época
de Euclides também são importantes nesse processo. Tais análises são conduzidas
por J. L. Heiberg e Sir Thomas Little Heath nas suas edições do texto. Também
importantes são as scholia, ou anotações ao texto. Esses acréscimos, que quase
sempre se distinguiam do próprio texto (dependendo do manuscrito), gradualmente
acumularam ao longo do tempo dependendo do que as opiniões achavam que merecia
ser explicado ou elucidado. Algumas delas são úteis e contribuem ao texto e outras
não.
As
cópias mais antigas sobreviventes são um exemplar (datado de 888) que fazia
parte da biblioteca do bispo Aretas de
Cesareia (Cesareia, na Capadócia), e foi baseado numa edição com
comentários e acréscimos de Teão de
Alexandria, um matemático do séc. 4. Em 1808 foi
"descoberto" na Biblioteca
do Vaticano um exemplar datado do séc. IX ou X, mas baseado numa
versão anterior à de Teão, o que permitiu interessantes comparações. [10]
Em
2009 foi publicada a primeira tradução completa da obra para o português. O
trabalho deve-se ao pesquisador Irineu Bicudo, professor do Departamento de
Matemática do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (Unesp/RC).
Um texto difícil
Apesar
da coleção de 13 livros que constituem a obra Os Elementos serem
consideradas hoje um texto elementar sobre geometria, não foi sempre assim.
Conta-se que o rei Ptolomeu
pediu um caminho na geometria que fosse mais curto do que Os Elementos.
Euclides respondeu que "não há estrada real para a geometria." [11] Mais recentemente, Sir
Thomas Little Heath escreveu na introdução da edição de 1932
da editora Everyman's Library.
"A
simples verdade é a de que ele não foi escrito para meninos e meninas em idade
escolar, mas para homens crescidos que teriam o conhecimento e capacidade de
julgamento necessários para apreciar os assuntos altamente controvertidos que
devem ser abordados em qualquer tentativa de se estabelecer os pontos
essenciais da geometria euclidiana como um sistema lógico…".[12]
A
primeira passagem difícil do Livro I é chamada de pons asinorum, que em latim
significa "ponte de burros" (tradicionalmente, é difícil fazer burros
cruzarem uma ponte).[13]
Influência dos Elementos
Uma prova dos Elementos
que, dado um segmento de reta, existe um triângulo equilateral que inclui o
segmento como um de seus lados. A prova é por construção: um triângulo equilátero
ΑΒΓ é feito desenhando-se os círculos Δ e Ε centrados nos pontos Α e Β, e
tomando-se uma intersecção do círculo como o terceiro vértice do triângulo.
Os
Elementos é ainda considerado uma obra-prima da aplicação da lógica à matemática. Em um contexto
histórico, se tem provado enormemente influente em muitas áreas da ciência. Os
cientistas Nicolaus
Copernicus, Johannes
Kepler, Galileo
Galilei e Sir Isaac Newton
foram todos influenciados pelos Elementos e aplicaram seu conhecimento à
sua obra. Matemáticos e filósofos como Bertrand Russell, Alfred
North Whitehead e Baruch Spinoza tentaram criar
seus próprios "elementos" fundamentais de suas respectivas
disciplinas, adotando as estruturas dedutivas axiomatizadas introduzidas pela
obra de Euclides.
O
sucesso dos Elementos é devido primeiramente à sua apresentação lógica
da maior parte do conhecimento matemático disponível para Euclides. Muito do
material não é formado de ideias originais dele, apesar de que muitas das
provas o são. No entanto, o desenvolvimento sistemático do seu assunto, de um pequeno
corpo de axiomas a profundos resultados, e a consistência de sua abordagem ao
longo dos Elementos encorajou o seu uso como livro didático por mais de
2000 anos. Os Elementos ainda tem sua influência sobre livros modernos
de geometria. Além disso, sua abordagem axiomática lógica e suas provas
rigorosas são reconhecidamente válidas até hoje.
Apesar dos Elementos ser primariamente um
livro de geometria, ele também inclui resultados que seriam classificados hoje
como teoria dos
números. Euclides provavelmente escolheu descrever resultados
obtidos na teoria dos números em termos da geometria porque ele não conseguiu
desenvolver uma abordagem construtiva à aritmética. Uma construção usada em
qualquer das provas de Euclides requeria uma prova que fosse verdadeiramente
possível. Isso evitava o problema que os pitagóricos encontraram com os
irracionais, uma vez que suas provas falaciosas geralmente requeriam colocações
do tipo "Encontre a maior medida comum de …"[14]
Resumo dos Elementos
Definições
III) As
extremidades da linha são pontos.
VI) As extremidades
da superfície são linhas.
etc.
Postulados
Os
três 1.ºs postulados não são axiomas no
sentido moderno, mas ações atômicas
cuja realização é bem conhecida e intuitiva.
Seja o seguinte
postulado
Desenhar uma linha reta de um ponto a outro ponto.
Produzir uma linha reta finita continuamente em outra
linha reta.
Escrever um círculo dado qualquer centro e qualquer
raio.
Todos os ângulos retos são iguais.
Se uma linha reta caindo em duas linhas retas faz a
soma dos ângulos interiores do mesmo lado ser inferior a dois ângulos retos as
duas linhas retas, se produzidas indefinidamente, se encontram naquele lado
onde os ângulos são inferiores a dois ângulos retos.
O postulado das paralelas
O
último dos cinco postulados de Euclides requer atenção especial. O chamado postulado
das paralelas sempre pareceu ser menos óbvio que outros. O próprio
Euclides o usou apenas esparsamente ao longo do resto dos Elementos.
Muitos geômetras suspeitaram que ele poderia ser provado a partir dos outros
postulados, mas todas as tentativas nesse sentido falharam.
Em
meados do séc. 19, foi mostrado que não existia prova assim, porque é possível
construir geometrias
não-euclidianas onde o postulado das paralelas é falso, enquanto os
outros postulados permanecem verdade. Por essa razão, os matemáticos dizem que
o quinto postulado é independente dos outros.
Duas
alternativas ao postulado das paralelas são: ou um número infinito de paralelas
pode ser traçado através de um ponto não em uma linha reta, formando uma geometria
hiperbólica (também chamada geometria de Lobachevsky), ou nenhuma
pode, com em uma geometria
elíptica (também chamada geometria Riemanniana). Que outras geometrias podiam ser
logicamente consistentes foi uma das descobertas mais importantes da
matemática, com vastas implicações para a ciência e a filosofia. Com razão, a
teoria da relatividade
geral de Albert
Einstein mostra que o espaço real em que vivemos é não-euclidiano.
·
Noções comuns
Coisas que são iguais a uma mesma coisa são iguais uma à
outra. Em termos de álgebra moderna,
Se iguais são
adicionados a iguais, os totais são iguais. Modernizando a terminologia, temos
Se iguais são
subtraídos de iguais, os restantes são iguais.
Coisas que
coincidem uma com a outra são iguais uma à outra. Se posso gerar a
forma geométrica A mediante translações, rotações e inversões ao redor de uma
reta (estas operações são conhecidas como isometrias) de uma figura B,
então A e B são iguais.
O todo é maior que
a parte. Utilizada no sentido de que, se A é um divisor de B, então A é
menor ou igual a B.
Crítica
Apesar
de seu sucesso e de sua aceitação universal por tanto tempo, os Elementos
tem sido criticado por ter provas e definições insuficientes (pelos padrões da
matemática moderna). Por exemplo, na primeira construção do Livro I, Euclides
usa uma premissa que não foi nem postulada nem provada: que dois círculos
centrados na distância dos seus raios têm dois pontos de intersecção. Mais
tarde, na 4.ª construção, ele usou o movimento de triângulos para provar que se
dois lados e dois ângulos são iguais, então eles são congruentes; no entanto,
ele nem postulou ou mesmo definiu movimento.
O
movimento crítico iniciou-se provavelmente no final do séc. 17, com John Wallis, continuando um pouco
difuso durante o séc. seguinte, com o abade jesuíta Saccheri e os matemáticos Lambert e Gauss. Mas é no séc. XIX que a crítica a Euclides assume suas
últimas consequências, quer nas geometrias alternativas propostas por Bolyai, Lobachewski
e Riemann quer na refundamentação
da geometria euclidiana por Moritz Pasch,
Richard
Dedekind e David Hilbert,
que tentaram reformular os axiomas dos Elementos, por exemplo,
adicionando um axioma de continuidade e um axioma de congruência.
O
matemático e historiador W. W. Rouse Ball pôs as críticas em perspectiva, lembrando que
"o fato de que por dois mil anos Os Elementos foi o livro didático padrão
no assunto levanta uma forte indicação de que ele não é inútil para seus
propósitos."[16]
Apócrifos
Não era raro nos tempos antigos atribuir a autores
celebrados obras que não tinham sido escritas por eles. É dessa forma que os livros
apócrifos XIV e XV dos Elementos foram por vezes incluídos na coleção.[17] O ilegítimo Livro XIV
foi provavelmente escrito por Hípsicles com base em um tratado
de Apolônio. O livro dá seguimento à
comparação de Euclides de sólidos regulares inscritos em esferas, com o
principal resultado sendo o de que a razão das superfícies do dodecaedro e do icosaedro inscritos na mesma
esfera é igual à razão dos seus volumes:
O
ilegítimo Livro XV foi provavelmente escrito, pelo menos em parte, por Isidoro de Mileto. Este livro
inferior cobre entre outros assuntos a contagem do número de arestas e ângulos
em sólidos regulares e encontrar a medida dos ângulos diédricos formados pelas
faces que se encontram em uma aresta.[17]
Edições
O jesuíta italiano Matteo Ricci (esquerda) e o matemático chinês Xu Guangqi (direita) publicaram a
edição chinesa
dos Elementos (幾何原本) em 1607.
- 1460, Regiomontanus (incompleta)
- 1533, editio princeps por Simon Grynäus
- 1572, Commandinus
- 1574, Christoph Clavius
Traduções
- 1505, Bartolomeo Zamberti (Latim)
- 1543, Venturino Ruffinelli (Italiano)
- 1555, Johann Scheubel (Alemão)
- 1562, Jacob Kündig (Alemão)
- 1564, Pierre Forcadel de Beziers (Francês)
- 1570, John Day (Inglês)
- 1576, Rodrigo de Zamorano (Espanhol)
- 1594, Typografia Medicea (edição da tradução árabe de Nasir al-Din al-Tusi)
- 1607, Matteo Ricci, Xu Guangqi (Chinês)
- 1660, Isaac Barrow (Inglês)
- 2009, Irineu Bicudo (Português)
Edições contemporâneas
- "Elementos" (em espanhol) 3 vols, 1996. Gredos ISBN 84-249-1464-3
- "Thirteen Books of Euclid´s Elements" 3 vols., 1954. Dover Science. ISBN 0-486-60088-2
- "Euclid's Elements - All thirteen books in one volume" Green Lion Press. ISBN 1-888009-18-7
Baseado na tradução de Heath.
- "Os Elementos" (primeira tradução completa para o Português diretamente do Grego Clássico; Tradutor : Irineu Bicudo). Editora Unesp. ISBN 978-85-7139-935-8.
Notas (Os Elementos)
1.
Boyer (1991). «Euclid
of Alexandria».
[S.l.: s.n.] 101 páginas. Com
a exceção da Esfera de Autolycus, a obra sobrevivente de Euclides são os
tratados matemáticos gregos sobreviventes mais antigos; ainda assim, masi da
metade do que Euclides escreveu se perdeu Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)
2.
Ball (1960).
3.
Encyclopedia of Ancient Greece (2006) by Nigel Guy Wilson, page 278. Published by Routledge Taylor and Francis Group. Quote:"Os
Elementos de Euclides subsequentemente se tornou a base de toda educação
matemática, não apenas nos períodos romano e bizantino, mas atingindo o próprio
séc. XX, e pode ser argumentado que é o livros didático mais bem sucedido já
escrito."
4.
Boyer (1991). «Euclid
of Alexandria».
[S.l.: s.n.] 100 páginas. Como
professores na escola ele chamou um grupo dos maiores acadêmicos, dentre os
quais o autor do mais fabulosamente bem sucedido livro didático de matemática
já escrito - os Elementos (Stoichia) de Euclides. Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)
5.
Boyer (1991). «Euclid
of Alexandria».
[S.l.: s.n.] 119 páginas. Os
Elementos de Euclides não apenas foi o mais antigo trabalho matemático a
sobreviver até nós, mas foi também o maior livro didático de todos os tempos.
[…]As primeiras versões impressas dos Elementos apareceram em Veneza em 1482,
um dos 1.ºs livros de matemáticas a serem feitos em tipos; tem sido estimado
desde então pelo menos mil edições foram publicadas. Talvez nenhum outro
livros, com a exceção da Bíblia podem se gabar de tantas edições, e certamente
nenhuma obra de matemática teve influência comparável à dos Elementos de
Euclides. Em falta ou vazio
|título=
(ajuda)
6.
Russell, Bertrand. A History of
Western Philosophy. p. 212.
7.
http://www.prof2000.pt/users/miguel/histmat/af18/produto/pdias/Trabalho1.htm
acessado em 25 de maio de 2008
14. Daniel
Shanks (2002). Solved and Unsolved Problems in Number Theory. [S.l.]: American Mathematical Society
16. Ball (1960) p. 55.
17.
Boyer (1991). «Euclid
of Alexandria».
[S.l.: s.n.] pp. 118–119. Em
tempos antigos não era raro atribuir a autores famosos obras não escritas por
eles; assim, algumas versões dos Elementos de Euclides incluem um décimo quarto
e até um décimo quinto livro, ambos foram declarados apócrifos por acadêmicos posteriores.
O chamado Livro XIV continua a comparação de Euclides de sólidos regulares
inscritos em uma esfera, com o principal resultado sendo o de que a razão das
superfícies do dodecaedro
e do icosaedro inscritos na mesma
esfera é igual à razão dos seus volumes, sendo a razão aquela da aresta de um
cubo pela de um icosaedro, ou seja, Raiz [10/3.(5-Raiz5)]. Acredita-se que esse livro possa ter sido composto
por Hípsicles com base em um tratado (hoje perdido) de Apolônio comparando o
dodecaedro e o icosaedro. […] O ilegítimo Livro XV, que é inferior, acredita-se
ter sido (pelo menos em parte) trabalho de Isidoro de Mileto (fl. ca. A.D.
532), arquiteto da catedral
de Santa Sofia em Constantinopla. Ele livro também lida com sólidos
regulares, contando o número de arestas e ângulos nos sólidos e encontrando
medidas dos ângulo diédricos das faces que se encontram nas arestas.
Referências
- Ball, W.W. Rouse (1960). A Short Account of the History of Mathematics 4th ed. [Reprint. Original publication: London: Macmillan & Co., 1908] ed. New York: Dover Publications. pp. 50–62. ISBN 0-486-20630-0
- Heath, Thomas L.
(1956). The Thirteen Books of Euclid's Elements (3 vols.) 2nd ed. [Facsimile.
Original publication: Cambridge
University Press, 1925] ed. New York: Dover Publications. ISBN 0-486-60088-2
(vol. 1), ISBN 0-486-60089-0 (vol. 2), ISBN 0-486-60090-4 (vol. 3) Verifique
|isbn=
(ajuda) Heath's authoritative translation plus extensive historical research and detailed commentary throughout the text. - Boyer, Carl B. (1991). A History of Mathematics Second Edition ed. [S.l.]: John Wiley & Sons, Inc. ISBN 0471543977
- Texto do Prof. João Bosco Pitombeira no volume 5 dos Cadernos da RPM.
Ligações externas
- Texto completo em português moderno
- Livro I em HTML (da edição portuguesa de 1855)
- TRadução moderna e análise do Livro I
- Edição bilíngue grego-inglês (Em inglês. Usa a edição em grego de J.L Heidelberg (1883-1885) com tradução para o inglês moderno pelo autor, Richrd Fitzpatrick. Não inclui os Livros XIV e XVI nem scholia. Livre em PDF, disponível impresso.)
- Reading Euclid - um curso em inglês para ler Euclides no original grego, com traduções da obra em inglês e comentários (HTML com ilustrações)
- Texto completo em grego (pdf) (Domínio público)
- Texto completo em grego
- Excertos dos manuscritos da tradução latina de Adelardo de Bath (em inglês)
- Tradução eletrônica do Inglês para o Esperanto
- Os elementos no Perseus Project (em grego clássico). O site, além de conter uma tradução paralela para o inglês, permite que o usuário confira a tradução de palavra por palavra, apenas clicando sobre elas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário