PTOLOMEU (90 - 128)
Cláudio Ptolemeu ou apenas Ptolemeu
ou Ptolomeu, foi um cientista grego que viveu em Alexandria, uma cidade do Egito. Ele é reconhecido pelos seus trabalhos em matemática, astrologia,
astronomia, geografia e cartografia. Realizou também trabalhos importantes em óptica
e teoria musical.
Na
época de Ptolomeu os estudos tendiam a mesclar ciência e misticismo. A
Astrologia ocupava-se dos estudos da localização e movimento dos corpos
celestes, mas também da associação da localização dos mesmos com a adivinhação.
Por essa razão, séculos mais tarde, houve a necessidade de separar o componente
científico da mística e criou-se o termo "Astronomia" para referir o
estudo apenas do componente científico. Foi exatamente o mesmo que aconteceu
com a Química que se separou da Alquimia pelas mesmas razões. Na concepção
atual, por outro lado, a astronomia, uma ciência, é estudada de forma
completamente distinta da astrologia, uma crença.
O
grande mérito de Ptolomeu foi, baseando-se no sistema de mundo de Aristóteles, fazer um sistema
geométrico-numérico, de acordo com as tabelas de observações babilônicas, para
descrever os movimentos do céu.[1]
Biografia
Ptolemeu
nasceu em Ptolemaida
Hérmia, no Egito, e tornou-se um ilustre discípulo da escola de Alexandria.[2] Existem dúvidas sobre o
ano em que ele nasceu, com a data variando desde 10 até, segundo Luca Gáurico, o ano 747; mas as melhores estimativas são que
ele nasceu por volta do ano 70, e floresceu
durante os governos dos imperadores romanos Adriano e Antonino Pio.[2]
Astronomia e astrologia
O mapa de Ptolemeu,
reconstituído da sua obra Geografia (c. 150),
indicando as nações "Sérica" e
"Sinas" (China), além da ilha
Taprobana (Sri Lanca) e a
"Quersoneso Áureo" (península do Sueste Asiático). Este mapa usa a projeção cônica equidistante
meridiana, inventada por Cláudio Ptolomeu
A
sua obra mais conhecida é o Almagesto
(que significa "O grande tratado"), um tratado de astronomia. Esta
obra, a síntese dos trabalhos e observações de Aristóteles, Hiparco, Posidônio e outros,[2] é uma das mais
importantes e influentes da Antiguidade Clássica, são 13 volumes[3] com tabelas de
observações de estrelas e planetas e com um grande modelo geométrico do sistema
solar, baseado na cosmologia aristotélica. Nela está descrito todo o
conhecimento astronómico babilónico e grego e nela se basearam as astronomias árabes,
indianas e europeias até o aparecimento da teoria
heliocêntrica de Copérnico. No Almagesto, Ptolomeu
apresenta um sistema cosmológico
geocêntrico, isto é a Terra está no centro do Universo e os outros
corpos celestes, planetas e estrelas, descrevem órbitas ao seu redor.[2] Estas órbitas eram
relativamente complicadas resultando de um sistema de epiciclos, ou seja círculos com
centro em outros círculos. Ptolomeu foi considerado o 1.º "cientista
celeste". No entanto, Ptolomeu foi duramente criticado por alguns
cientistas, como Tycho Brahe
(1546-1601,
astrônomo dinamarquês) e Isaac Newton (1643-1727), sendo acusado de não ter realizado nenhuma
observação astronómica, mas apenas plagiado dados de Hiparco, entre outras acusações[carece de fontes].
Apesar
da destruição da Biblioteca
de Alexandria, o Almagesto foi preservado, assim como outros textos
da Grécia antiga, por meio de manuscritos arábicos, e foi encontrado no Irã em 765 Segundo J. M. Ashman, que traduziu o Tetrabiblos em 1822, o
Almagesto foi traduzido para o árabe em 827[2] Gerardo de
Cremona (1114–1187) traduziu
para o latim uma cópia do Almagesto deixada pelos árabes em Toledo, na Espanha.[4]
É
no trabalho de Ptolomeu, citando o trabalho de Hiparco, que aparecem as 48
constelações que ficaram conhecidas como as Constelações Clássicas. Todas elas, menos uma, ainda são
parte da lista atual de constelações oficiais da União
Astronômica Internacional.
A
representação geométrica do sistema solar de Ptolomeu, com círculos, epiciclos
e equantes permitia predizer o
movimento dos planetas com considerável precisão e foi utilizada até o Renascimento
no séc. XVI.
Apesar
disso, o geocentrismo foi uma ideia dominante na astronomia durante toda a Antiguidade
e Idade Média. Ptolomeu explicou o movimento dos planetas através de uma
combinação de círculos: o planeta se move ao longo de um pequeno círculo
chamado epiciclo, cujo centro se move em um círculo maior chamado deferente. A Terra ficaria numa
posição um pouco afastada do centro do deferente (portanto, o deferente é um
círculo excêntrico em relação à Terra). Até aqui, o modelo de Ptolomeu não
diferia do modelo usado por Hiparco aprox. 250 anos antes. A novidade
introduzida por Ptolomeu foi o equante, que é um ponto ao lado do centro do
deferente oposto em relação à Terra, em relação ao qual o centro do epiciclo se
move a uma taxa uniforme, e que tinha o objetivo de dar conta do movimento não
uniforme dos planetas. O objetivo de Ptolomeu era o de produzir um modelo que
permitisse prever a posição dos planetas de forma correta e, nesse ponto, ele
foi razoavelmente bem sucedido. Por essa razão, esse modelo continuou sendo
usado sem mudança substancial por cerca de 1300 anos.
No
sistema ptolomaico, centrado na Terra, a pequena esfera chamada epiciclo que
contem o planeta vai girando associada a uma esfera rotativa maior, produzindo
um movimento retrógrado aparente sobre o plano de fundo das estrelas
longínquas.
O
estudo dos céus levou Ptolomeu a afirmar: “Como mortal que sou, sei que
nasci por um dia. Mas, quando sigo à minha vontade a densa multidão de estrelas
no seu curso circular, os meus pés deixam de tocar a Terra [...]
Na
área da astrologia, Ptolomeu desenvolveu o Tetrabiblos, um dos mais
importantes livros de astrologia que sobreviveram da Antiguidade.[5] O texto foi baseado em
escritos e documentos mais antigos babilônicos, egípcios e gregos.
Ptolomeu
acreditava não só que os padrões de comportamento eram influenciados pelos
planetas e pelas estrelas, mas também que as questões de estatura, tez,
nacionalidade e até as deformações físicas congênitas eram determinadas pelas
estrelas.[6]
Geografia
A
sua obra mais extensa é "Geographia"
que, em oito volumes, contém todo o conhecimento geográfico greco-romano. Esta
inclui coordenadas de latitude e longitude para os lugares mais importantes.
Naturalmente, os dados da época tinham bastante erro e o mapa que esta
apresentado está bastante deformado, sobretudo nas zonas exteriores ao Império Romano.
Ptolomeu
inventou a projeção cônica equidistante meridiana,[7] na qual distâncias ao
longo dos meridianos e ao longo de um paralelo central são representadas em uma
escala constante, os paralelos são representados como círculos e os meridianos
como retas.
Óptica
Ptolomeu
é também autor do tratado "Óptica", um conjunto de cinco volumes
sobre este tema, em que estuda reflexão, refracção, cor, e espelhos de
diferentes formas.
Música
Escreveu também "Harmônica", ou Teoria do
Som,[2] um tratado sobre teoria
matemática da música, neste tratado escreveu sobre como notas musicais podem
ser traduzidas em equações matemáticas e vice-versa.
Referências
1.
Comitê Científico e Didático da Olimpíada Brasileira de
Astronomia e Astronáutica. «Apostila Versão ETA»
6.
Carl Sagan (1980),
"Cosmos", Coleção Obras de Carl Sagan (2009), Lisboa: Editora
Gradiva.
7.
Paul
Wessel, documentação do software The Generic Mapping Tools,
Equidistant conic projection [em linha]
Ligações externas
Obras
Almagesto
Tratado matemático e
astronômico, escrito em grego, adota o modelo geocêntrico para o sistema
solar, além de conter um extenso catálogo estelar[1]. É um dos textos
científicos mais influentes de todos os tempos, tendo sido autoridade no
assunto desde a antiguidade, no império bizantino, no mundo árabe e na Europa
ocidental ao longo da idade Média e Renascença até o séc. 16, quando o surgiu o
heliocentrismo de Copérnico[2].
Além
de ser a principal fonte de informação sobre a astronomia da Grécia antiga,
também é valiosa fonte de informação da obra do matemático grego Hiparco, a qual se perdeu.
A
obra tornou-se conhecida pelo título grego (Hē Megálē Sæntaxis) , "A
Grande Coleção". Os árabes passaram a designá-lo pelo superlativo
daquele adjetivo: μεγίστη (megístē), "máxima", donde a corruptela al-majisṭī (المجسطي),
que gerou a palavra Almagesto, pela qual o tratado passou a ser
identificado[3].
Geografia
Era um conjunto de 8 volumes com conhecimentos
científicos greco-romanos que incluíam
conhecimentos de geografia como localização por coordenadas, ou seja longitude e latitude. A obra foi traduzida e
conservada pelos árabes durante a Idade Média e posteriormente impulsionou o
desenvolvimento da cartografia.
A primeira tradução para o árabe ocorreu no séc. IX e para o latim no ano de 1406.
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