TERTULIANO (Quintus Septimus F. Tertullianus) (150 - 230)
Tertuliano [1] foi um prolífico autor
das primeiras
fases do Cristianismo, nascido em Cartago na província romana da África.[2] Foi o 1.º autor cristão
a produzir uma obra literária (corpus) em latim, um notável apologista cristão e um polemista
contra a heresia.
Ele
organizou e avançou a nova teologia da Igreja
antiga. Ele é talvez mais famoso por ser o autor mais antigo cuja obra
sobreviveu a utilizar o termo "Trindade" (lat.: Trinitas) [a] e por nos
dar a mais antiga exposição formal ainda existente sobre a teologia trinitária. [1] [3] É um dos Padres da Igreja latinos.
Algumas
das ideias de Tertuliano não eram aceitáveis para os ortodoxos
e, no fim de sua vida, ele se tornou um montanista.
Pouquíssima
informação confiável existe sobre a vida de Tertuliano. A maior parte do que
sabemos sobre ele vem de seus próprios escritos.
De
acordo com a tradição, ele foi criado em Cartago [4] e acreditava ser o
filho de um centurião romano, um advogado treinado e um padre ordenado. Estas
assertivas se baseiam principalmente em Eusébio de
Cesareia na sua História
Eclesiástica (livro II, cap 2[5]) e em São
Jerônimo, em De
Viris Illustribus (cap. 53 [6]).[7] Jerônimo alegou que o
pai de Tertuliano tinha a posição de centurio proconsularis no exército
romano na África. Porém, não está claro se esta posição sequer existiu nas
forças militares romanas.[8]
Adicionalmente,
acredita-se que Tertuliano foi um advogado por causa do uso que ele faz de
analogias legais e de uma identificação dele com o jurista Tertulianus,
que foi citado no "Digesta seu Pandectae". Embora Tertuliano utilize
conhecimentos da lei romana
em seus escritos, seu conhecimento legal não é — de forma demonstrável —
superior ao que se esperaria de um romano com educação suficiente.[9] Dos escritos de Tertulianus,
um advogado com o mesmo cognome,
existem apenas fragmentos e eles não demonstram uma autoria cristã. E Tertulianus
só foi confundido com Tertuliano muito depois, por historiadores cristãos.[10] Finalmente, também é
questionável se ele era ou não um padre. Em suas obras sobreviventes, ele
jamais se descreve como ordenado [8] pela Igreja e parece se
colocar como leigo em trechos de "Exortação
à Castidade" (7.3[11]) e "Sobre a Monogamia" (12.2[12]).
A
África era famosa por ser terra de oradores. Esta influência pode ser percebida
no estilo de Tertuliano, permeado de arcaísmos e provincialismos, suas imagens
brilhantes e o seu temperamento apaixonado. Ele era um estudioso de grande
erudição, tendo escrito pelo menos dois livros em grego. Neles, ele se
refere a si mesmo, mas nenhum sobreviveu até hoje. Sua principal área de estudo
era a jurisprudência
e sua forma de raciocinar revela algumas marcas de um treinamento jurídico mais
formal.
Conversão
Sua
conversão ao cristianismo aconteceu por volta de 197–198 (de acordo com o
teólogo alemão Adolf Harnack,
Bonwetsch
e outros), mas seus antecedentes imediatos são desconhecidos, exceto o que pode
ser conjecturado a partir de seus escritos. O evento deve ter sido repentino e
decisivo, transformando de uma vez sua própria personalidade. Ele escreveu que
não podia imaginar uma vida verdadeiramente cristã sem um ato consciente e
radical de conversão:
“Nós somos da mesma
laia e natureza: cristãos são feitos e não nascidos” — Apologia,
Tertuliano [13]
Dois livros
endereçados à sua esposa confirmam que ele foi casado com cristã.[14]
No
meio de sua vida (por volta de 207 d.C.), ele foi atraído pela "Nova
profecia" do Montanismo
e parece ter deixado o ramo principal da Igreja. No tempo de Santo
Agostinho, um grupo de "tertulianistas" ainda tinham uma
basílica em Cartago que, nesta mesma época, passou para a Igreja. Não sabemos
se esta é apenas uma outra denominação para os montanistas [b] e se
significa que Tertuliano rompeu também com os montanistas e fundou seu próprio
grupo. Tertuliano tinha um temperamento violento e enérgico, quase fanático,
lutador empedernido e muitos dos seus escritos são polemicos. Este
temperamento, impressionado com o exemplo dos mártires, que o levou à conversão,
permite compreender a sua passagem ao montanismo.
Jerônimo
[6] diz que Tertuliano
morreu com idade bastante avançada, mas não há outra fonte confiável que ateste
sua sobrevivência além do ano estimado de 220 d.C.. À despeito de seu cisma com
a ortodoxia
da Igreja, ele continuou a escrever contra as heresias, especialmente o Gnosticismo. Assim, através de
suas obras doutrinárias que publicou, Tertuliano se tornou professor de Cipriano
de Cartago e o predecessor de Santo
Agostinho que, por sua vez, se tornou o principal fundador da
teologia latina.
Obras
Podemos
dividir o conjunto das suas obras em 3 grandes grupos:
·
Escritos apologéticos (de defesa da fé contra os
opositores): Aos pagãos, Apologeticum (a sua obra mas conhecida), O
testemunho da alma, Contra Escápula, Contra os judeus.
·
Escritos polémicos: A prescrição dos hereges, Contra Marcião, Contra
Hermógenes, Contra os valentinianos, O baptismo, Scorpiace, A carne de Cristo,
A ressurreição da carne, Contra Práxeas, A alma.
·
Escritos disciplinares, morais e ascéticos: Aos mártires,
Os espectáculos, O vestido das mulheres, A oração, A paciência, A penitência, À
esposa, A exortação da castidade, A monogamia, O véu das virgens, A coroa, A
fuga na perseguição, A idolatria, O jejum, A pudicícia, O manto.
Teologia
Apesar
de ser considerado por muitos o fundador da teologia ocidental, a verdade é que
tal designação é exagerada, porque Tertuliano não tem propriamente um sistema
teológico. De facto, para isso faltou-lhe o equilíbrio necessário para
organizar os vários artigos da fé, assim como a preocupação pela coerência,
pois não era do seu interesse conciliar a fé com a razão humana.
A fé e a filosofia
Para
Tertuliano, a questão das relações entre a fé e a filosofia
nem sequer se colocavam, pois entre ambas nada existia de comum. A filosofia
era vista como adversária da fé, e os filósofos antigos como patriarcas
dos hereges. Para ele, de facto, fé e
razão opõem-se, e podemos encontrar na filosofia a origem de todos os desvios
da fé. No entanto, é forçado a reconhecer que algumas vezes os filósofos
pensaram como os cristãos, e denuncia algumas influências de correntes
filosóficas antigas, nomeadamente do Estoicismo.
É
bem conhecida a frase "credo quia absurdum".. Apesar de ela
não se encontrar nos escritos de Tertuliano, mas apenas algumas semelhantes,
ela condensa bem o seu pensamento acerca da razão. Note-se que o seu
significado é não apenas "creio embora seja absurdo", mas sim
"creio porque é absurdo". A verdadeira fé tem de se opor à razão.
A teologia e o direito
Tertuliano
era jurista, advogado, e isso se refletiu em sua teologia e em seus escritos de
duas maneiras:
·
quanto ao método argumentação: Nascia na Igreja a
procura de uma argumentação precisa e cerrada, sem falhas, à imagem daquela
usada nos tribunais. Foi Tertuliano que
usou contra os hereges o argumento da prescriptio,
que mostrava que apenas a Igreja unida a Roma provinha das origens, enquanto todos os outros teriam
surgido depois e seriam, por isso, falsificadores;
·
quanto à linguagem: Tertuliano
introduziu na teologia latina, e na da Igreja em geral, uma série de termos e
conceitos provenientes do direito.
Concebeu a vida cristã e a salvação à semelhança de um
processo penal, em que Deus é o legislador, o Evangelho a lei, quem obedece recebe a compensação, quem desobedece
torna-se culpado e é castigado. Introduziu ou consagrou algumas distinções
importantes, como por exemplo a de preceito e conselho evangélico.
A regra da fé
Para
Tertuliano, a regra da fé constitui-se como lei da fé. Nos seus escritos
encontramos fórmulas de dois elementos, com menção do Pai e do Filho, e outras de três, que
acrescentam o Espírito Santo.
As várias fórmulas apresentadas, semelhantes entre si na forma e no conteúdo,
mostram a existência dum resumo da fé próximo do símbolo baptismal.
A Trindade
O
maior contributo de Tertuliano para a teologia foi a sua reflexão acerca do mistério
trinitário. Criou um vocabulário que passou a fazer parte da
linguagem oficial da teologia cristã. Foi ele que introduziu a palavra
“Trinitas”, como complemento da “Unitas”. Segundo Tertuliano, Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus
porque uma só é a substância, um só estado (status) e um só poder. Mas, por
outro lado, distinguem-se, sem separação, pelo grau, pela forma e pela espécie
(manifestação). Tertuliano introduz assim o termo “pessoa”, (persona), para
significar cada um dos três, considerado individualmente. Este vocabulário
passou a vigorar, até hoje, para referir as realidades trinitárias. No entanto,
Tertuliano deixa transparecer alguma influência subordinacionista (um Cirsto
subordinado à Deus). Ao falar da geração do Filho, sem querer comprometer a sua
divindade, admite uma certa gradação, desde uma fase anterior à criação,
em que o Logos
de Deus se contempla a Si mesmo, para passar a contemplar a economia salvífica,
e é engendrado de forma imanente em Deus, até à criação, em que a Palavra se
realiza como tal ao ser proferida. Cristo é, assim, o primogénito do Pai,
gerado antes de todas as coisas, mas não é eterno. O Filho é como que uma
porção ou emanação do Pai.
Tertuliano,
apesar de ter dotado a teologia trinitária dum vocabulário preciso, e de ter
procurado a exactidão, não se livrou de algumas ambiguidades e deficiências.
Cristologia
Tertuliano
formulou algumas doutrinas relativas à pessoa de Cristo, que haviam de ser
reconhecidas mais tarde em concílios,
de tal modo que podemos dizer que a sua cristologia tem os méritos da sua
teologia trinitária, sem os seus defeitos. Tertuliano afirma com clareza as
duas naturezas de Cristo, sem confusão entre as duas, nem redução de alguma
delas. Nisso, proclama já o que mais tarde havia de ser solenemente afirmado no
Concílio
de Calcedónia (451).
Mariologia
Na
sequência da sua cristologia,
Tertuliano acentua que Maria
deu realmente à luz o Verbo Encarnado. Reconhece que ela era virgem quando concebeu mas, para
lutar contra a cristologia doceta, que
defendia que o nascimento de Jesus tinha sido apenas aparente, nega a
virgindade de Maria no parto e após o parto (pois isso parecia-lhe dar
argumentos ao adversário). Do mesmo modo, entende que os “irmãos de
Jesus” são filhos de Maria.
Apesar
de tudo, Tertuliano proclama Maria como a nova Eva.
Eclesiologia
Tertuliano
considera a Igreja como Mãe, numa expressão de extremo respeito e veneração.
Tal como Eva foi
formada da costela de Adão,
também a Igreja teve a sua origem na chaga do lado de Cristo. A Igreja é
guardiã de Fé e da Revelação.
Assim, as Escrituras pertencem-lhe, e só ela mantém o ensinamento dos Apóstolos e pode transmiti-lo.
Esta concepção, do período católico de Tertuliano, é ortodoxa, e semelhante à
defendida por Ireneu de Lyon.
Na sua fase montanista,
porém, torna-se visivelmente herege, concebendo a Igreja como um corpo
puramente espiritual, de tal modo que bastam dois ou três cristãos para que se
possa dizer que se manifesta a totalidade da Igreja una. Essa seria a Igreja do
Espírito, oposta à “Igreja dos bispos”. É por
esta teoria que Tertuliano, já herege,
substitui a da sucessão
apostólica.
A penitência
Tertuliano
fornece-nos pormenores importantes acerca da disciplina penitencial da Igreja,
mas a sua teologia da penitência
sofre das mesmas contradições e insuficiências da sua eclesiologia. Mas é o 1.º
a descrever concretamente com clareza o processo e as formas da penitência. Há
possibilidade duma nova conversão após o batismo, conseguida na sequência
duma confissão pública do pecado. Ao pedir perdão, o pecador usufrui da intercessão da Igreja e recebe a absolvição final pela pessoa do
bispo. Na sua fase católica, Tertuliano mostra considerar que todo o pecador,
por maior que fosse, tinha direito a esta penitência. Distinção entre pecados,
só entre corporais e espirituais, consumados ou de desejo, mas todos eles
podendo ser perdoados através da Igreja. Quando se torna montanista, porém,
passa a considerar alguns pecados irremissíveis, tais como a fornicação, a idolatria e o homicídio. Isto é um dado novo,
sem precedentes na disciplina primitiva, e testemunha o aparecimento duma
facção rigorista,
sob a influência do montanismo.
Os católicos argumentavam com a Escritura, mostrando que Cristo perdoou todos
os pecados, mesmo os
“irremissíveis”. Tertuliano responde a isto dizendo que perdoar tais pecados
era um poder pessoal e exclusivo do Salvador, não transmitido à Igreja. Para
Tertuliano, por conseguinte, só Deus perdoa os pecados. Confrontado com a
passagem do Evangelho em que Cristo concede o
poder de ligar e desligar, Tertuliano nega que assim a Igreja detenha o poder
das chaves, pois tal poder foi dado pessoalmente só a São Pedro, não a todos os bispos. Quando muito, para o Tertuliano montanista, o poder
de perdoar os pecados pertence a “homens espirituais”, não aos bispos.
A Eucaristia
Tertuliano emprega vários nomes para referir a Eucaristia. São contudo poucas as
suas referências explícitas a esse mistério. Ao falar dos sacramentos da
iniciação cristã, diz que “a carne é alimentada com o Corpo e Sangue de Cristo,
para que a alma seja saciada de Deus (De resurrectione mortuorum, 8).
Isto manifesta a sua fé na presença real de Cristo na Eucaristia. O mesmo se torna
patente quando manifesta a sua indignação por alguns se aproximarem
indignamente do Corpo do Senhor.
Tertuliano
testemunha também o carácter sacrificial da Eucaristia. Fá-lo ao referir o
temor que alguns tinham de quebrar o jejum ao receberem o pão eucarístico. Tertuliano refere o
costume de levar a espécie eucarística para casa e tomá-la privadamente. É esta
uma das mais antigas alusões à reserva eucarística.
Apesar
de algumas palavras ambíguas, ele manifesta a fé na presença real, que acontece
mediante as palavras da instituição, mas salvaguarda a sua natureza sacramental
pois refere as espécies como sinal e representação (no sentido de tornar
presente). A fé nessa presença real exprime-se ainda na condenação daqueles que
negam a realidade do corpo crucificado de Cristo, mas celebram a Eucaristia:
tal comportamento é absurdo, pois tratam-se da mesma coisa.
Escatologia
Ele admite a ideia duma penitência da alma após a morte. Somente
os mártires escapam a ela. Todos os
outros têm um tempo de espera até ao juízo final, e só a intercessão dos vivos lhes pode
valer. Tal como os milenaristas
(doutrina
do regresso de Cristo e o reino de mil anos - Apocalipse 20:1-10) ,
Tertuliano considera que, no fim, os justos, ressuscitados, reinarão durante
mil anos com Cristo. Depois do juízo final, os justos estarão
com Deus, enquanto que os ímpios irão para o fogo eterno.
Notas
[a] ^ "Trinitas" por sua vez é uma latinização do grego "HE TRIAS" (A
Tríade), um termo que foi utilizado antes de Tertuliano por Teófilo
de Antioquia em sua obra Ad Autolycum 2.15 para se referir à
Deus, o Logos de Deus (Jesus) e a Sofia
de Deus (Espírito Santo).
[b] ^ A passagem de Agostinho descrevendo os tertulianistas sugere que este
deve ter sido o caso, pois um padre tertulianista obteve a permissão de uso de
uma igreja sob alegação de que os mártires a quem ela teria sido dedicada eram
montanistas. Porém, esta passagem é considerada muito condensada e bastante
ambígua [15].
Referências
1.
"Tertullian" na edição de 1913 da Enciclopédia
Católica (em inglês)., uma publicação agora em domínio
público
2.
T. D. Barnes (1985). Tertullian: a Historical and Literary Study (em
inglês). Oxford: Clarendon Press.
58 páginas
3.
«11». Contra Praxeas (em inglês). III. [S.l.: s.n.]
|nome1=
sem |sobrenome1=
em
Authors list (ajuda)
4.
CROSS, F. L., ed. (2005). The Oxford Dictionary of the Christian Church
(em inglês). Nova Iorque: Oxford
University Press
5.
«2.4». História
Eclesiástica. How Tiberius was affected when informed by Pilate concerning Christ. (em inglês). II. [S.l.: s.n.]
|nome1=
sem |sobrenome1=
em
Authors list (ajuda)
7.
Veja a introdução do livro Timothy Barnes. Tertullian: A Historical and Literary Study
(em inglês). Oxford, 1971: Clarendon Press; na
edição revisada de 1985, ele refutou algumas de suas posições.
8.
Barnes, Timothy. Tertullian:
A Historical and Literary Study (em inglês). Oxford, 1971: Clarendon Press. 11 páginas
9.
Barnes, Timothy. Tertullian: A Historical and Literary Study (em
inglês). Oxford, 1971: Clarendon Press.
pp. 24, 27.
10.
Barnes, Timothy. Tertullian: A Historical and Literary Study (em
inglês). Oxford,
1971: Clarendon Press. 23 páginas.
11.
«7.3». Exortação à
Castidade. Even the Old Discipline Was Not Without Precedents to Enforce
Monogamy. But in This as in Other Respects, the New Has Brought in a Higher
Perfection. (em inglês).
12. «12.2». Exortação à
Castidade. The Explanation of the Passage Offered by the Psychics Considered. (em inglês). I. [S.l.: s.n.]
|nome1=
sem |sobrenome1=
em
Authors list (ajuda)
14. Para sua esposa (em inglês). I e
II. [S.l.: s.n.]
|nome1=
sem |sobrenome1=
em
Authors list (ajuda)
15. "Montanists" na edição de 1913 da Enciclopédia
Católica (em inglês)., uma publicação agora em domínio
público
Bibliografia
- Quasten, Johannes. Patrología, Madrid: BAC, 1962
Ligações externas
- Quem foi Tertuliano
- Tertullian.org, site contendo obras e informações sobre Tertuliano
- Obras de Tertuliano: textos com concordâncias e lista de frequência
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