quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

HERÓDOTO (485 - 420 A.C)




Heródoto (em grego, ρόδοτος - Hēródotos) foi um geógrafo e historiador grego, continuador de Hecateu de Mileto, nascido no séc.5 a.C. em Halicarnasso (hoje Bodrum, na Turquia).

Foi o autor da história da invasão persa da Grécia no começo do séc. 5 a.C., conhecida simplesmente como As histórias de Heródoto, obra foi reconhecida como uma nova forma de literatura pouco depois de ser publicada.

Antes de Heródoto, tinham existido crónicas e épicos, e também estes haviam preservado o conhecimento do passado. Mas Heródoto foi o primeiro não só a gravar o passado mas também a considerá-lo um problema filosófico ou um projeto de pesquisa que podia revelar conhecimento do comportamento humano. A sua criação deu-lhe o título de "pai da história" e a palavra que utilizou para o conseguir, historie, que previamente tinha significado simplesmente "pesquisa", tomou a conotação atual de "história".

A obra Histórias foi frequentemente acusada no velho mundo de influenciável, imprecisa e plagiária. Ataques semelhantes foram preconizados por alguns pensadores modernos, que defendem que Heródoto exagerou na extensão das suas viagens e nas fontes criadas. Contudo, o respeito pelo seu rigor tem aumentado na última metade do século, sendo actualmente reconhecido não apenas como pioneiro na história, mas também na etnografia e antropologia.

Vale ressaltar sua contribuição aos estudos geográficos, por esse feito a revista de geografia geopolítica, de maior tiragem na França, fundada pelo famoso geógrafo Yves Lacoste leva seu nome.

·    Yves Lacoste (1929 - ?) - geógrafo e geopolítico francês. Fundou (1970) a revista Hérodote, de Geografia, e seu caráter político. Contribui com obras críticas e inovadoras, como A Geografia serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra" , discussão do conceito da geografia política e geopolítica, especialmente na França.

Provavelmente escritas entre 450 e 430 a.C., as Histórias foram posteriormente divididas em 9 livros, intituladas segundo os nomes das musas, pelos eruditos alexandrinos. Por volta de 445 a.C., segundo consta, Heródoto fez leituras públicas de sua obra em Atenas.

Quanto ao conteúdo, os primeiros seis livros relatam o crescimento do Império Aquemênida. Começam com uma introdução do primeiro monarca asiático a conquistar as cidades-estado gregas e o verdadeiro tributo, Creso da Lídia. Creso perdeu o reinado para Ciro, o Grande, o fundador do Império Aquemênida. As primeiras seis obras acabam com a derrota dos persas em 490 a.C., na batalha de Maratona, que constituiu o primeiro retrocesso no progresso imperial.

·   Creso (560 - 546 a.C.) - último rei da Lídia, famoso por sua riqueza, mandou construir o Templo de Ártemis em Éfeso. Dominou as principais cidades da Anatólia (exceto Mileto). Com o avanço do rei Ciro II (o Grande), enviou um mensageiro ao Oráculo de Delfos que lhe respondeu que se conduzisse um exército para este e cruzasse o rio Hális, destruiria um grande império. Formou uma aliança com Nabonido (Babilônia), Amósis II (Egito) e Esparta mas perdeu a guerra.

·   Batalha de Maratona - combate da 1.º Gurra Médica (490 a.C) entre gregos (chefiada por Milcíades) e os persas (Dario I). Diz Heródoto que mandaram o soldado Fidípides pedir ajuda a Esparta (200 km em menos de um dia), e depois 42 km entre Maratona e Atenas para anunciar a vitória grega e após anunciá-la com a frase "Alegrai-vos, atenienses, nós vencemos!", caiu morto devido ao esforço.

Os últimos três livros descrevem a tentativa do rei persa Xerxes I de vingar dez anos mais tarde a derrota persa em Maratona e absorver a Grécia no Império Aquemênida. Histórias acaba em 479 a.C. com a expulsão na batalha de Plateias e o recuo da fronteira do Império Aquemênida para a linha costeira da Anatólia.

·   Batalha de Plateias - combate da 2.º Gurra Médica, ocorreu no sul da Grécia. Foi travada na planície de Plateias, na arenosa região da Beócia, em 27 ago de 479 a.C., entre uma aliança de cidades-Estado gregas que incluía Esparta, Atenas, Corinto e Mégara, de um lado, e, de outro, o Império Aquemênida. Os gregos fingiram recuo, dando tempo para tropas de outras cidades se agruparem, qdo o general persa Mardônio entrou no vale, teve a surpresa e foi derrotado.

No que diz respeito à vida de Heródoto, sabe-se que foi exilado de Halicarnasso após um golpe de estado frustrado contra a dinastia no poder em que estava envolvido, retirando-se para a ilha de Samos. Parece nunca ter regressado a Halicarnasso, embora em Histórias pareça sentir orgulho de sua cidade natal e da respectiva sátrapa, Artemísia I de Cária.

·   Sátrapa – termo adaptado do persa antigo para o grego "protetor do poder [sobre o terrritório]", nome dado aos governadores das províncias, chamadas satrapias, nos antigos impérios Aquemênida e Sassânida da Pérsia. Cada satrapia era governada por um sátrapa, que era nomeado pelo rei. Para evitar a corrupção, o Rei dos Reis (Imperador Persa) possuía uma rede de espiões que foi chamada de "os olhos e ouvidos do rei". A exemplo e elogiada por Heródoto por sua bravura: Artemísia I de Cária, lutou em Salamina ao lado dos persas (aparece com o mesmo nome no filme 300 Esparta)

Deve ter sido durante o exílio que empreendeu as viagens que descreve em Histórias. Estas viagens conduziram-no ao Egito, Babilónia, Ucrânia, Itália e Sicília. Heródoto refere uma conversa com um informador em Esparta, e muito certamente terá vivido durante um determinado período em Atenas. Nesta, registrou as tradições orais das famílias proeminentes, em especial, a Alcmeônidas, à qual Péricles pertencia do lado materno. Mas os Atenienses não aceitavam os estrangeiros como cidadãos, e quando Atenas apoiou a colônia de Túrio na aniquilação de Itália em 444 a.C., Heródoto tornou-se colono. Desconhece-se se lá morreu ou não.

·   Péricles (c. 495 - 429 a.C.) - lit. "cercado por glória"; estadista, orador e estratego (general) grego, um eminente líder democrático de Atenas e maior personalidade política do séc. 5 a.C. Viveu durante a Era de Ouro de Atenas (Guerras Persas – G. Peloponeso). Descendia, por sua mãe, dos Alcmeônidas, poderosa família (descendentes de Alcmeão, neto de Nestor, velho mítico e sábio da Ilíada que propõem paz para Aquiles e Agamenon). Declarado "o 1.º cidadão de Atenas" (por Tucídides). Transformou a Liga de Delos num verdadeiro império, e liderou seus compatriotas os 2 primeiros anos da Guerra do Peloponeso. Promoveu artes, literatura e suas Orações Fúmebres são símbolos da luta pela democracia participatória e orgulho cívico. Atenas teve reputação de centro educacional e cultural do mundo. Iniciou construção da Acrópole e do Partenon trazendo glória, emprego à população. Estimulou a democracia ateniense e chamado de populista. Filho de Xantipo e Agarites, divorciou-se de sua parente (?) e teve 2 filhos: Páralo e Xantipo, mortos pela epidemia. Amou Aspácia de Mileto e teve 1 filho: Péricles o jovem.

Numa determinada altura tornou-se um logios – isto é, um recitador de prosa logai ou histórias – cujos temas baseavam-se em contos de batalhas, maravilhas de países distantes e outros acontecimentos históricos. Fez roteiros das cidades gregas e dos maiores festivais atléticos e religiosos, onde dava espectáculos pelos quais esperava pagamento. Em 431 a.C., a guerra do Peloponeso rebentou entre Atenas e Esparta. Poderá ter sido esse conflito, que dividiu o mundo grego, que o inspirou a reunir logoi numa narrativa contínua – Histórias – centrada no progresso imperial da Pérsia interrompido pela aliança entre Atenas e Esparta.


As Histórias (Historiai), divididas em 9 livros e a primeira a ter este título - e constitui-se na primeira tentativa do homem em sistematizar o conhecimento de suas ações ao longo do tempo. Data de cerca de 440 a.C..

Contexto

Escrita em dialeto jônico - uma vez que Halicarnasso era uma das cidades gregas situadas na Dória (hoje pertencente à Turquia), bastante próximo daquela outra região (a Jônia).

Heródoto viveu entre 485 a.C. e 430 a.C. e, até aquele momento, nenhuma obra procurara reunir os registros historiográficos da Grécia, quer interna, quer em seu relacionamento, muitas vezes belicoso, com países próximos - chamados de bárbaros, dentre os quais a Pérsia (e particularmente as Guerras Médicas).

O título por ele escolhido, "Histórias", tinha o significado de pesquisas - mas ganhou em seguida a conotação de registro que até hoje conserva.

Não se pode com certeza afirmar se nada similar foi escrito antes ou ao tempo de Heródoto: o fato é que esta obra é a mais antiga sobre a História grega a sobreviver até a atualidade.

Historiae

Cada um dos livros é dedicado a uma das Musas, que eram em número de nove e, segundo a Mitologia, eram as responsáveis pelas artes.

·    Musa (mit.) - entidades com a capacidade de inspirar a criação artística ou científica. Eram as 9 filhas de Mnemósine ("Memória") e Zeus. O templo das musas era o Museion, origem à palavra museu nas diversas línguas como local de cultivo e preservação das artes e ciências. Calíope ("a de bela voz"), Clio ("a que celebra"), Erato ("amorosa"), Euterpe ("deleite"), Melpômene ("cantar"), Polímnia ("muitos hinos"), Tália ("florescer"), Terpsícore ("deleite da dança"), Urânia ("celestial").
·     
As Histórias constituem um perfeito exemplo de composição literária livre, dentro da prosa grega antiga. Não descreve os fatos de modo linear, a todo tempo a narrativa é interrompida por digressões e comentários sobre o argumento central. Neste particular, assemelha-se à Ilíada, de Homero.

A obra tem início no Proêmio, que é onde o autor expõe sua intenção: evitar que os feitos das gerações que o precederam sejam relegados ao esquecimento, explicando-os.

Livro I (Clio)


Ao expor as causas do conflito conhecido por Guerras Médicas, Heródoto aborda as primeiras dissenções e enfrentamentos que se produziram entre gregos e bárbaros, na época mítica (os raptos de Europa, Medeia e Helena de Tróia). Entretanto, mantém certa distância em relação a estas tradições e, em seguida, segundo o que ele sabe, indica quem cometeu os primeiros atos de provocação (Creso, rei da Lídia). Expõe, assim, claramente, que a agressão é proporcional à responsabilidade, moral e jurídica.

Sua atenção passa, então, para a figura de Creso, o primeiro agressor. A história da Lídia permite que se conheça o grande eixo de sua história, a Pérsia (Império Aquemênida); ao mesmo tempo, firma as bases de sua concepção teleológica dos acontecimentos humanos (relato da entrevista entre Sólon e Creso; I 28-33). O restante do Livro I desvia sua atenção para a Pérsia, com a subida ao trono por Ciro II e as diversas campanhas deste rei (conquista da Jônia, Cária e Lícia).

·    Teleologia -  termo criado pelo filósofo alemão Christian Wolff no livro Philosophia rationalis, sive logica (1728). Refere-se ao “estudo da finalidade” ou filosófico dos fins, do propósito, objetivo ou finalidade. Embora o estudo dos objetivos possa ser entendido como se referindo aos objetivos que os homens se colocam em suas ações, em seu sentido filosófico, teleologia refere-se ao estudo das finalidades do universo. Platão e Aristóteles elaboraram essa noção do ponto de vista filosófico. Na Idade Moderna, a explicação teleológica passa a ser antropomórfica e não justifica supor que o universo seja submetido a alguma finalidade imposta, busca-se explicar os fenômenos como emergentes.

Livro II (Euterpe)


É em sua totalidade dedicado ao Egito: antigüidade dos frígios; geografia egípcia, história do país, estudos sobre a geografia e o rio Nilo; faz um estudo comparado da religião egípcia, em relação à grega; animais sagrados (gatos, serpentes), sucessão de reis.

Livro III (Tália)


Trata das causas que levaram Cambises II a atacar o Egito. A campanha militar. Detalhes sobre o caráter soberbo e ímpio de Cambises. Sua morte e entronização de Dario I. Cambises, segundo Heródoto é etnocêntrico, quando ridiculariza as práticas religiosas egípcias.

·    Cambises II - rei da Pérsia (530 - 522 a.C), 2.º governante da dinastia Aquemênida. Herdou de seu pai, Ciro II, (o Grande) o maior império que o mundo já vira. Invadiu o Egito com um grande exército com soldados de todos os povos do império. Em 525 a.C., derrotou o faraó Psamético III na Batalha de Pelúsia, conquistando aquele país.

Livro IV (Melpômene)


Segue a expansão persa: Cítia. Digressões acerca dos citas. Campanha contra os citas. Campanha contra a Líbia. É dedicado a uma musa . ɶleni

·    Citas – (Skythēs), antigo povo iraniano, pastores e nômades eqüestres, migraram da Ásia Central à Rússia Meridional (séc.8-7 a.C). Cultra Cítia, citada  por Heródoto.

Livro V (Terpsícore)


O avanço persa contra a Grécia. Operações contra a Macedônia e Trácia. Sublevação jônica. Aristágoras de Mileto pede ajuda a Esparta e Atenas, o que serve de mote para que o autor desenvolva a História das duas cidades.

Livro VI (Erato)


A Guerra Médica. Incursão persa na Macedônia. História contemporânea de Esparta e Atenas. Desembarque persa na Ática. Batalha de Maratona. Assuntos da política interna em Atenas. Alcmeônidas e Milcíades.Saga de Címon na maratona .

Livro VII (Polímnia)


Precipitação dos acontecimentos. As digressões possuem uma estreita relação estrutural com o núcleo do relato. Traz a morte de Dario, Xerxes I ocupa o controle do império persa e decide invadir a Grécia. Descrição da gigantesca expedição, a passagem do Helesponto e o desenrolar das operações bélicas. Preparativos para a resistência grega. Batalha das Termópilas.

Livro VIII (Urânia)


Batalha do cabo Artemísio. Ocupação e destruição de Atenas. A população e a frota atenienses se refugiam na ilha de Salamina. Batalha de Salamina. Retirada de Xerxes.

Livro IX (Calíope)


Batalhas de Plátea e Micala. Trágicos amores de Xerxes. Tomada de Sesto pelos atenienses. Opinião de Ciro sobre os riscos do expansionismo.

Encerramento


O final das Histórias é problemático. A questão fundamental é se a obra está inacabada ou se Heródoto chegou até o final cronológico que, em sua opinião, poria fim à guerra. Na obra, além disso, há promessas inconclusas (como onde diz que falará dos assírios), que se podem debitar à falta de uma última revisão. É provável que o autor tivesse trabalhado durante muito tempo na obra, com vários planos (umas línguas dispersas, uma História da Pérsia, as Guerras Médicas) e em várias etapas compositivas.

 

Metodologia


Um aspecto fundamental na hora de se estudar a metodologia em Heródoto é o tratamento das fontes:

1. Como elemento primário para a obtenção de dados, costuma basear-se em suas observações pessoais (ψις) articuladas de acordo com o procedimento dos logógrafos (os primeiros escritores gregos), com introdução de um elemento ternário: a descrição geográfica de um país, descrição dos costumes dos moradores e atenção aos aspectos mais surpreendentes (τ θωμάσια). Bom exemplo destas passagens que compõem a ψις (aspecto), são os λόγοι ("relatos"), que facilitam as informações que, em geral, a crítica moderna tende em comprovar. Em qualquer caso, deve destacar-se sua sinceridade, pois nunca pretende ter visto além do que realmente viu.

2. Um segundo meio, conhecido com o nome de στορίη (investigação), se baseia na obtenção de dados a partir de fontes escritas, de importância capital na composição da obra. Podem destacar-se três grandes grupos: os Poetas (Homero, Hesíodo, Arquíloco, Ésopo, Sólon, Safo, Simónides, Alceu, Píndaro, Ésquilo, Anacreonte...), as fontes epigráficas (escritos em pedra, argila, etc. – e em certas ocasiões seu desconhecimento sobre as línguas não-gregas levam-no a interpretações singelas), os logógrafos (Hecateu de Mileto, principalmente).

3. A terceira fonte é a κοή, os testemunhos orais. As Histórias de Heródoto são fundamentalmente baseadas na tradição oral (como ao falar de Tucídides, por exemplo). O comum é que faça alusão a estes testemunhos de modo indeterminado, usando expressões do tipo “segundo os persas...”, “uns dizem que...”, “outros sustentam...”, etc.

4. Finalmente, Heródoto completa sua metodologia com uma série de considerações que se agrupam sob o nome genérico de γνναι. São argumentações que servem para estabelecer relações de afinidade ou para aprofundar o exame crítico daquilo que está expondo.

É indubitável que se está nos começos do gênero histórico, o que explica o excesso de pontos pouco detalhados, argumentações inconsistentes e falha no rigor analítico. Por outra parte, o desconhecimento da estratégia e tática militares é evidente.

O pensamento de Heródoto


Heródoto representa sem dúvida o espírito antigo. Muito se tem insistido sobre seu paralelo (e amizade) com Sófocles, mas a dualidade teológica e humana que se encontra em sua obra possui maior semelhança com o trabalho de Ésquilo. A dupla motivação factual da tragédia neste autor (responsabilidade humana e causalidade divina), não é diferente da posição de Heródoto, para quem (I 32, 1) “a divindade é, em todos as ordens, invejosa e causa de perturbação”. Mas, ao mesmo tempo, aparece uma tendência que busca no homem mesmo a causa do seu destino. Tem-se um plano sobrenatural que põe em relevo a fragilidade do ser humano, que é “todo incerteza”.

O destino, portanto, se converte numa força pré-moral que se impõe de maneira inexorável. Isto implica num pessimismo que é consubstanciado no pensamento grego. O ser humano se sente sujeito às instabilidades e é impotente (μήχανος) ante os desígnios divinos.

Sem dúvida, o aparente dogmatismo da φθόνος θεν (inveja dos deuses) não diminui a responsabilidade dos homens. Os castigos que este sofre são provocados diretamente na proporção da soberbia (βρις) humana. Quando um homem se encontra numa posição de relevo que excede às suas possibilidades naturais, tente a incorrer em soberbia, e é culpado de crimes e sortilégios, que atentam contra a estabilidade ético-social. Para se precaver das hostilidades divinas o homem deve praticar a justiça, a piedade e a modéstia sem que, como ocorre em Sófocles, seja absolutamente seguro que isto baste para ter sucesso. É um posicionamento similar ao da tragédia, da lírica e da épica.

Esta atitude de Heródoto, dirigida pela moderação, determina seu pensamento político: obrigado a exilar-se de sua pátria por um regime tirânico, abomina a tirania, cuja essência é a irresponsabilidade ante a lei e aos demais membros da comunidade; se mostra convencido dos benefícios que representa a liberdade, daí sua admiração por Atenas e justificação de seu apogeu. Liberdade face à subordinação – este é o diferencial entre gregos e bárbaros.

Em Português

Traduções das Histórias

·          Há em português uma tradução brasileira feita por Mário da Gama Kury, pela Editora da UnB. Também há tradução portuguesa de alguns livros das Histórias pela editora Edições 70. Ambas são feitas a partir do original grego, assim como:
·          HERÓDOTO. Histórias. Livro I – Clio. Tradução, Introdução e Notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2015.
·          HERÓDOTO. Histórias. Livro II – Euterpe. Tradução, Introdução e Notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2016.
·          HERÓDOTO. Histórias. Livro III – Talia. Tradução, Introdução e Notas de Maria Aparecida de Oliveira Silva. São Paulo: Edipro, 2017.

Bibliografia

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·          Evans, James Allan Stewart. Herodotus, Explorer of the Past: Three Essays. Princeton, NJ: Princeton University oit: Wayne State University Press, 1987.
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·          Lateiner, Donald. The Historical Method of Herodotus. Toronto: University of Toronto Press, 1989.
·          Pritchett, William Kendrick. The Liar School of Herodotus. Amsterdam: Gieben, 1991.

Em inglês

Critical editions

  • C. Hude (ed.) Herodoti Historiae. Tomvs prior: Libros I-IV continens. (Oxford 1908)
  • C. Hude (ed.) Herodoti Historiae. Tomvs alter: Libri V-IX continens. (Oxford 1908)
  • H. B. Rosén (ed.) Herodoti Historiae. Vol. I: Libros I-IV continens. (Leipzig 1987)
  • H. B. Rosén (ed.) Herodoti Historiae. Vol. II: Libros V-IX continens indicibus criticis adiectis (Stuttgart 1997)
  • N. G. Wilson (ed.) Herodoti Historiae. Tomvs prior: Libros I-IV continens. (Oxford 2015)
  • N. G. Wilson (ed.) Herodoti Historiae. Tomvs alter: Libri V-IX continens. (Oxford 2015)

Translations


Several English translations of The Histories of Herodotus are readily available in multiple editions. The most readily available are those translated by:
·          George Rawlinson, translation 1858–1860. Public domain; many editions available, although Everyman Library and Wordsworth Classics editions are the most common ones still in print.
  • A. D. Godley 1920; revised 1926. Reprinted 1931, 1946, 1960, 1966, 1975, 1981, 1990, 1996, 1999, 2004. Available in four volumes from Loeb Classical Library, Harvard University Press. ISBN 0-674-99130-3 Printed with Greek on the left and English on the right:
    • A. D. Godley Herodotus : The Persian Wars : Volume I : Books 1–2 (Cambridge, MA 1920)
    • A. D. Godley Herodotus : The Persian Wars : Volume II : Books 3–4 (Cambridge, MA 1921)
    • A. D. Godley Herodotus : The Persian Wars : Volume III : Books 5–7 (Cambridge, MA 1922)
    • A. D. Godley Herodotus : The Persian Wars : Volume IV : Books 8–9 (Cambridge, MA 1925)
  • Aubrey de Sélincourt, originally 1954; revised by John Marincola in 1996. Several editions from Penguin Books available.
  • David Grene, Chicago: University of Chicago Press, 1985.
  • Robin Waterfield, with an Introduction and Notes by Carolyn Dewald, Oxford World Classics, 1997. ISBN 978-0-19-953566-8
  • Strassler, Robert B., (ed.), and Purvis, Andrea L. (trans.), The Landmark Herodotus, Pantheon, 2007. ISBN 978-0-375-42109-9 with adequate ancillary information.
  • The Histories of Herodotus Interlinear English Translation by Heinrich Stein (ed.) and George Macaulay (trans.), Lighthouse Digital Publishing, 2013.
  • Herodotus. Herodotus: The Histories: The Complete Translation, Backgrounds, Commentaries. Translated by Walter Blanco. Edited by Jennifer Tolbert Roberts. New York: W. W. Norton &, 2013.
  • "The Histories, Herodotus". Translated by Tom Holland, with introduction and notes by Paul Cartledge. New York, Penguin, 2013.

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Further reading

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