VIRGÍLIO, MARÃO (Publius Vergilius Maro) (70 - 19 aC.)
Públio Virgílio Maro [1] ou Marão (Publius
Vergilius Maro) (Andes, 15 de outubro de 70 aC. — Brundísio, 21 de setembro de 19 aC.) foi um poeta romano
clássico, autor de três grandes obras da literatura latina, as Éclogas (ou Bucólicas),
as Geórgicas, e a Eneida. Uma série de poemas
menores, contidos na Appendix
vergiliana, são por vezes atribuídos a ele.
Virgílio é tradicionalmente considerado um dos
maiores poetas de Roma, e expoente da literatura latina. Sua obra mais
conhecida, a Eneida, é considerada o épico nacional da antiga Roma:
segue a história de Eneias, refugiado de Troia, que cumpre o
seu destino chegando às margens de Itália — na mitologia romana, o ato de
fundação de Roma. A obra de Virgílio foi uma vigorosa expressão das tradições
de uma nação que urgia pela afirmação histórica, saída de um período turbulento
de cerca de dez anos, durante os quais as revoluções prevaleceram. Virgílio
teve uma influência ampla e profunda na literatura ocidental, mais notavelmente
na Divina
Comédia de Dante, em que Virgílio aparece
como guia de Dante pelo inferno e purgatório.
Vida pessoal
Estima-se que a tradição biográfica de Virgílio venha
de uma biografia perdida de autoria de Varius, editor de Virgílio, que foi incorporada na biografia
feita por Suetônio e os comentários dos
gramáticos do século 4.º Sérvio
e Élio Donato,
os dois grandes comentadores da poesia de Virgílio. Embora os comentários sem
dúvida registem muitas informações factuais sobre Virgílio, pode mostrar-se que
algumas das suas evidências se baseiam em inferências feitas a partir de sua
poesia e alegorização. Portanto, a tradição biográfica de Virgílio continua a
ser problemática.[2] A tradição diz que
Virgílio nasceu na vila de Andes (atual Virgílio), perto de Mântua,[3] na Gália
Cisalpina.[4] Estudiosos sugerem
descendência etrusca,
úmbria ou até mesmo céltica, examinando os marcos
linguísticos ou étnicos da região. A análise do seu nome[5] deu origem a crenças de
que ele descenderia dos 1.ºs colonizadores romanos. Especulações modernas, em
última análise, não são apoiadas pela evidência narrativa nem dos seus próprios
escritos nem dos seus biógrafos posteriores. Ambrósio Teodósio Macróbio (séc.4) diz que o pai de
Virgílio era de origem humilde; no entanto, os estudiosos em geral acreditam
que Virgílio era de uma família de latifundiários equestres que puderam
oferecer-lhe uma educação. Frequentou escolas em Cremona, Mediolano, Roma e Nápoles. Após
um breve período de reflexão, o jovem Virgílio decide abandonar uma carreira em
retórica e lei, e passar a dedicar os seus talentos à poesia.[6]
Obra
Amigo do poeta Horácio, como ele protegido pelo
político e patrono das letras Caio Cílnio Mecenas (70 – 8 aC), entrou em
contato com o imperador pela 1.ª vez quando Augusto (Caio Otávio) retornava
de uma campanha vitoriosa contra Marco Antônio, ainda no porto de Brindes
(Brundísio). Mecenas apresentou o
jovem escritor com o intuito de fazê-lo instrumento de propaganda do imperador[7], de quem recebeu o
incentivo para escrever a Eneida.
Admirador da cultura helênica, empreendeu uma viagem
à Grécia, berço e viveiro da cultura, sonho que há muito acalentava: o destino
concedeu-lhe a realização desse anseio, mas morreu no regresso, junto de Brundísio. O seu túmulo
encontra-se em Nápoles.
A obra de Virgílio compreende, além de poemas
menores, compostos na juventude, as Bucólicas ou Éclogas, em número de dez, em que
reflete a influência do gênero pastoril criado por Teócrito.
As Geórgicas, dedicadas ao seu
protetor Mecenas,
constam de 4 livros, tratando da agricultura. Trata-se de uma obra
de implicações políticas indiretas, embora bem definidas: ao fazer a apologia
da vida do campo, o poeta serve o ideal político-social da dignificação da classe
rural. Reflete a influência de Hesíodo e Lucrécio. Literariamente, as
Geórgicas são consideradas a sua obra mais perfeita.
E finalmente, a Eneida, que o poeta considerou
inacabada, a ponto de pedir, no leito de morte, que fosse queimada, constitui a
Epopéia nacional. Conta a lenda do guerreiro Eneias, que, após a célebre guerra, teria fugido de Troia, saqueada e incendiada, e chegado à península
Itálica, onde se tornou o antepassado do povo romano. Epopéia
erudita, tem como objetivo dar aos romanos uma ascendência não-grega, definindo
a cultura latina como original e não tributária da cultura helênica. O poema
consta de 12 livros e a sua construção serviu de modelo definitivo às grandes Epopéias
do renascimento, como para Os Lusíadas (de Camões), o que se percebe claramente
comparando o 1.º verso das duas Epopéias:
- Eneida: Arma uirumque cano... que significa: "As armas e o varão (herói) eu canto"; com
- Lusíadas: As armas e os barões assinalados...
1.ºs trabalhos
Segundo os comentaristas, Virgílio recebeu sua 1.ª
educação quando tinha 5 anos de idade, indo mais tarde para Cremona, Milão e finalmente Roma para estudar retórica, medicina, e astronomia, que ele
logo abandonou pela filosofia.
Da admiração por Virgílio referida pelos escritores neotéricos Gaio Asino Pólio e Élvio
Cinna, tem-se inferido que ele foi durante algum tempo associado ao
círculo neotérico de Cátulo.
Segundo a tradição, Virgílio preferia sexo com homens e especialmente amava
dois jovens escravos,[8][9] entretanto colegas de
Virgílio consideravam-no extremamente tímido e reservado, de acordo com Sérvio,
e ele foi apelidado de "Partênias" ou "donzela" por causa
de seu distanciamento social. Virgílio parece ter tido pouca saúde em toda a
sua vida e em algumas aspectos viveu como um inválido. Segundo o
"Catalepton", enquanto que esteve na escola epicurista de Siro, o epicurista, em Nápoles, começou a escrever poesia. Um
grupo de pequenas obras atribuídas ao jovem Virgílio pelos comentadores
sobrevive coletados sob o título Appendix
vergiliana, mas são largamente considerados espúrios pelos
estudiosos. Um deles, o Catalepton, consiste em 14 poemas curtos,[10] alguns dos quais podem
ser de Virgílio, enquanto outro, um poema narrativo curto intitulado Culex
("O Mosquito"), foi atribuído a Virgílio já no séc. I da era cristã.
Principais Obras de Virgílio: As Éclogas, Geórgicas, A Eneida
As Éclogas
A
tradição biográfica afirma que Virgílio começou o hexâmetro Éclogas (ou Bucólicas)
em 42 aC.
e acredita-se que a coleção foi publicada em torno de 39-38 aC., embora isto seja
controverso.[10] As Éclogas (do
grego "seleções") são um grupo de 10 poemas aproximadamente modelados
na poesia bucólica hexamétrica ("poesia pastoral") do poeta
helenístico Teócrito.
Após
sua vitória na Batalha de
Filipos em 42 aC.,
onde lutara contra o exército liderado pelos assassinos de Júlio César, Otaviano tentou pagar seus
veteranos com terras expropriadas de cidades no norte da península
Itálica, supostamente incluindo, segundo a tradição, uma propriedade
perto de Mântua pertencente a Virgílio. A
perda da fazenda de sua família e a tentativa, por meio de petições poéticas,
de recuperar sua propriedade têm sido tradicionalmente consideradas como os
motivos de Virgílio para a composição das Éclogas. Hoje isso é visto
como uma inferência sem suporte baseada em interpretações das Éclogas.
Nas Éclogas 1 e 9, Virgílio de fato dramatiza os sentimentos contrastantes
causadas pela brutalidade das desapropriações de terra através da expressão
pastoral, mas não oferece provas irrefutáveis do suposto incidente biográfico.
Os leitores muitas vezes fazem essa relação e por vezes identificam o próprio
poeta com vários personagens e suas vicissitudes, quer a gratidão de um velho
rústico a um novo deus (Ecl. 1), o amor frustrado de um cantor rústico por um
menino distante (o animal de estimação de seu senhor, Ecl. 2), ou o pedido de
um cantor do senhor para compor várias éclogas (Ecl. 5). Os estudiosos modernos
em grande parte rejeitam esses esforços para reunir dados biográficos de textos
fictícios, preferindo em vez disso interpretar os diversos personagens e temas
como a representação das próprias percepções contrastantes do poeta em relação
à vida e pensamento de sua época.
A Eneida
Ver artigo
principal: Eneida
Referências
2.
Don Fowler
"Virgil (Publius Vergilius Maro)" in The Oxford
Classical Dictionary, (3.ed. 1996, Oxford),
p. 1602.
3. O epitáfio
de seu túmulo em Posilipo, perto de Nápoles, foi Mantua me genuit; Calabri
rapuere; tenet nunc Parthenope. Cecini pascua, rura, duces ("Mântua me
gerou, os calabreses me arrebataram e agora jazo em Partênope (Nápoles); cantei
as pastagens [as Éclogas], o campos [as Geórgicas] e os heróis [a
Eneida]"). Ver Spalding, Tassilo Orfeu (1974), Deuses e Heróis
da Antiguidade Clássica: dicionário de antropônimos e teônimos vergilianos
(Brazil Cultrix, com o Instituto Nacional do Livro, Ministerio da Educacão e
Cultura), p. 273.
5. É curioso
notar que o seu cognome Maro tem anagramaticamente suas letras em
comum com os temas de seu épico: amor e Roma.
7. MONTANELLI, Indro. História de
Roma.2ª edição. Trad. de Luis de Moura Barbosa. São Paulo: Instituição
Brasileira de Difusão Cultural, 1966, pág. 220.
8.
Williams, Craig A (1999). Roman
homosexuality : ideologies of masculinity in classical antiquity
Ideologies of desire ed. [S.l.]: Oxford. p. 33. ISBN 9780195125054
9.
Suetonius,
Vergil 9
10.
Fowler,
pg.1602
Comentários - Obras de Virgílio
Éclogas
As Éclogas, também chamadas de Bucólicas,
é o 1.º dos 3 maiores trabalhos do poeta latino Virgílio.
Tomando
como seu modelo genérico a Bucólica grega ("sobre o cuidado com o
gado", assim chamada pelos temas rústicos da poesia) de Teócrito, Virgílio criou uma
versão romana parcialmente por oferecer uma interpretação dramática e mítica da
mudança revolucionária em Roma no período turbulento entre aproximadamente 44 e
38 aC..
Virgílio introduziu um clamor político amplamente ausente dos poemas de
Teócritos chamados idílios
("pequenas cenas" ou "vinhetas"), apesar da turbulência
erótica incomodar os panoramas "idílicos" de Teócrito.
O
livro de Virgílio contém dez partes, cada uma sendo não um idílio mas uma écloga ("rascunho",
"seleção" ou "cômputo"), popularizado amplamente por
pastores imaginados em conversa e interpretando canto amebiano em amplos assentamentos rurais, se sofrendo ou
abarcando mudanças revolucionárias ou amores felizes ou infelizes. Encenados
com grande sucesso nos palcos romanos, eles marcaram uma mistura de política
visionária e erotismo que tornaram Virgílio uma celebridade, lendário mesmo em
vida.
Coroando
uma sequência ou ciclo no qual Virgílio criou e ampliou uma nova política
mitológica, a Écloga 4 chega a imaginar uma idade de ouro introduzida pelo
nascimento de um menino proclamado como "grande aumento de Jove," que
amarra com as suas associações divinas afirmadas na propaganda de Otávio, o herdeiro jovem e
ambicioso para Júlio César.
O poeta faz deste rebento ideal de Jove
a ocasião de predizer sua própria metabase (mudança de assunto
na retórica) até a escala na epos (poema épico), ascendendo da humilde do nível bucólico
até o sublime do heroico,
potencialmente rivalizando com Homero: ele
deste modo sinaliza sua própria ambição para fazer o épico romano que irá
culminar em Eneida.
No surto de ambição, Virgílio também planeja derrotar o
lendário poeta Orfeu e sua mãe, a musa épica Calíope, tão bem quanto Pã,
o inventor da flauta bucólica, mesmo na terra natal de Pã de Arcádia, que Virgílio irá afirmar
como sua no clímax de seu livro na 10.ª écloga. A identificação biográfica da 4.ª
criança da écloga se provou elusiva; mas a figura se provou uma ligação entre a
autoridade romana tradicional e a cristandade. A conexão é 1.º feita na Oração
de Constantino [1] anexada à Vida de
Constantino por Eusébio de
Cesareia (séc. 4) (uma leitura para a qual Dante (1265 – 1321) faz uma referência fugaz em seu
Purgatório). Alguns acadêmicos também comentaram semelhanças entre os temas
proféticos da éclogas e as palavras de Isaías 11:6:
"uma criancinha os guiará".
Na Écloga 5 articula outro tema pastoral
significativo, a preocupação do pastor-poeta em alcançar a fama mundana através
da poesia. Esta preocupação está relacionada com a metabasis que o próprio
Virgil assume tematicamente na Écloga 4. Na Écloga 5, os pastores Menalcas e
Mopsus (mit.) lamentam a sua falecida companheira Dáfnis prometendo "louvar
... Dáfnis às estrelas - / sim, às estrelas levantar Dáfnis ". Menalcas e
Mopsus elogiam Dáfnis por compaixão, mas também por obrigação. Ela desejou que
seus colegas pastores o comemorassem, fazendo um "monte e acrescentando...
acima do monte uma canção: Dáfnis sou eu na floresta, conhecida desde longe
como as estrelas". Não só são sobreviventes de Dáfnis estão preocupados em
solidificar e eternizar sua reputação poética, mas o próprio poeta-pastor morto
está envolvido na autopromoção de além-túmulo através da égide de sua vontade. É
uma conseqüência das rivais poéticas amistosas que ocorrem entre eles e de suas
tentativas de melhorar os deuses, geralmente Pan
ou Phoebus (Apolo), em seu ofício lírico. No final da Écloga 5, Dáfnis é deificada no louvor
poético dos pastores: "Um deus, um deus é ele, Menalcas!" / ... Aqui
estão quatro altares: / Veja, Dáfnis, dois para você e dois altos para Phoebus.
" Menalcas apóstrofiza Dáfnis com uma promessa: "Sempre sua honra,
nome e elogios durarão." Garantir a fama poética é um interesse fundamental
dos pastores em elegias pastorais clássicas, incluindo o orador em
"Lycidas" de Milton. [13]
Nas
Éclogas 10, Virgílio coroa seu livro ao inventar um novo mito de autoridade e
origem poética : substitui a Sicília de Teócrito e o antigo
herói bucólico, o boiador apaixonado Dáfnis, com a voz apaixonada de
seu amigo romano contemporâneo, o poeta elegíaco Caio
Cornélio Galo, imaginado morrendo de amor em Arcádia. Virgílio transforma esta
região remota, montanhosa e livre de mitos da Grécia, em pátria para o deus Pã,
dentro do lugar original e ideal da canção pastoral, fundando deste modo uma
tradição ricamente ressonante na arte e literatura ocidentais.
Ver também
- Eneida
- O Ramo de Ouro
- Liberdade ainda que tardia, frase das Éclogas incorporada pela Inconfidência Mineira
Referências
·
Clausen, Wendell (1994). Clarendon, Oxford University Press, ed. Virgil: Eclogues. [S.l.: s.n.] ISBN 0-19-815035-0
·
Coleman, Robert, ed. (1977). Cambridge University Press, ed. Vergil: Eclogues. [S.l.: s.n.] ISBN 0-521-29107-0
·
Hornblower, Simon, and Antony Spawforth (1999). Oxford University
Press, ed. The Oxford Classical Dictionary: Third Edition. [S.l.: s.n.] ISBN 0-19-866172-X
·
Hunter, Richard, ed. (1999). Cambridge University Press, ed. Theocritus:
A Selection. [S.l.: s.n.] ISBN 0-521-57420-X
·
Van Sickle, John B. (2004). Duckworth, ed. The Design of Virgil's
Bucolics. [S.l.: s.n.] ISBN 1-85399-676-9
·
(2011). Johns Hopkins University
Press, ed. Virgil’s Book of Bucolics, the Ten Eclogues in English Verse. Framed by Cues for Reading
Out-Loud & Clues for Threading Texts & Themes. [S.l.: s.n.] ISBN 0-8018-9799-8|
Leitura aprofundada
- Buckham, Philip Wentworth; Spence, Joseph; Holdsworth, Edward; Warburton, William; Jortin, John, Miscellanea Virgiliana: In Scriptis Maxime Eruditorum Virorum Varie Dispersa, in Unum Fasciculum Collecta, Cambridge : Printed for W. P. Grant; 1825.
Ligações externas
- The Eclogues (Internet Classics Archive)
- Éclogas no Projeto Gutenberg (latim)
- Éclogas no Projeto Gutenberg (em inglês)
- Traduções francesas (Bibliotheca Classica Selecta)
- Textos latinos e traduções alemãs
- Uma apreciação de Samuel Johnson
Geórgicas
Geórgicas
são um conjunto de quatro livros escritos por Virgílio.
Tal como Hesíodo, Vírgílio procura
colectar de várias fontes da sociedade conhecimentos do mundo rural numa perspectiva
bucólica. Dedicado aos seus dois patrocinadores, Mecenas e Otávio Augusto,
compõe-se de 4 livros, cada um com cerca de 500 versos.
A Eneida
A Eneida (Aeneis
em latim) é um poema épico
latino escrito por Virgílio no séc. I aC..
Conta a saga de Eneias, um troiano que é
salvo dos gregos em Troia, viaja errante
pelo Mediterrâneo até chegar à península Itálica. Seu destino era ser o
ancestral de todos os romanos [1].
Uma Epopéia por encomenda
Virgílio já era ilustre pelas suas Bucólicas (37 aC.), um poema pastoril, e
Geórgicas (30 aC.), um poema agrícola.[1] Então, o imperador Augusto encomendou-lhe a
composição de um poema épico que cantasse a glória e o poder do Império Romano.
Um poema que rivalizasse e quiçá superasse Homero, e também que cantasse,
indiretamente, a grandeza de César
Augusto. [1] Assim Virgílio elaborou
um trabalho que, além de labor lingüístico e conteúdo poético, é também propaganda política. [1]
Muitos dos episódios na Eneida, que narra um tempo
mítico, têm uma correspondência síncrona com a atualidade de Augusto. Por
exemplo o escudo de Eneias, simbolizando
a Batalha de
Áccio, quando Otaviano
derrotou Marco Antônio
em 31 aC.
e a previsão de Anquises, no
Hades, sobre as glórias de Marcelo,
filho de Otávia, irmã do imperador.
Virgílio terminou de escrever Eneida em 19 aC..
A obra estava "completa" mas ainda não estava "pronta"
segundo o seu criador. Virgílio gostaria ainda de visitar os lugares que
apareciam no poema e revisar os versos dos cantos finais. Mas adoeceu e, às
portas da morte, pediu a dois amigos que queimassem a obra por não estar ainda
"perfeita". O grande poema, já conhecido de alguns amigos coevos, não
foi destruído - para nossa felicidade e fortuna literária. Sem a Epopéia
virgiliana, não haveria Orlando
Furioso (de Ludovico Ariosto 1516), O Paraíso
Perdido (de John Mlton 1667),
Os Lusíadas (de Camões 1570), dentre outros clássicos da literatura mundial.
Ambição de Virgílio
Virgílio, ao escrever esta Epopéia, inspirou-se em Homero, tentando superá-lo: Virgílio empenhou-se em fazer da
Eneida o poema mais perfeito de todos os tempos. De certa forma, a 1.ª metade
(seis 1.ºs cantos) tenta superar a Odisseia, enquanto a 2.ª superar
a Ilíada. A 1.ª metade é um poema de
viagem e a 2.ª bélico.
Personagens
Há dois tipos de personagens na Eneida: os
"humanos" e os "deuses". Há uma espécie de 3.ª entidade que
é a do Fatum
(Fado, destino) que nem os deuses podem obliterar.
Humanos
A Eneida tem doze capítulos - a metade do número de
capítulos da Odisseia.
- Anquises, pai de Eneias
- Ascânio, filho de Eneias e de Creusa.
- Creúsa (filha de Príamo), esposa de Eneias.
- Dido, rainha de Cartago.
- Evandro, ancião
- Eneias, troiano, sobrevivente à guerra de Troia
- Turno, rei latino, inimigo de Eneias em Itália
Deuses
- Apolo, deus do Sol
- Éolo, deus dos ventos
- Juno, mulher de Júpiter, opositor de Eneias
- Júpiter, o rei dos deuses
- Mercúrio, o deus mensageiro
- Neptuno , deus dos mares
- Vénus, deusa do amor e da beleza, coadjuvante de Eneias
Nota: É de bom
grado utilizar a terminologia
latina (romana) para falar da Eneida, já que se trata de um poema romano.
Tempo da diegese
O tempo da diegese, ou seja, dos
acontecimentos narrados, ocorre imediatamente após a queda da cidade de Troia, portanto a Eneida dá continuidade à Ilíada de Homero. Se a Odisseia narra as aventuras de um
grego, de Ulisses (ou Odisseus), que
tenta voltar para a sua casa e para a sua família, a Eneida narra as aventuras
de um troiano que, depois da destruição de Troia, foge com a sua família. A sua
fuga dá-se por mar. Eneias procura um sítio para fundar uma nova cidade.
Tempo do discurso
Quando o texto começa, a aventura de Eneias já se iniciou (a narrativa
começa in medias res, isto é, a meio da acção). O herói naufraga ao
largo de Cartago (atual Túnis,
Tunísia)) e vai ter com a rainha Dido. Conta-lhe
as suas viagens até ao momento em que se encontra. Esse é um processo de analepse (em inglês, flashback).
A partir do quarto capítulo, o tempo da diegese é contemporâneo ao da narração
do poema, ou seja os acontecimentos são narrados como se estivessem acontecendo
no presente.
Capítulos ou cantos
I - Eneias naufraga ao largo de Cartago
Depois de partir da Sicília, Eneias é arrastado por uma
tempestade que o faz naufragar. Eneias observa a cidade. Ele que vem de Troia que fora totalmente arrasada e que tem por missão
fundar uma nova cidade. É recebido por Dido, rainha de Cartago. Comove-se ao ver os
afrescos nas paredes que narram a guerra de Troia. Dido começa a apaixonar-se
por Eneias.
II- Eneias narra a Dido o último dia de Troia
Dido solicita a Eneias que lhe relate a queda da
lendária cidade de Troia. Ele conta o célebre episódio do Cavalo de Troia. E conta como se
deu a batalha durante a noite. Como o incêndio começou a devorar a cidade. No desespero
Eneias decide lutar até morrer. Vênus, sua mãe, aparece e lhe diz: "vai
procurar o teu pai, a tua mulher e teu filho e abandona a cidade". A
cidade é tomada pelos gregos. Eneias procura sua mulher, Creusa, gritando pelas
ruas à sua procura. Encontra o espectro dela. Com muita ternura o fantasma de
Creusa diz-lhe uma profecia: "que ele irá ter muitos infortúnios mas
acabará por conseguir fundar uma nova cidade". Eneias consegue fugir com o
seu pai às cavalitas e com o seu filho pela mão.
III- Eneias narra a Dido as suas viagens rumo à Itália
Eneias
continua a contar a Dido as suas peripécias para
chegar à península Itálica, até aportar em Cartago temporária e
acidentalmente. Conta a sua escala na Trácia e em Creta. A chegada a Épiro e à Sicília.
Conta também seu encontro com Andrômaca (viúva de Heitor) e como faleceu o seu pai Anquises.
IV- Os amores de Dido e seu fim trágico
A rainha Dido, segundo a
Eneida de Virgílio, após ouvir a narração
do fim de Troia e das viagens e peripécias
de Eneias, influenciada por Vênus,
deusa do amor e mãe de Eneias, vê-se completamente apaixonada pelo herói. Ela
convida os troianos (Eneias e seus companheiros) para uma caçada. No meio de
uma tempestade, abrigados em uma caverna, Dido e Eneias se amam. Entretanto
Júpiter envia Mercúrio
a Eneias para lhe lembrar que seu destino é encontrar o Lácio e fundar uma nova cidade
que substitua a cidade de Troia destruída e que governe as demais cidades do
mundo. Eneias tenta sair de Cartago sem que Dido se aperceba. Sentindo-se
abandonada, enganada e vilipendiada, furiosa e ensandecida pelo amor não
retribuído, ela se suicida enquanto partem os navios troianos e Eneias ainda
pôde ver a fumaça da pira funérea saindo de seu palácio.
V- Os jogos fúnebres
Eneias aporta à Sicília e decide realizar jogos fúnebres em honra de seu
pai Anquises. Já se passou um ano
desde que este morreu. (Este capítulo é importante para quem estuda a antropologia
dos romanos porque dá indicações de como eles se relacionavam com a morte.)
VI- Descida de Eneias ao Mundo dos Mortos
Este é um dos episódios mais famosos da Eneida.
Depois de Eneias ter partido da Sicília fez escala em Cumas. Nesse local consulta uma sacerdotisa (uma sibila - Antes o termo era
empregado como nome próprio e com o tempo passou a ser usado como comum para
todas aquelas que servissem a um deus) de Apolo. Ele tem um desejo intenso (em sonhos seu pai o havia conclamado
a fazê-lo) de falar uma última vez com seu pai para lhe pedir conselho sobre a
viagem. Obtém permissão de descer ao mundo dos mortos (este episódio faz
lembrar outras descidas famosas ao mundo dos mortos: o episódio de Orfeu e Eurídice, a nekya
de Odisseu, no canto XI da Odisseia. No mundo dos mortos vê vários espectros.
Um deles o de Dido que, ladeada por seu 1.º esposo, não lhe responde. O seu pai
Anquises dá-lhe importantes
informações sobre a sua viagem e faz uma longa profecia sobre o futuro glorioso
de Roma.
VII- Chegada ao Lácio
(Latium (Lácio), província romana onde
Roma se situará). Latino
(mit.), rei do Lácio, recebe Eneias e
oferece-lhe a mão de sua filha única, Lavínia, herdeira do trono. Turno (mit.), que estava apaixonado por ela, opõe-se.
VIII- Evandro. Descrição do escudo de Eneias
O canto VIII começa com o rio Tibre a falar com Eneias, que
lhe diz que deverá fazer aliança com Evandro e o seu povo. Eneias e os troianos
são recebidos por Evandro com um banquete de consagração a Hércules, Evandro conta a
história do monstro Caco. Evandro leva Eneias a uma visita guiada,
mostrando-lhe a cidade. Vénus suplica armas a Vulcano, seu marido. Vulcano
forja então o escudo de Eneias (remetendo-nos para o episódio do escudo de
Aquiles, da Ilíada de Homero). Um
relâmpago dá o sinal das armas de Eneias. Palante, filho de Evandro vai então
para a guerra com Eneias. Evandro suplica aos deuses que não permitam que o seu
filho morra. Vénus leva as armas a Eneias. É-nos dada a descrição do escudo de
Eneias, e o troiano aparece como vencedor da batalha de Áccio.
IX- Ataque ao acampamento troiano
Turno aproveita
a ausência de Eneias e assalta o seu acampamento. Episódio admirável de amizade
entre Euríalo e Niso. Turno entra na cidade pelo portão, e luta até ao rio
Tibre, para o qual é forçado a saltar ainda armado, e nada até ao seu
acampamento.
X- Façanhas e morte de Palante
Júpiter
convoca um concílio dos deuses. Aquando do retorno de Eneias, há uma batalha
sangrenta. Turno mata Palante.
XI- Funerais dos guerreiros. Façanhas de Camila
XII- Combate de Eneias e de Turno. Vitória de Eneias
Turno desafia
Eneias para um combate singular. Os termos são aceites, mas Juturna provoca um tumulto entre
os latinos, e Eneias é ferido. Vénus
o cura de forma milagrosa, e Turno é forçado a duelar; o poema conclui com a
morte deste.
Simbologias da Eneida
A Eneida simboliza o poder do Império Romano, sob o
comando de Augusto.
Dido simboliza o
poder de Cartago, rival de Roma, que seria
por esta destruída na 3.ª
Guerra Púnica. Dido também simboliza Cleópatra, rainha do Egipto, que
se tinha aliado a um general romano, Marco António, para resistir a
Roma. Marco António e Cleópatra foram derrotados na Batalha de
Áccio, ao largo do delta do Nilo e o Egito
transformado em província
romana. Dido simboliza assim a mulher misteriosa e sedutora do Oriente, que resiste ao poder romano
mas que por ele é submetida. Por metonímia simboliza todo o Médio Oriente e Norte de África,
que foram as últimas terras a serem conquistadas pelo Império Romano. Turno simboliza os antecedentes latinos da "raça"
romana, enquanto Eneias simboliza os antecedentes troianos (que são
ficcionais). Eneias é uma personagem que permite dar a Roma uma ascendência
mítica, juntando-se assim ao mito da fundação de Roma por Rómulo e Remo.
Repercussões literárias da Eneida
·
Dante Alighieri, no seu famoso
episódio da descida aos infernos, é levado pela mão de Virgílio para ver os mesmos.
·
Luís de Camões
inspira-se directamente neste grande épico romano para escrever os seus Os Lusíadas.
·
A CAPCOM inspira-se no autor para
criar a personagem Vergil do jogo, Devil May Cry. E posteriormente
em 2012 no jogo Resident
Evil Revelations pode-se encontrar várias referências ao livro, além
de citações diretas e ainda é possível ver um dos personagens a ler o livro.
Traduções
Em verso, há as seguites traduções da Eneida:
·
A Eneida de
P. Vergílio Marão traduzida do latim em verso solto português por Leonel da Costa Lusitano,
de 1638. Composta em decassílabos não rimados, não chegou a ser impressa
nem publicada. O manuscrito autógrafo está hoje na Biblioteca Nacional de
Portugal, mas pertenceu ao poeta árcade e tradutor de poesia grega e latina
Antônio Ribeiro dos Santos (o árcade "Elpino Duriense"). Os 1.ºs
versos desta tradução de Leonel da Costa:
As armas e o Varão insigne canto,
Que sendo fugitivo, pelo fado,
1.º das regiões da antiga Tróia
Chegou à Itália e praias de Lavino;
Ele nas terras foi mui perseguido
E por força dos Deuses no mar alto,
Por amor do furor lembrado sempre
Da fera Juno: também muitas cousas
Sofreu na guerra, até que edificasse
A Cidade e metesse em Lácio os Deuses,
Donde procede a geração Latina,
Donde os Padres Albanos e altos muros
Da famosa, soberba e altiva Roma.
Que sendo fugitivo, pelo fado,
1.º das regiões da antiga Tróia
Chegou à Itália e praias de Lavino;
Ele nas terras foi mui perseguido
E por força dos Deuses no mar alto,
Por amor do furor lembrado sempre
Da fera Juno: também muitas cousas
Sofreu na guerra, até que edificasse
A Cidade e metesse em Lácio os Deuses,
Donde procede a geração Latina,
Donde os Padres Albanos e altos muros
Da famosa, soberba e altiva Roma.
·
Eneida
portuguesa, de João
Franco Barreto, composta em oitava-rima, primeira a ser publicada:
os seis 1.ºs livros em 1664, os seis restantes em 1670 na Officina de Antonio
Vicente da Silva. Foi republicada em Lisboa em 1981 em coedição da Imprensa
Nacional e a Casa da Moeda, com introdução, notas, atualização e
estabelecimento do texto de Justino
Mendes de Almeida. Primeira oitava desta tradução, de influência
camoniana:
As armas e o varão canto, piedoso,
Que 1.º de Tróia desterrado
A Itália trouxe o Fado poderoso,
E às praias de Lavino veio armado;
Aquele que, no golfo tempestuoso
E nas terras, foi muito contrastado,
Por violência dos Deuses e excessiva
Lembrada ira de Juno vingativa.
Que 1.º de Tróia desterrado
A Itália trouxe o Fado poderoso,
E às praias de Lavino veio armado;
Aquele que, no golfo tempestuoso
E nas terras, foi muito contrastado,
Por violência dos Deuses e excessiva
Lembrada ira de Juno vingativa.
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Eneida de
Publio Virgílio Maram traduzida e ilustrada por Cândido
Lusitano (alcunha árcade de Francisco José Freire). Composta
entre 1769 e 1770 em decassílabos não rimados, permanece inédita e pode ser
consultada na Academia das Ciências de Lisboa.
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Eneidas de
Virgílio em verso livre, de Luís
Ferraz de Novais, publicadas em Lisboa em 1790 pela Officina de Fellipe José de
França e Liz ("Eneidas" referem-se a "livros da Eneida",
e "verso livre" significa "verso sem rima", não "verso
sem metro").
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De António José
de Lima Leitão, que integra os dois volumes finais do Monumento à elevação
da Colônia do Brazil a Reino e o estabelecimento do Tríplice Império Luso.
As obras de Publio Virgílio Maro, em três volumes impressos e publicados no
Rio de Janeiro pela Typographia Real em 1818. Composta em decassílabos não
rimados, é a primeira impressa no Brasil.
·
Eneida, traduzida por José Victorino Barreto Feio (os oito 1.ºs
livros) e José
Maria da Costa e Silva, que completou o livro IX aproveitando todos
os fragmentos do espólio de Barreto Feio, acrescentando o que faltava, e
traduziu os demais (X, XI e XII). Composta em decassílabos não rimados, foi
impressa entre 1845 e 1857, pela Imprensa Nacional de Lisboa (livros I a VIII)
e pela Tipografia do Panorama (livros IX a XII). organizada por Paulo Sérgio de
Vasconcellos, foi republicada no Brasil em 2004, pela editora Martins Fontes,
de São Paulo.
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Eneida
brasileira, de Manuel
Odorico Mendes, em decassílabos não rimados, cuja primeira edição é
de 1854. É a primeira tradução feita por um brasileiro. Uma segunda edição, com
alterações feitas pelo tradutor, foi publica em 1858 (integrando o Virgílio
brasileiro: tradução completa dos três grandes poemas de Virgílio). As duas
versões foram republicadas no Brasil: a de 1854, com estabelecimento do texto
de Luiz Alberto Machado Cabral, pela Editora da Unicamp e Ateliê Editorial em
2005; e a de 1858, com organização de Paulo Sérgio de Vasconcellos, pela
Editora da Unicamp em 2008, em edição bilíngue. Eis os versos iniciais (da
primeira edição):
"Eu, que entoava na delgada avena
Rudes canções, e egresso das florestas,
Fiz que as vizinhas lavras contentassem
A avidez do colono, empresa grata
aos aldeãos, de Marte ora as horríveis
armas canto, e o varão que, lá de Troia
Prófugo, à Itália e de Lavino às praias
Trouxe-o 1.º o fado. Em mar e em terra
Muito o agitou violenta mão suprema,
E o lembrado rancor da seva Juno;
Muito em guerras sofreu, na Ausônia quando
Funda a cidade e lhe introduz os deuses:
Donde a nação latina e albanos padres,
e os muros vêm da sublimada Roma."
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Eneida, vertida pelo médico português João Félix Pereira,
em decassílabos não rimados. Publicada em 1879 pela Typographia da Bibliotheca
Universal, de Lisboa.
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Eneida de
Vergilio lida hoje, do português
Coelho de Carvalho, impressa pela Livraria Ferreira Editora, de Lisboa, em
1908. Tradução em decassílabos, em oitava-rima
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Eneida, de Carlos
Alberto Nunes, lançada em 1981 por ocasião do bimilenário da morte
de Virgílio, por A Montanha Edições. Foi republicada em 2014, em edição
bilíngue, com organização, apresentação e notas de João Angelo Oliva Neto, pela
Editora 34, de São Paulo. É a primeira – e única – tradução em português feita
em hexâmetros, resultando num verso de dezesseis sílabas poéticas, cujo ritmo é
a sequência de seis grupos ("pés") de sílabas, sendo cada um composto
por uma sílaba tônica seguida de duas átonas (o sexto grupo, em geral, com uma
tônica e apenas uma átona), no seguinte esquema: ó o o | ó o o | ó o o | ó o o
| ó o o | ó o (o). Há, ainda, a ocorrência de cesura (isto é, uma pequena pausa
no interior do verso), que pode ser uma (no meio no do verso), ou duas
(dividindo o verso em três partes). Eis os versos iniciais:
"[Eu sou aquele que outrora
|| canções modulei ao compasso
da doce avena e, || saindo das selvas, || os campos vizinhos
a obedecer obriguei || à avidez do colono remisso,
nas gratas fainas da terra: o||ra os feitos horrendos de Marte]
As armas canto e o varão || que, fugindo das plagas de Troia
por injunções do Destino, ins||talou-se na Itália 1.º
e de Lavínio nas praias. || A impulso dos deuses por muito
tempo nos mares e em terras || vagou sob as iras de Juno,
guerras sem fim sustentou || para as bases lançar da cidade
e ao Lácio os deuses trazer || - o começo da gente latina,
dos pais albanos primevos || e os muros de Roma
altanados."
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do português Agostinho
da Silva. Integra as Obras de Virgílio, que incluem Bucólicas
e Geórgicas, todas em decassílabos não rimados. A edição é de 1993,
publicada pelo Círculo de Leitores, em Lisboa. Eis os versos iniciais:
"Sou eu aquele que em passado tempo
meu canto confiei à frágil frauta
e levei a que campos meus vizinhos
ao desejo do dono obedecessem,
que bom trato agradasse ao camponês.
Sou eu agora quem celebra em canto,
nos horrores das armas de Marvote,
o varão que 1.º veio de Troia
à nossa Itália, às praias de Lavínia,
em fuga obedecendo a seu destino,
bem batido por mares e por terras,
pela divina força dos de cima
e por ira tenaz da crua Juno,
tanto sofrendo em guerra até fundar
a cidade que é sua, até trazer
ao Lácio os deuses, e, daí provinda,
a raça dos Latinos, avós de Alba, depois muralhas da famosa
Roma."
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Em prosa,
publicaram-se as traduções de Tassilo Orpheu Spalding, Jaime Bruna e David
Jardim Jr.
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Em 2003 foi
publicada em Lisboa uma tradução em prosa, pela editora Bertrand, feita por
professores da Faculdade de Letras de Lisboa e coordenada pelo Professor Luís
Manuel Gaspar Cerqueira, que é a versão utilizada em todas as universidades
portuguesas, contando já com quatro edições em 2011.
Referências
1.
GLEESON-WHITE, Jane (2009). 50 Clássicos. que não podem
faltar na sua biblioteca. 1 1 ed. Campinas: Verus. 276 páginas. ISBN 978-85-7686-061-7
Bibliografia
·
BARRETO,
João Franco. Eneida Portuguesa. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da
Moeda, 1981.
·
VIRGÍLIO.
A Eneida. Trad. por João Felix Pereira. Lisboa : Typ. Bibliotheca
Universal, 1879.
·
VIRGÍLIO.
Eneida Brazileira. Trad. Odorico mendes. Paris: Typ. de Rignoux, 1854.
·
VIRGÍLIO.
Eneida. Trad. Carlos Aberto Nunes. Brasília: UnB, 1975;
·
VIRGÍLIO.
Eneida. Trad. José Victorino Barreto Feio e José
Maria da Costa e Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2004
·
VERGÌLIO,
Eneida. Trad. Luis Cerqueira, Ana Alexandra Alves de Sousa, Cristina Abranches
Guerreiro. Lisboa, Bertrand Editora, 2011.
Bibliografia crítica
- GRIZOSTE, Weberson Fernandes, A dimensão anti-épica de Virgílio e o Indianismo de Gonçalves Dias,Coimbra, CECH,2011.
Ligações externas
- eBook "Eneida" - Virgílio (Publio Virgílio Maronis) (em português)
- Link "Aeneid" - Virgílio (Publio Virgílio Maronis) (em latim)
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