ÉSQUILO (525 - 456 a.C)
Ésquilo (Gr.: Αἰσχύλος, transl. Aiskhýlos;
Elêusis,
c. 525/524 a.C. - Gela
(Sicília), 456/455 a.C.) , dramaturgo da Grécia Antiga, reconhecido
frequentemente como o pai da tragédia,[1][2]
e é o mais antigo dos 3 trágicos gregos cujas peças
ainda existem (junto a Sófocles e Eurípedes). De acordo com Aristóteles, Ésquilo aumentou o número de personagens
usados nas peças para permitir conflitos entre eles; anteriormente, os
personagens interagiam apenas com o coro. Apenas 7 de um total estimado de 70 a 90 peças feitas pelo
autor sobreviveram à modernidade; uma destas, Prometeu
Acorrentado, é tida hoje em dia como sendo de autoria de um autor
posterior.
·
Elêusis - cidade da Grécia Antiga a 30 km ao noroeste de Atenas.
Nome tem origem no fabuloso herói Elêusis, que era considerado filho de Hermes (ou Mercúrio) e Daíra, filha de Oceano.
Conhecida pelos Mistérios de Elêusis, que eram ritos de iniciação ao
culto das deusas agrícolas Deméter e Perséfone.
Possui um serra bem conhecida pelo mito do gigante Procusto
(vendedor de camas, usava seus clientes para esticá-los até servir) e foi
abatido pelo herói grego Teseu.
Pelo menos uma das obras de Ésquilo foi
influenciada pela invasão persa da Grécia, ocorrida durante sua vida. Sua peça Os Persas continua sendo uma grande fonte de
informação sobre este período da história grega. A guerra teve tamanha
importância para os gregos e para o próprio Ésquilo que, na ocasião de sua
morte, por volta de 456 a.C.,
seu epitáfio celebrava sua participação na vitória grega em Maratona, e não seu sucesso como dramaturgo.
Sobre sua morte, reza a lenda que, ao visitar Gela, na ilha de Sicília, um Abutre-barbudo, também
conhecido por quebra-ossos, confundindo sua careca com um ovo, deixou
cair um osso em sua cabeça matando-o (o Abutre-barbudo é conhecido por jogar
ossos em cima de ovos para quebrá-los).[3]
Biografia
Não existem fontes confiáveis para a vida de
Ésquilo. Diz-se que nasceu por volta de 525 a.C. em Elêusis,
pequena cidade a cerca de 27 km
a noroeste de Atenas, aninhada nos férteis vales da Ática ocidental,[4]
embora a data tenha sido obtida provavelmente com base na contagem de 40 anos
antes de sua primeira vitória da Grande Dionísia. Sua família era rica e tinha boa
posição social; seu pai, Eufórion, era membro dos eupátridas,
a antiga nobreza da Ática.[5]
Ainda jovem, Ésquilo trabalhou num vinhedo até que, de acordo com o geógrafo Pausânias, que escreveu no séc. 2 d.C., o deus Dioniso o teria visitado em seu sono e ordenado que
voltasse sua atenção para a arte então nascente da tragédia.[5]
Assim que acordou do sonho, o jovem Ésquilo teria começado a escrever uma
tragédia, cuja primeira performance deu-se em 499 a.C., quando tinha apenas
26 anos de idade.[4][5]
Eventualmente obteria sua primeira vitória na Dionísia
da Cidade em 484 a.C.[5][6]
·
Festas Dionisíacas - celebrações cívico-religiosas, com concursos
teatrais, competições e sociabilização, o êxtase e do vinho, uma bebida na qual
se acreditava dar inspiração aos homens para a poesia e a música e aliviar suas
tensões cotidianas dentro da polis. Em Atenas, eram celebradas 5 festas em
honra a Dioniso: Lenéias (Gamélion, jan.-fev.), uma antiga festividade
dos gregos da Jônia,
ocorriam um sacrifício, uma procissão
e um concurso teatral / Antestérias (Anthesterión, fev.-mar.), demarcavam o início da primavera
e seu nome provavelmente está relacionado ao florescimento (anthos) / Grandes
Dionísias ou Dionísias Urbanas (Elaphebolión, março-abril), de maior
prestígio no contexto das festas dionisíacas / Oscofórias (Pyanopsion (2.ª quinzena
de outubro), festival da colheita das uvas, havia uma corrida de rapazes
carregando ramos de parreira / Dionísias Rurais (Posídeon, daz-jan), realizadas provavelmente em 140 demos da Ática.
Acredita-se que essa festa teve início como um cortejo fálico em direção a um
culto que antecederia um sacrifício.
As Guerras Persas
tiveram um papel fundamental na vida e na carreira do dramaturgo. Em 490 a.C. Ésquilo e seu irmão,
Cinegiro, lutaram defendendo Atenas do exército persa
de Dario I, na Batalha
de Maratona.[4]
Os atenienses, embora em número inferior, conseguiram cercar e dizimar as
forças persas; esta derrota crucial pôs um fim à primeira invasão persa da
Grécia, e foi celebrada por todas as cidades-Estado gregas.[4]
Embora Atenas tenha saído vitoriosa, Cinegiro morreu durante o combate.[4]
Em 480 a.C.
Ésquilo foi convocado novamente para o serviço militar, desta vez para combater
as forças de Xerxes I, na Batalha de Salamina e, possivelmente, na Batalha de Plateia, em 479.[4]
Salamina ocupa um lugar de destaque na peça Os
Persas, obra mais antiga do autor a ter sobrevivido aos dias de
hoje, executada pela primeira vez publicamente em 472 a.C., e que venceu o
primeiro prêmio na Dionísia.[7]
Ésquilo foi um dos muitos gregos que haviam sido
iniciados nos Mistérios de Elêusis, um culto devotado à
deusa Deméter com sede em sua terra natal de
Elêusis.[8]
Como indica o nome, os membros deste culto supostamente obtinham algum tipo de
conhecimento místico secreto. Relatos consistentes dos ritos específicos
praticados nos Mistérios são escassos, já que os membros juravam, sob pena de
morte, não revelar nada sobre eles aos não-iniciados. Ainda assim, de acordo
com Aristóteles, muitos achavam que Ésquilo
teria revelado alguns dos segredos do culto no palco.[9]
De acordo com outras fontes, uma turba enfurecida teria tentado matá-lo por
este motivo, porém ele teria logrado fugir. Ao ser julgado pelo fato, Ésquilo
alegou ignorância, e só teve sua vida poupada por seu corajoso serviço nas
Guerras Persas.
·
Mistérios de Elêusis - ritos de iniciação ao culto das deusas agrícolas
Deméter e Perséfone, na cidade de Elêusis. No Templo de Deméter (feito para conter a sua
fúria contra os homens e deuses devido o rapto de sua filha Perséfone por
Hades, consentido por Zeus seu pai.), ou Telesterion, estudiosos têm descoberto
esculturas e pinturas em vasos desses ritos. Os mistérios celebravam o regresso
de Perséfone, como o regresso das plantas e da vida à terra, depois do inverno
(uma espécie de morte e ressurreição, o simbólico grão de trigo que deve morrer
e ser sepultado na da terra, para que possa renascer como planta) e as sementes
que ela trazia significavam o renascimento de toda a vida vegetal na primavera.
Ésquilo viajou à Sicília uma ou duas vezes
durante a década de 470 a.C.,
a convite de Hierão
[10], tirano
de Siracusa,
uma das principais colônias gregas no lado oriental da ilha; durante uma destas
viagens escreveu As Mulheres de Etna, em
homenagem à cidade fundada pelo tirano, e reencenou Os
Persas.[4]
Em 473 a.C.,
após a morte de Frínico, um de seus principais
rivais, Ésquilo passou a ser o favorito anual na Dionísia, conquistando o
primeiro lugar em quase todas as edições da competição.[4]
Em 458 a.C.
retornou à Sicília pela última vez, visitando a cidade de Gela, onde veio a
morrer em 456 ou 455. Alega-se que teria sido morto por uma tartaruga,
derrubada das alturas sobre sua cabeça por uma águia, porém a
história é provavelmente apócrifa.[11]
A obra de Ésquilo era tão respeitada pelos atenienses que, após sua morte, suas
tragédias passaram a ser as únicas a poderem ser reencenadas nas edições
seguintes das competições teatrais da cidade.[4]
Seus filhos, Eufórion e Evéon, e seu sobrinho, Filócles, seguiram seus passos e
também se tornaram dramaturgos.[4]
· Hierão I (governou de 478 a 467 a.C) - tirano
das colónia
gregas de Gela e Siracusa. Em sua corte passaram poetas
e filósofos como Ésquilo, Simónides e . Hierão participou nos
Jogos Olímpicos e nos Jogos Píticos como patrocinador das corridas de cavalos,
tendo as suas vitórias sido celebradas pelos poetas Píndaro (I Ode Olímpica e I Ode Pítica) e Baquílides. Não confundir com Hierão
II (306 – 215 a.C)
tirano posterior em siracusa, em cujo reinado viveu o sábio grego Arquimedes.
A inscrição na lápide de Ésquilo não fazia
qualquer menção à sua fama teatral, homenageando apenas suas glórias militares:
“Sob esta pedra jaz Ésquilo, filho de Eufórion, o
Ateniense,
que pereceu
nas terras ricas em trigo de Gela;
da sua nobre bravura o bosque de Maratona
pode falar,
assim como o persa de longos cabelos, que
a conhece bem.”
Obra
A arte grega do drama teve suas raízes nos festivais
religiosos dedicados aos deuses da mitologia grega, especialmente Dioniso, deus do
vinho.[6]
Durante a época em que Ésquilo viveu competições dramáticas passaram a ser uma
parte integrante da Dionísia da Cidade,
realizada durante a primavera.[6]
O festival se iniciava com uma procissão de abertura, à qual se seguia uma
competição de rapazes cantando ditirambos, e culminava com duas competições dramáticas.[13]
A 1.ª competição da qual Ésquilo teria participado reuniu 3 autores que
apresentaram 3 tragédias cada um, seguidas por uma pequena peça satírica.[13]
Seguia-se uma segunda competição de cinco dramaturgos cômicos, e os vencedores
de ambas as competições eram escolhidos por um corpo de jurados.[13]
Ésquilo participou de muitas destas competições
ao longo de sua vida, e diversas das fontes antigas atribuem entre 70 e 90
peças a ele.[1][14]
Apenas 7 de suas tragédias sobreviveram intactas até os dias de hoje: Os Persas,
Sete contra Tebas, As
Suplicantes, a trilogia conhecida como A
Oresteia, que consiste das três tragédias Agamenon, As
Coéforas e As Eumênides, além de Prometeu Acorrentado, cuja autoria é
questionada. Com a exceção desta última, cujo sucesso é incerto, sabe-se com
segurança que todas estas venceram a primeira colocação na Dionísia da Cidade.
A Vida de Ésquilo alexandrina indica que o dramaturgo teria vencido por
13 vezes o torneio.
Uma
característica marcante da dramaturgia esquiliana parece ter sido sua tendência
de escrever trilogias interligadas, onde cada peça serve como um capítulo de
uma narrativa dramática contínua.[15]
A Oresteia é o único exemplo ainda existente deste tipo de trilogia do
autor, porém existem diversas evidências que eram frequentes no catálogo de Ésquilo.
As peças cômicas satíricas que se seguiam às suas trilogias dramáticas
frequentemente abordavam um tópico mítico relacionado. A peça satírica Proteu, por
exemplo, encenada juntamente com a Oresteia, abordava a história do período em que Menelau esteve
no Egito, durante
sua viagem de volta para casa após a Guerra
de Troia. Com base nas evidências fornecidas por um catálogo de títulos de
peças de Ésquilo, scholia e fragmentos de peças citados por autores
posteriores, acredita-se que 3 outras das peças existentes de Ésquilo tenham
feito parte de trilogias: Sete contra Tebas
seria a peça final de uma trilogia sobre Édipo, e As Suplicantes e Prometeu
Acorrentado seriam as primeiras partes de diferentes trios. Diversas
destas trilogias abordaram mitos relacionados à Guerra de Troia; uma delas,
conhecida coletivamente como a Aquileida, que reunia as obras Mirmidões, Nereidas e Frígios (ou O
Resgate de Heitor), narrava a morte de Heitor nas mãos de
Aquiles e a
subsequente troca do cadáver do heroi mediante pagamento de resgate; outra
trilogia aparentemente narrava a entrada do aliado troiano Mêmnon na
guerra, e de sua morte por obra de Aquiles (Mêmnon e A Pesagem das
Almas seriam dois componentes da trilogia); A
Premiação das Armas, As Frígias
e As Salaminas sugerem uma trilogia sobre
a loucura e o subsequente suicídio do heroi Ájax.
Ésquilo também parece ter abordado o retorno de Odisseu a Ítaca depois da
guerra (incluindo o assassinato dos pretendentes de sua esposa, Penélope,
e as consequências do ato) com uma trilogia, composta por Os Evocadores de Almas, Penélope
e Os Coletores de Ossos. Outras trilogias
sugeridas pelos estudiosos teriam abordado o mito de Jasão e os Argonautas (Argos, Lêmnias, Hipsípile),
a vida de Perseu
(Os Pescadores, Polidetes,
Fórcides), o nascimento e os feitos de Dioniso (Sêmele, Bacantes, Penteu)
e o cenário posterior à guerra mostrada em Sete
contra Tebas (Eleusinas, Argivas,
Filhos dos Sete).[16]
A
peça mais antiga do autor a ter sobrevivido até os dias de hoje é Os Persas
(Persai), encenada pela 1.ª vez em 472 a.C., e baseada nas experiências do próprio
Ésquilo no exército, mais especificamente na Batalha de
Salamina.[17]
É única entre as tragédias gregas por tratar de um evento histórico recente, no
lugar de um mito heróico ou divino.[1]
Os Persas aborda o tema, popular entre os gregos, da húbris,
ao colocar a culpa da derrota persa no orgulho sobrepujante de seu rei.[17]
A obra se inicia com a chegada de um mensageiro em Susa, capital do Império Aquemênida, trazendo a Atossa, mãe do rei persa Xerxes I, notícias da derrota catastrófica dos persas em Salamina. Atossa
visita então a sepultura do antigo imperador Dario I, seu marido, cujo fantasma lhe
aparece, explicando os motivos da derrota — resultado, segundo ele, da húbris de Xerxes ao construir uma ponte sobre o Helesponto,
atitude que enfureceu os deuses. Xerxes aparece apenas no fim da peça, sem
perceber as causas de sua derrota, e a peça se encerra em meio aos lamentos do
rei e do coro.
Prometeu
Acorrentado, é uma tragédia grega que fazia parte da trilogia composta pelas
tragédias Prometeu acorrentado, Prometeu libertado e Prometeu portador do fogo,
e foi a única que destas permaneceu. É um mito grego bastante representativo na
leitura do passado e do presente histórico. Seu grande significado está
relacionado com a condição humana e a criação da cultura.
Apesar
de ser tradicionalmente atribuída a Ésquilo,
a autoria dessa tragédia é alvo de controvérsia: por um lado defende-se que
seja dele (neste caso, seria datada entre 452 e 459 a.C. aproximadamente),
por outro, que seja de outro tragediógrafo anônimo (tendo sido composta numa
data posterior, entre 450 e 425
a.C.)
Zeus, o maior dos deuses,
decide acorrentar um ex-aliado: Prometeu, acusado de muitos crimes, um deles
fora roubar dos deuses e dar ao homem o fogo. Porém, Prometeu guarda um grande
segredo que bravata o poder de Zeus. Como insiste em não revelar, é condenado a
um castigo muito mais bárbaro.
Sete contra
Tebas (Hepta epi Thebas), encenada em 467 a.C., aborda um tema
contrastante, o do destino e a interferência dos deuses nos assuntos humanos.[17]
Também marca a primeira aparição numa obra de Ésquilo de um tema que seria
constante em suas peças, o da pólis como desenvolvimento vital da civilização humana.[19]
A obra conta a história de Etéocles
e Polinices, filhos do desgraçado rei de Tebas, Édipo.
Ambos os filhos concordam em se alternar no trono da cidade, porém depois do
primeiro ano Etéocles se recusa a ceder o lugar para o irmão, que declara
guerra para conquistar a coroa. Os irmãos acabam por se matar durante um
combate, e o fim original da peça consistia de lamentos pelos 2 mortos; um novo
final foi acrescentado à peça 50 anos depois, no qual Antígona
e Ismena, ainda em luto pela morte dos irmãos,
recebem um messageiro que anuncia um edito proibindo o enterro de Polinices;
Antígona declara então sua intenção de desafiar este edito.[20]
A peça era a 3.ª de uma trilogia relacionada a Édipo; as 2 primeiras eram Laio e Édipo, e provavelmente abordavam aqueles elementos do mito edípico
notórios pela maneira com que foram descritos na obra Édipo Rei,
de Sófocles.
A peça satírica que concluía a trilogia era A Esfinge.
Ésquilo
continuou com a mesma ênfase na pólis em As Suplicantes (Hiketides), de 463 a.C., que presta uma
homenagem às correntes democráticas que se afiguravam em Atenas
antes da fundação do governo democrático, em 461. Na peça as danaides,
50 filhas de Dânao,
fundador de Argos, fogem de casamentos
forçados com seus primos no Egito; apelam ao rei Pelasgo,
de Argos, por proteção, porém Pelasgo se recusa até que o povo de Argos se
pronuncie sobre a decisão - uma atitude distintamente democrática do monarca. O
povo decide que as danaides merecem a proteção,
e recebem a permissão de se refugiar dentro das muralhas de Argos, apesar dos
protestos egípcios.[22]
A publicação em 1952
do Papiro 2256 fr. 3, encontrado nos Papiros
de Oxirrinco, confirmou a existência da trilogia danaide, cuja existência já
era há muito tida como certa devido ao final em suspense das Suplicantes;
as outras 2 peças que formam esta trilogia seriam Os
Egítiadas e As Danaides. De acordo com
uma reconstrução plausível dos últimos 2/3 da trilogia,[23]
em Egítiadas a guerra entre Argos e o Egito, antecipada na 1.ª peça, já teve
seu fim; o rei Pelasgo foi morto, e Dânao, novo governante de Argos, negocia um
acordo de paz com Egito, com a condição de
que suas 50 filhas casem-se com os 50 filhos do rei. Dânao, secretamente,
informa a suas filhas sobre a previsão de um oráculo
de que ele seria morto por um de seus genros, e ordena às danaides que
assassinem os egitíadas durante a noite de núpcias, ao que as filhas concordam.
As Danaides se inicia no dia após o casamento, quando se revela que 49 das
filhas mataram seus maridos, como haviam combinado com o pai; Hipermnestra, no entanto, amava seu esposo, Linceu, e poupou sua vida, ajudando-o na sua fuga.
Furioso pela desobediência da filha, Dânao ordena que seja presa e executada.
No clímax e desenlace da trilogia, Linceu aborda Dânao e o mata, cumprindo
assim a profecia do oráculo, e funda uma dinastia
em Argos ao lado de Hipermnestra; as outras irmãs são absolvidas de seu
hediondo crime, e casam-se com argivos. A peça satírica que se seguiu à
trilogia chamava-se Amimone, nome de uma das
danaides.
·
ORESTIA
A
Oresteia (em grego: oρέστεια, transl. Orésteia), também conhecida como Oréstia,
Orestíada ou A Trilogia de Orestes, é uma trilogia de peças
teatrais de autoria do dramaturgo
grego
Ésquilo.
É composta pelas tragédias Agamemnon, Coéforas
e Euménides. Trata da maldição da tragédia sobre
a família de Atreu
após o retorno da guerra de Troia. [1]
É a única trilogia
que sobreviveu até aos nossos dias. Foi representada pela primeira vez em 458 a.C. nas Festas dionisíacas de Atenas,
em que ganhou o 1.º prêmio.
O tema da
Oresteia é a maldição que recai sobre os filhos de Atreu. Instigado por sua
mãe, Hipodâmia,
que tinha medo que os filhos perdessem o trono para seu enteado, Atreu e seu irmão Tiestes
assassinam o seu meio-irmão, Crisipo.
Banidos pelo
pai, Pélope,
os irmãos se refugiam em Micenas, onde são acolhidos pelo rei Euristeu,
que ao morrer em batalha deixa o trono para que disputem os irmãos. Ao perder a
disputa pelo trono, Tiestes é banido de Micenas por seu irmão Atreu. Atreu, ao
descobrir que sua esposa Aerópe era amante de seu irmão, o convida para um banquete em
que serve os membros de seus próprios filhos. Tiestes horrorizado amaldiçoou
Atreu e seus filhos.
Por este crime,
terrível aos olhos dos deuses e dos homens, toda a sua descendência será
punida, sucedendo-se os crimes e as tragédias no seio dos Átridas.
No entanto, após
o ciclo da justiça sangrenta nas duas primeiras peças — com os Átridas fazendo
jorrar o sangue dos Átridas —, segue-se a justiça conciliadora de Palas Atena, que, na
tragédia Eumênides, julga o crime de Orestes
de forma conciliadora, apaziguando as Erínias
e terminando o ciclo de morte e vingança. Alguns autores procuraram ver aqui um
traço do patriotismo de Ésquilo, ao procurar afirmar a justiça ateniense,
provinda de Atena, a sábia filha de Zeus, associando-a ao papel de Atenas
como principal cidade do mundo grego. A primeira e segunda parte da peça, que
narram os crimes de vingança, se passam em Argos, enquanto a terceira parte,
que trata do julgamento dos crimes cometidos, se passa em Atenas, fazendo
referência não só ao patriotismo, mas ao mundo civilizado.
Personagens da peça: um Vigia, Coro dos
Anciãos argivos (de Argos),
Clitemnestra (esposa de Agamenon), um Arauto, Agamenon (rei de Argos),
Cassandra (filha de Príamo, e escrava da Agamenon), Egisto (filho de Tiestes,
primo de Agamenon) e Servos, Assistentes e Soldados.
É uma tragédia grega,
de autoria de Ésquilo. Faz parte da trilogia Oresteia,
que inclui também as tragédias Eumênides e Coéforas.
Esta trilogia, que era seguida pelo drama satírico Proteu
(perdido), foi representada pela primeira vez em 458 a.C. nas Festas Dionisíacas de Atenas,
em que ganhou o primeiro prêmio.
A cena inicial se dá no palácio dos Átridas, em Argos, onde um vigia aguarda o sinal que anunciará o
fim da Guerra de Troia. Depois de dez anos, Agamenon volta
vitorioso, trazendo ricos despojos, a grande motivação da campanha. Clitemnestra
prepara recepção calorosa para seu marido, mas como já havia planejado com seu
amante Egisto,
mata Agamemnon e a vidente Cassandra, vinda de Tróia, vingando a filha Ifigênia,
sacrificada pela vitória na guerra.
Personagens da peça: Orestes
- filho de Agamemnon e Clitemnestra; Electra
- filha de Agamemnon e Clitemnestra, irmã de Orestes; Coro - composto de escravas; Clitemnestra
- viúva de Agamemnon, amante de Egisto;
Egisto
- amante de Clitemnestra; Pílades
- amigo de Orestes; Escravo; Ama
Trata da
vingança de Orestes,
filho de Agamemnon
e Clitemnestra,
que vinga a morte de seu pai assassinando sua mãe e também seu amante Egisto.
Orestes recebe o apoio de sua irmã Electra e de do deus Apolo.
As Coéforas
continua com a história, abrindo com o relato de Clitenestra de um pesadelo no
qual ela dava à luz uma serpente. A rainha ordena então a Electra,
sua filha, que faça libações no túmulo de Agamenon (com o auxílio das coéforas do título), na esperança de
expiar sua culpa. Diante da sepultura, Electra se encontra com Orestes, que
acabou de retornar do seu exílio preventivo na Fócida,
e juntos planejam vingar-se de Clitenestra e seu amante, Egisto.
Ao retornar para o palácio, Electra alega trazer notícias da morte de Orestes;
quando Clitenestra chama Egisto para ouvir a notícia, Orestes mata os dois e
imediatamente é atacado pelas Eumênides
(as Fúrias
da mitologia latina), responsáveis por vingar atos
de parricídio e matricídio na mitologia
grega.[19]
A peça final é o
julgamento de Orestes,
que dá fim a sucessão de vingança familiar e da maldição lançada sobre os
filhos de Atreu. Passa-se em
Atenas. O julgamento termina em um empate o que favorece a
inocência de Orestes.
A peça final da
Oresteia aborda a questão do sentimento de culpa de Orestes.[19]
As Fúrias perseguem Orestes, expulsando-o de Argos e obrigando-o a se refugiar
no campo. Visita então um templo do deus Apolo, a quem roga por
ajuda para espantar as Eumênides; Apolo havia encorajado Orestes a matar
Clitenestra, e portanto partilhava um pouco da culpa deste ato. As Fúrias, no
entanto, pertencem a uma raça mais antiga de deuses, os Titãs,
e Apolo não pode exercer qualquer efeito sobre elas; envia então Orestes ao
templo de Atena,
com Hermes
como guia. As Fúrias, no entanto, o encontram, e estão prestes a matá-lo quando
Atena, padroeira da cidade de Atenas, surge e declara que um julgamento
será necessário para determinar a culpa de Orestes. Apolo apresenta o seu caso
e, quando o júri atinge um impasse (voto de Minerva), Atena toma uma decisão
contrária às Fúrias, passando a denominá-las Eumênides ("Bondosas"),
e declarando que no futuro todos os julgamentos em situação semelhante deveriam
terminar com a absolvição do réu, já que a misericórdia deve sempre preceder a
dureza. As Eumênides exalta especificamente a importância da razão
no desenvolvimento das leis
e, como As Coéforas, louva os ideais de
uma Atenas democrática.[22]
Ver
também
Referências
11.
Ver (por ex.) Lefkowitz 1981, 67ff. Cf. Sommerstein
2002, 33, que ignoram inteiramente esta história ao dar um resumo biográfico do
poeta.
16. Sommerstein 2002, 34.
18. Vellacott: 7–19
20.
Ésquilo. Prometeu Acorrentado, As Suplicantes,
Sete contra Tebas, Os Persas. Introdução de Philip Vellacott,
pp.7-19. Penguin Classics.
21. Sommerstein 2002, 23.
23.
Ver, por exemplo, Turner 2001, 36-39; Sommerstein 1996,
141-51.
24. Sommerstein 2002, 89.
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Ligações externas
·
Obras de Ésquilo no Project
Gutenberg USA
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